quinta-feira, 19 de março de 2009

Sai um pacote para a mesa do canto

Deixem-me ver se percebi. Afinal, e ao contrário do que pensávamos, temos crise. Apesar do trabalho de casa do dr. Cunha. E a despeito da excelência da governação que temos. Uma crise, imagine-se! Confesso que ainda estou mal refeito do choque.
Podem crer que se não fosse o dr. Jardim a anunciar tão devastadora novidade eu não lhe daria o mínimo crédito. Como se sabe, o homem não mente. E se veio a terreiro desmentir o seu vice é porque a coisa é séria. Arrepiemo-nos, pois. E confiemos mais uma vez na sorte.
É verdade que o dr. Jardim procurou tranquilizar-nos com o anúncio solene de um pacote de medidas. Quarenta e uma, mais precisamente. Creio, todavia, que a ênfase posta no número torpedeou-lhe os intentos. Ninguém pode ficar tranquilo quando são necessárias tantas medidas para combater uma crise.
Tenho para mim que o dr. Jardim foi levado ao engano pelos seus colaboradores próximos. O dr. Cunha, prudente, zarpou para o Porto Santo. Uma vez que nega a crise, é evidente que nunca se daria ao desfrute de aconselhar um número jeitoso ao chefe. De modos que deixou essa tarefa aos outros. Os mais tímidos alvitraram a modéstia da meia dúzia. Os mais ousados sentenciaram que um pacote de verdade há-de ter no mínimo duas ou três dezenas de bem esgalhadas medidas. O Machadinho, solícito, sacou do exagero e pespegou com o quarenta em cima do tampo da mesa. E o reflexivo dr. Brazão alertou os presentes para a seca redondeza de tal número. Não o disse, mas há-de ter pensado em qualquer coisa do tipo "ali-Jardim-babá e as suas quarenta medidas".
Enfim, a qualidade dos contributos fez entrar em cena o próprio dr. Jardim. Quarenta mais um, decretou então sua excelência. Porque é um número bonito. Porque assenta bem à gravidade da situação. E, ademais, porque tem o mérito de rimar com a situação da Madeira e com os trinta e um que já levo desta vida. E assim nasceu o pacote com que o dr. Jardim nos quis devolver a esperança.
Consta que a discussão sobre o número terá sido muito mais dura do que a selecção das medidas. É natural. Umas pázadas de programas em curso para usufruto dos privilegiados do costume seria suficiente para estruturar a coisa. Depois, compor-se-ia o ramalhete com a possibilidade de os interessados somarem mais dívida à dívida que têm. Mas para não haver dúvidas quanto à modernidade da coisa, foi dado um retoque final com duas arengas que ficam sempre bem. Uma respeitante à modernização das empresas. E outra apontada para a necessidade de conter o desemprego.
Não desvalorizo as intenções presidenciais. Questiono, porém, a seriedade de um suposto plano de contingência cheio de medidas requentadas. Por uma razão óbvia e simples. Se, ao contrário do que supôs o senhor vice, elas não nos defenderam da crise, como poderão agora combatê-la?
O episódio teve, no entanto, o mérito da revelação. Trouxe à evidência que o modelo económico mantido não tem almofadas para situações de emergência. Revelou que não sobraram recursos do obreirismo louco que fizeram abater sobre nós. Demonstrou que em trinta e um anos a nossa economia só tem navegado à vista. Mostrou-nos a todos, em suma, que o actual paradigma está morto, porém, ainda não devidamente enterrado. E é pena. Porque o sector público não pode continuar a absorver a quase totalidade dos nossos escassos recursos (ainda por cima em obras que apenas acrescentam despesa à despesa). Porque há problemas de competitividade da economia que não se resolvem com o embuste dos pacotes de conjuntura. Porque há um mundo lá fora carregado de oportunidades a que por qualquer motivo recusamos aceder. E porque, sem prejuízo do seu carácter evolutivo, há uma autonomia política que tem de passar da fase da conquista para a fase do exercício responsável.
É preciso, em suma, mudar de vida. Que a crise nos faça, ao menos, perceber a urgência dessa inevitabilidade. Sem desmerecer, claro está, o carácter profundamente didáctico do pacotinho do dr. Jardim.
Bernardino da Purificação

10 comentários:

Anônimo disse...

Quarente e uma medidas para sustar uma crise que nunca aportou à Madeira, conforme nos garatiu hà poucos dias o inteligentissimo crâneo do Dr. Aventura Garcês ?

Julgo a solução muito curta, pelo que alvitro a introdução das seguintes medidas extras programa, a saber;

42 - Abertura total do Heliporto do Porto Moniz, a todas as aves de capoeira, domésticas e menos domésticas, gaivotas, cagarras e outras afins, que pretendam aportar ou arribar do Municipio do Porto Moniz;

42 - Intodução de pescado fresco no aquário do Porto Moniz, o qual pescado através da lancha do aquário, deverá ser canalizado para venda ao publico, inteiro ou em postas;

43 - Rentabilização do tunel da Ponta do Sol, actualmente virado parque automovel, através da instalação de mijadeiros e cagotes para os seus utilizadores, assim como um estabelecimento de restauração de traçado moderno, para venda de águas, palitos e jornais, da Madeira, obviamente;

44 - Instalação em todos os parques empresariais de equipamento de fornecimento de alimentação e bebida, para todo o gado que reside e visita estas maravilhosas instalações;

45 - Adaptação da Marina do Lugar de Baixo a centro de aquacultura de tubarões e outras predadores, por garantir o futuro da especie dos nossos actuais governantes;

46 - Adaptação da instituição juridica que regula o fornecimento da "sopa do Cardoso", por forma a que esta possa franchisar todos os restaurantes, bares e similares, construidos pelas sociedades de desenvolvimento na RAM, com a referida sopa, tão necessária a este Povo Superior, que nunca há-de conhecer a crise que abala o Mundo;

47 - Instalação no Centro Polivalente,encerrado desde o termo da sua construção, de unidades individuais com coletes de força e recurso a choques electricos, por forma a poder albergar todo o louco que nos governa e que ainda consegue fugir ao controle do MP;

48 - Plantação de um Bananal nas Desertas, cuja imediata gestão, deverá ser concedida por 50 anos, ao actual Vice-Presidente do GR, sob a condição desta criatura e respectivos descendentes, jamais tentarem aportar à Madeira ou Porto Santo.

Porque 48 ? Pela mesmo motivo que não se entende o 41 ?

Anônimo disse...

Ao Benardino da Purificação venho lhe dar os meus Parabéns.
Tenho-o lido desde o 1ºpost, e realmente fiquei sem dúvidas...há nesta ilha gente superior.
O povo superior até é inteligente, mas nada está a mudar,e veremos o comportamento nas próximas eleições...

Um grande abraço, e continue acutilante e verdadeiro, pois talvez consiga contrariar o que eu penso que já não vai mudar.

Anônimo disse...

Senhor Purificação

Ninguém é perfeito,é bem certo!
E,desta vez,o senhor enganou-se na interpretação das contas!
Claro que são 41.
Então o Chefe Ali, não conta?!

Anônimo disse...

Nessas tais famosas 41 medidas, porque não consta uma clinica para recuperação de esposas espancadas.

Só o Banana, detém a massa critica suficiente para rentabilizar um projecto desta envergadura, sendo certamente uma mais-valir nesta época de crise.

Anônimo disse...

Já que falaram no Banana, não olvidem a leitura do mavioso naco de prosa, com que o dito brinadará amanhã todos os leitores do DN - Madeira.

Se a Profª Angelina do "Lisbonense", fosse hoje viva, seguramente que condenava o responsavel por tão hediondo crime à lingua de Camões (aquele do Sec. XV...lembram-se) a passar o resto da vida copiando "A Rosa", texto publicado no livre de Leitura da 4ª Classe...a Esposa que seguramente ficaria felicissima...entendem, não entendem ?

Anônimo disse...

Conforme nos habituou, para além do referido "naco", brinda-nos sempre com alegadas conclusões de reconhecidas personalidades.

Meu Querido Banana, realmente a que escolheste hoje, não poderia ser mais subsumivel à tua charmosissima aurea.

Porque será que ainda hoje existem criaturas que não percebem que quanto menos dizem, mais ganham.

E se este, também comprasse uma TAYOTA e fosse vender bananas para esse tal restaurante da Madeira profunda ?

Prometo que amanhã, enchia a Sé de velas...!

Anônimo disse...

Pois, a crise para a qual o trabalho de casa estava feito, está aí. O 1º comentador fala do dr. Garcês. Acho que reside aí o chave do problema. O homem tem nome de Agência Funerária.... será que entregará a "atonomeia" à cova funda? Responda quem souber. Talvez o próprio seja o melhor posicionado para fazê-lo. Ousando presentear-nos com a explicação para a crise peço-lhe, encarecidamente, fale-nos em português. Evite o seu indecifrável e incrível "Garçolês".

Anônimo disse...

"Garçolês", por favor, então o homem não fala em inglês ?

Até teve o cuidado de engordar ao ponto de se encontrar suficientemente "gordinho" para a "festa", não obstante ainda nos encontrarmos em Março.

Penso que estas atititudes, têm de ser louvadas...ou o nosso Ilustre comentarista pensa, que só o porreta do Machadinho, pode anafar uns quilinhos, sempre que lhe dá na gana ?

Sejamos tolerantes !

Anônimo disse...

Lamentavelmente constato que a nossa Bela e não menos Formosa, Bruder, bateu às solas.

Que pena, que saudades me deixam aquele odor doce abananado...!

Aquela matriz intelectual, que tão bem disfarçava aquela toneladada de neuronios, mais parecidos as bananinhas de prata...ai que saudades !

Anônimo disse...

O pacotinho de medidas anti-crise é em tudo semelhante ao pacote nacional.Eu estranho é que tendo S. Exa. o Sr. Vice Pres. garantido que fizera o trabalho de casa, por isso nós estávamos imunes à crise, verifica-se agora o contrário. Urge ouvir-se, como já pediram anteriormente em Português, o Sr. Dr. Ventura Garcês. Estou em crer que este senhor vai ter muito que contar sem que passem "muitas luas".