quinta-feira, 26 de março de 2009

A mundividência de quem manda

Consta que se encontra na Madeira uma delegação político-empresarial das ilhas Canárias. E está-se mesmo a ver que os jornais de amanhã vão dedicar ao facto o relevo que ele merece. As fotografias da praxe hão-de registar para a posteridade o nosso empreendedor vice tratando de assuntos sérios com o seu homólogo da vizinhança que nos fica a sul. Em lugar de destaque estará com certeza também o ex-keeper Grisaleña que, mercê dos serviços prestados ao Marítimo, goza de uma espécie de dupla indentidade insular. E, para compor a solenidade laboriosa do quadro, lá teremos fatalmente o brilho dos jovens acólitos do voluntarioso dr. Cunha.
Não há, podem crer, nenhum segredo ou mistério por detrás deste aparente exercício de adivinhação ou prognose. Um curto exercício de memória revela-nos que o ritual se repete sempre que dá jeito transmitir a ideia de que o dr. nosso vice trabalha afincadamente na definição de um quadro de cooperação entre a Madeira e Canárias. Ora, como as circunstâncias se puseram novamente a jeito do dr. Cunha, lá vamos tê-lo a apontar novamente a bússola do futuro para um sul qualquer que, pelos vistos, há-de fazer escala em Las Palmas. É natural. Se calhar, não conhece muito mais mundo do que esse.
É claro que me rendo à proactividade diligente do magno gestor da nossa economia. A Madeira necessita, de facto, de multiplicar os contactos com o exterior, nomeadamente com as áreas que lhe são contíguas. E só tem a ganhar com o reforço da cooperação institucional e económica com parceiros feridos de problemas semelhantes aos nossos. Devo observar, no entanto, que a África também nos é próxima. E ninguém levará a mal que acentue o enorme potencial que se esconde por detrás de certos processos regionais e sub-regionais africanos de integração económica. De modos que me incomoda pensar que a preguiça apressada do dr. Cunha pode levá-lo a sentir-se aliviado da responsabilidade de encontrar soluções externas para os males endémicos da nossa atravancada economia por via de uns encontros mais ou menos festivos e cheios de lugares-comuns com os sulistas nuestros hermanos.
Dirão os crentes - os genuínos, os convertidos e os de conveniência - que não é justo ser preso por ter cão e encarcerado por não ter. Têm razão. Juro que hei-de fazer penitência pública quando um dia verificar que esta aproximação natural a Canárias é capaz de render mais do que palavras, champanhe e croquetes. Mas compreendam. O cadastro do dr. Cunha neste domínio específico da procura de saídas para a economia da RAM até dá arrepios. Basta lembrar que, por manifesto descaso, a Madeira e as suas associações empresariais têm andado sistematicamente arredadas dos encontros que o governo português promove com as delegações ministeriais e empresariais que a seu convite nos visitam. Impõe-se recordar igualmente que temos uma Casa da Madeira em Lisboa (uma embaixada, imagine-se!) que nem uma simples informação nos faz chegar sobre o tráfego mensal de empresários à procura de parcerias, e de governos de países com dinheiro necessitados de tecnologia, capacidade empreendedora e competências várias. Do mesmo modo que, à cautela, convém recordar também a caríssima festarola de reservadíssimo consumo interno que o dr. Cunha promoveu há uns anos atrás a pretexto de uma iniciativa europeia pensada para a promoção externa das regiões da UE.
Enfim, cada um sabe de si, do mundo que conhece e das prioridades que tem. Mas como as acções do passado constituem uma boa grelha de antevisão do futuro, receio bem que venhamos um dia a descobrir que temos andado prisioneiros de uns ilustres cavalheiros para quem o mundo das oportunidades económicas se resume ao local onde passam as férias.
Bernardino da Purificação

4 comentários:

Anônimo disse...

Amigo Bernardino, desta feita não concordo consigo.

O Dr João Cunha Silva (Licenciado na mesma Universidade de Sócrates e titular de um diploma de identica formalidade, com a unica diferença de ter reforçado o seu curso, com um recurso de mais tres anitos)pretende instalar na Calheta, um intercambio de bananas com as nossas congeneres Canarias.

Entretanto, enquanto lança o programa com vista ao concurso publico necessário para o efeito, parece ter convencido os "nuestros hermanos" a cederem "unos burritos" para cruzarem com os do Porto Santo, tendo em vista uma cooperação mais profunda entre estas belas ilhas do Atlantico.

Ao que sabemos, o intercambio é mais rico, só que as demais ideias embananadas na cabeça do nosso ilustre e sábio governante, encontram-se no segredo da sua massa cinzente (penso que também deverá ser cinzenta como a dos demais, não obstante as reconhecidas defeciencias), pelo que, por questões de segurança, e ao que tamb´+em consta, hà alguns dias a esta data, o dito não tem atacado a dita de cabeça...!

Anônimo disse...

A"Casa da Madeira" instalada na zona das embaixadas no Restelo, conhecida zona nobre da capital do Império, demostra à saciedade, se ainda dúvidas exitissem do verdaeiro laxismo analfabeto deste Governo Regional, na pessoa do seu responsavel, Senhor Vice-Presidente.

Eu como madeirense nem só me envergonho deste projecto abandonado, como na qualidade de cidadão, pagador activo de impostos, exijo que se faça justiça, por forma a que o povo votante tenha conhecimento e consciencia da maneira como este Senhor, desperdiça o dinheiro que tanto nos custa.

Se o Senhor é incompetente, reconheça-se como tal e obviamente...demita-se.

Eu assim o espero...ou será que também teremos de recorrer aos Deuses do Olimpo, por forma que seja reposta a dignidades que todos os Madeirenses de bem, assim merecem ?

Anônimo disse...

A "Casa da Madeira" ao que consta encontra-se a funcionar plenamente para o fim que foi efectivamente projectada. É lamentavel...mas é verdade ?

Os hoteis do Funchal, já andavam nas bocas do mundo, pelo que nada melhor de uma bela alcova no restelo, com viagens, refeições e despesas de representação, obviamente extensiveis aos complementos.

Caros amigos, acordem, se alguns têm o que realmente merecem, nem eu, nem muitios de vós, nos revemos nesta manifesta e total "javardice".

Chegou a altura do BASTA !

Anônimo disse...

Julgo que a "Mundividencia" da quem manda encontra-se retratada no Porto do Funchal.

Até hoje segui as Vossas sensatas criticas, nunca tendo lemantavelmente constatado a Vossa sensibilidade para a problematica do Porto do Funchal.

Neste momento que endereço esta critica, constato do problema surgido entre navios compostos por milhares de turistas, que se encontram impossibilitados de usufruirem da sua normal aportagem a esta referencia turistica universal.

Para visitarem a terceira cidade do País e primeira de África, vêm-se na necesidade de receorrer às lanchas de emergencia, com todos os incómodos emergentes.

Estes turistas que recusam tal forma primária e artesanel de fazer turismo, representam uma soma altamente representativa de uma soma, que nos passa à distancia.

Pelo que sei, o Sr. Director dos Portos, foi selvaticamente saneado, por ter colocado esta questã, à sua tutela, o Grande Vice-Rei Banana.

Resumo, foi saneado.

Contas feitas, cada turista desembarcado, deixa na RAM, um minimo nunca inferior a 30 Euros.

Face ao exposto e reconhecendo que cada navio, transposta no minimo dois mil turistas, quantifiquem o respectivo montante e comparem-no com os "retornos" das belas peças, com que o dito cujo nos implantou nestA RAM.

Já agora, o Comendador Pestana ou o seu Grupo, sempre comprou a maravilhosa Marina do Lugar de Baixo?

Claro que não, foi mais fácil despedir o Engº Reis, reconhecido gestor com grandes e altas provas dadas nos Portos do Funchal, dado que este centro de entrada de turistas, não gosta de BANANAS...isto segundo a justificação para o dito despedimento.