sexta-feira, 24 de abril de 2009

A queda para o fora de jogo

É um fastio ter de falar do PS-Madeira. Porém, o equilíbrio exige que o faça. A agenda mediática também. E o patético desfile de uns quantos arrivistas tolos é suficientemente luzidio para atrair atenções. Mas o tédio, meus senhores, é mais que muito. Sabem. Aquilo não é um partido. É antes um grupo de aventureiros. Não é uma formação política. É sim um bando de umbigos à solta.
O líder, já se viu, é a personificação da indigência política. Nada diz que se retenha. E tem um sentido de oportunidade que até dá arrepios. A última vez que o vi perorar perante as câmaras de televisão, o cavalheiro falava de eleições. Como vão disputar-se três nos próximos seis meses, dei por mim, quase incrédulo, a segredar aos meus botões: querem ver que o homem acertou finalmente na agenda?!
Um esclarecimento antes de prosseguir com o relato. As minhas dúvidas sobre o sentido das prioridades do dr. Gouveia não resultam de qualquer má vontade da minha parte. Assentam nos factos. O indivíduo é useiro e vezeiro em trocar debates parlamentares de orçamentos, contas e programas de governo por querelas paroquiais na assembleia municipal onde também se senta. Lidera o maior partido da oposição, mas já confessou a ambição de ser um dia presidente da câmara de São Vicente. Queima bandeiras da flama quando escassíssimas pessoas na faixa dos trinta ou quarenta anos sabem sequer o que isso é. E dispara para dentro do partido, ao arrepio do calendário eleitoral, e com todo estrondo que pode, apesar do adversário estar obviamente lá fora.
Fim de esclarecimento. Adiante com o relato.
Recapitulo, pois. Estaria o cavalheiro finalmente a compasso com a agenda? Os meus botões quedaram-se mudos. Até porque a resposta à minha exclamada interrogação foi dada de imediato pelo próprio dr. Gouveia. As eleições que interessam ao PS não são as próximas. São, isso sim, as que vão disputar-se em 2011. Nessa altura, gaguejou, o PS há-de estar em condições de retirar o poder ao PSD.
A sentença, como imaginam, nem merece comentários. Estou convencido, aliás, de que o dito dr. Gouveia falou das eleições de 2011 como poderia ter falado das de 2015 ou de 2019 (isto, claro, se sua eternidade, o dr. Jardim, não voltar a fazer a maldade de nos baralhar as contas dos anos eleitorais). O que ele verdadeiramente queria era despachar a bola para a frente. Só que o fez com tanta força que ela foi parar à bancada, levando atrás de si a bota, o pé e o dr. Gouveia himself, em mergulho vistoso em direcção ao estatelanço do fora de jogo.
Sabem. Politicamente falando, o fora de jogo é o crónico destino do dr. Gouveia. Tanto pelos seus incontáveis méritos. Como pelas ajudas que ocasionalmente recebe do lumpen que o aconselha. A recente entrevista de um tal Agostinho Soares é um hino ao disparate. O modo amigo e fraterno como publicamente se trucidam uns aos outros faz corar o próprio dr. Jardim. A total ausência de um discurso com um mínimo de sentido remete o PS-M para o domínio do exemplo de como não se deve fazer política. E a impressionante incapacidade que o partido revela em travar esta alegre e tola caminhada em direcção ao abismo é um verdadeiro case study. Mas, enfim. Como cada um sabe de si, eles certamente saberão o que é que pretendem da vida...
Bernardino da Purificação

9 comentários:

amsf disse...

Acabei de ler este texto, sob a forma de comentário, no Pode ser Liberdade, e vim aqui confirmar autoria...o estilo é inconfundível!

António José Mendes Dias Trancoso disse...

Senhor Bernardino da Purificação

Através de si,neste dia, saúdo todos os democratas que neste seu espaço de Liberdade a sentem e respeitam.
Bem haja.

Anônimo disse...

caros amigos

este regime é feito pelo ps e pelo psd para o ps e o psd.
o resto é acessório.

Bruder disse...

Mordaz, cínico, com pitadas de sarcasmo avulso, o Da Purificação vai voando no seu próprio galinheiro com as certezas todas, incluso aquelas que lhe permitem espaldar com o à-vontade de quem nunca vai governar seja o que for, nem o próprio lar. Como ele gosta das metáforas, e das bolas com botas atrás dos pontapés, diria que é comentador de bancada , em cadeira de rodas. Está presente para o comentário fungoso. com a condição de alguém o empurrar no final do partido. Sem nunca admitir a hipótese de um dia exibir no relvado, as imperfeições dos analisados jogadores. A origem desta figura, com muito estilo e salamaleques . tem raízes profundas no PCP ,e seus fungos dispersos. Aquele antro da dialéctica, onde os tricórnios estão a resguardo de qualquer rastreio dos eleitores, pois é sabido que se regem por normas, regras, e costumes, alheios a qualquer coisa que se aproxime, mesmo por dedução, ao chamado Estado de Direito que, obviamente, objectam. As pintas acinzentadas destes engulhos em forma de prosa contemplativa, com cheirinho a “ intelectual” voraz, revela o mais profundo desprezo pelas formas, sejam elas quais forem, da chamada “ sociedade burguesa”. E o quid da questão nesta mente (Des) Purificada consiste exactamente aí. Um abcesso que incha,, sem nunca ter evoluído o suficiente para rebentar e verter naturalmente o pus contaminado que o libertaria para outros mundos e outras opções do mundo de hoje. Para o positivismo, a inclusão na comunidade onde está inserido. Sem amarguras , nem tonturas, devaneios e pretensões de impoluto saloio.Com a atitude de um cidadão responsável que aporta , ou deveria aportar ,no seio das instituições e Partidos constituídos, a face descoberta, o seu contributo na sociedade onde pretende escarrar, mas que, finalmente, lambe o prato da livre expressão e condição, em plena via pública Parece que até isto de partidos, democracias, votos, maioria, comícios , eleições. Uma chatice. Uma perda de tempo. Tudo, mas tudo deveria ser revisto, segundo a mais estrita praxe do catecismo marxista -leninista , em sua versão actualizada. Algumas das personagens em voga passaram onde o Bernardino vai. há tempos. Hoje candidatam-se a cabeças -de-lista aos foruns políticos europeus, e engolem sapos pelo longo caminho das idas. O Da Purificação está na fila. Um dia, um dia não longínquo alguém lhe dará o beijo que o transformará em sapo social democrata, “ socialista democrático”, ou quiça, adepto dos Alegres poetizados, ou dos Lousães empertigados. Com a devida correcção financeira e privilégios adjacentes, Até lá, ele esforça-se ! E como !

Bernardino da Purificação disse...

O 25 de Abril despertou a/o nossa/o D. Bruder da longa noite a que se remetera. Abençoada liberdade! Ou será que o mérito da coisa deve ser antes tributada ao "efeito crisálida" que marca o ritmo da vida das mimosas mariposas?
Já tinha saudades suas, acredite. Creio mesmo que a sua ausencia me deprimia. Comprazia-me, é verdade, a ler os "seus" inclusos em paragens menos interessantes e mais óbvias. Mas tê-los aqui é um prazer que não dispenso. De maneira que lhe deixo a promessa de que tudo continuarei a fazer para mantê-lo/a atento/a e obrigado/a a frequentar o nosso terreiro. Tenciono, "incluso", continuar a brindá-lo/a (como só nós sabemos como) com as honrarias a que tem direito.
Grato pela deferência com que me distingue.
Bernardino da Purificação

Anônimo disse...

Este amsf trabalha sem bola de cristal...ou será que a dita bola carece de chumbo no cristal ?

Anônimo disse...

Acordei hoje com a expectativa forte de que a nossa querida Bruder não nos tinha esquecido...e não é que acertei...com que felecidade a vejo arrebanhada nesta escola democratica da boa e elevável critica !

Acreditem, tal foi a alegria, que começo a acreditar nas minhas eventuais qualidades transcendentais.

Adiantemos...!

Bruder minha querida amiga, não obstante a alegria de que não nos esqueceste, vislumbro apreensivo que perdeste a graça que mentalmente retenho da tua imagem.

Recordas-te da nossa amizade constituida naqueles acampamentos em que trocavamos as nossas aguardentes com as tuas saborosas broas ?

Em que disputavemos a tua fronha ?

Minha querida, quanto coravas, quando os mais atrevidos, carinhosamente te apodavam de Ofélia.

Bons tempos, sem malicias nem outros atrevimentos.

Cresceste, e como diria o poeta na voz do cantor, a tua vida foi aquilo que se viu.

Realmente, perdeste a graça da tua feminina virgindade, e desceste ao pornografico de presentear com manguitos pessoas que sempre te consideraram.

Que pena...foi-se o gesto da nossa feminina e graciosa mariposa, e hoje preenteia-nos com a mais felina forma de um qualquer "jagunço", sem eira nem beira, como nos diriam os nossos queridos irmãos Brasileiros de Olinda.

A efectiva transmotação da tua génese, daria certamente hoje muito que pensar a Charles Darwin.

Porquê...mas porquê, brigaste com a vida.. ? Esquece o que te pertubra e recorda com força a bondade e a amizade que a ingenuidade da nossa infancia nos uniu.

Nota, já nem na capital do Império, acreditam nos teus manguitos. Já sabes...?

Bruder...mas porquê Bruder?

Ofélia...sim Ofélia, para mim serás sempre a minha Ofélia !

Anônimo disse...

«… Sócrates não suporta críticas. Aliás, toma por reprimenda qualquer opinião que divirja do diagnóstico radioso que os seus acólitos fazem da governação», quarta-feira, 22 de Abril, no Correio da Manhã.

Anônimo disse...

Nada como o putch partidário para remover tão sinistra criatura. Assim o PS/M não vai lá, nem a parte nenhuma. Se o homem não presta, façam um congresso extraordinário. Estão à espera de quê? De outra estrondosa derrota eleitoral em que a eleição de um deputado ou de um presidente de Junta extraordinária é considerada uma grande vitória? E depois, a culpa é do Dr. Jardim! Até dá jeito a presença da criatura para justificar os sucessivos falhanços do PS/M.