terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

A certeza efémera da incerteza

Com a precisão cirúrgica de quem já tem a estratégia pronta, lá seguiu o recado para o veículo do costume.
O recado. Ao contrário do que chegou a pensar-se, a cadeira que o PSD tem mais ou menos cativa no Parlamento Europeu pode servir de lugar de recuo para a resolução de uma disputa que já embaraça. Refiro-me, é claro, ao alegre e insano fratricídio em que andam envolvidos os senhores doutores Cunha e Silva e Miguel Albuquerque.
O veículo. Apesar das fitas ostensivamente públicas, o DN é a via privilegiada de divulgação das inconfidências anónimas feitas pelo dr. Jardim. Sempre que é preciso agitar as águas, o patrão da Quinta Vigia acciona os canais que tem abertos com o velho centenário dito independente. A vida da imprensa é dura. E há acordos, formais ou informais, a que ninguém consegue resistir.
Traduzindo tudo isto por miúdos, temos então que Sérgio Marques poderá estar de regresso à base. Ou para se reformar da política. Ou para uma tranquila travessia no deserto. Ou para baralhar as contas da sucessão. Correlativamente, temos também que Miguel Albuquerque pode começar a despedir-se da sua equilibrista condição de candidato preferido do povo mas execrado por Jardim, e que João Cunha e Silva pode começar a pensar fazer o mesmo relativamente à sua excelentíssima condição de candidato preferido por Jardim mas execrado pelo povo. Acreditem. A política pode revelar-se um tormento para quem aceita depender exclusivamente dela. Basta que a falta de tacto e de tino opere a transformação de um delfim de olhos esbugalhados para as delícias do futuro num abcesso que é preciso extirpar.
O que acontece, em suma, é que Jardim está na fase da agitação e dos recados. Emitindo mensagens propositadamente equívocas com o fito de abalar as certezas que uns tolos ensimesmados tinham por totalmente adquiridas. Voltando a chamar a si a condução da vida interna do seu partido, depois do ócio prolongado que preguiçosamente se atribuiu. E dizendo, no fundo, a todos os indiscutíveis que isto, afinal, não vai sem uma boa (ou má) discussão. Uma maçada, insisto. Pelo menos, para aqueles que só sabem perder-se na contemplação do poder improvável que o destino lhes colocou nas mãos.
Temos assim que a única certeza que actualmente se pode ter é que chegou o tempo do fim das certezas. Nada mau. Mesmo que daqui a semanas ou meses venhamos a verificar que tudo vai continuar mais ou menos na mesma, considero refrescante que o dr. Jardim tenha resolvido brindar-nos com esta aparência de novidade. Obrigado, pois, dr. Jardim. Numa terra em que a política só se move à superfície, é um verdadeiro luxo experimentar o direito de imaginar uma mudança. Quanto mais não seja pela nota de precariedade que, espero-o ardentemente, pode operar o milagre de fazer descer à terra o umbigo prepotente e insuflado de alguns dos nossos mandantes.
Mas a par do agradecimento genuíno e sincero que acabo de formular-lhe, não resisto, dr. Jardim, à expressão de uma modesta e desinteressada opinião. Vosselência não precisa de candidatar um peso-pesado como o dr. Sérgio Marques à Câmara do Funchal. Fazê-lo seria demonstrar medo da concorrência. Mas pior. Se porventura o fizer (coisa em que não acredito), nunca conseguirá demonstrar que os votos do Albuquerque são todos, afinal, integralmente seus (como vê, sou sensível às suas agruras d'alma), como Vexa mui justamente reivindica. Olhe. Porque é que não pensa, ao invés, exportar para Bruxelas esse magnífico expoente do nosso produto regional bruto que é o senhor seu vice. As vantagens seriam pelo menos duas. Por um lado, o dito cavalheiro poderia completar a formação humana e política que manifestamente ainda lhe falta. Por outro, vosselência sempre teria um rosto amigo com quem partilhar a fria solidão das suas excursões quinzenais europeias.
Como é evidente, admito e humildemente aceito que possa não estar para aí virado. Se for esse o caso, deixo-lhe, com amizade, ainda mais uma dica tão desinteressada quanto construtiva. E porque não pôr o Sérgio, mais o Cunha, mais o Albuquerque e mais o Tranquada e o Pita todos no governo? Veria que a selecção natural resolveria o problema da sucessão de vosselência. A menos que esse seja ainda um assunto que não lhe tira o sono. Se assim for, já cá não está quem falou. De qualquer modo, não precisa de agradecer.
Bernardino da Purificação

17 comentários:

Bruder disse...

Preocupa-me este Bermardino..E pergunto :onde, em que data, por que motivos, o dito Bernardino não entrou nas " elites" do Povo superior, assim tão dotado, tão Serafim, tão observador ?Que raio lhe fizeram que o homem ficou a debitar letrinhas -bem alinhadas, conceda-se, mas letrinhas - umas atrás da outras, num frenesim demolidor, sem que as araras do regime notassem a sua presença ?Em que encruzilhada da vida ficou este Bernardino traumatizado, despertando-lhe assim o rancor, a inveja , o típico bilhardeiro da esquina ?Como é possível que esta "enormidade" da Ilha não tenha acedido aos mais altos cargos da Administração Pública, aos estofos de Juiz, aos cimos do jornalismo de opinião ?Em que recanto bolorento está esta personagem, esperneando incognitamente, sem que as " elites pensantes" do arquipélago o reconheçam como a Sumidade que pretende ser ?Mais que busquemos não há ainda indícios !E já agora que estamos ; o que espera o Bernardino, como cidadão de primeira que pretende ser, consciente dos seus direitos e obrigações, amparado pelo Estado de Direito que o protege como bloguista, sobretudo no direito a expressar o que lhe passa pela cabeça, que espera, dizia, para apresentar formalmente nos tribunais, dentro ou fora da Ilha, as denúncias e justificá-las conforme o Direito ?Imagino que deve ser mais um que " tem medo do regime" e como deve mamar da teta regional, penica , debita, e contentinho no buraco do incognoscível ,tem todas as razões do mundo.De uma vez por todas dêem-lhe um " tacho" qualquer. o homem clama aos quatro ventos.

Anônimo disse...

A verdade nua e crua! Que, como se vê, incomoda muita gente...
Mas corre-se o risco de ela não chegar ao alvo com a eficácia desejável (o pior cego é o que não quer ver). Porque, do mesmo modo que as vozes de burro não chegam aos céus, as vozes dos céus não chegam aos burros.

Anônimo disse...

Caro Bruder, quem pretendes enganar.

O Bernardino poderá eventualmente refugiar-se no bloguismo do nosso Estado de Direito, e os outros...?

Sim !...os outros que como o Caro Bruder e outros parecidos ou semelhantes que por aqui vagabundam no mesmo estado de direito, que lhes permite, desde acusar sem que o acusem, até esmurrarem a sua parceira, sem consequencias, mas pior, muito pior, a encher os seus conhecidos cabedais à margem da sindicancia do fisco, que controlam a seu belo gosto.

Caro Bruder, sem ressentimentos, como diz o teu Povo, vai mas é dar uma volta ao bilhar grande...e desaparece.

Aqui, garanto-te, não fazes falta nenhuma.

Anônimo disse...

Parabéns Bernardimo pela acutilância do raciocínio e pelo diagnóstico de uma situação que infelizmente não se limita à RAM. Neste País, os corruptos e os oportunistas têm-se saído sempre bem, graças a uma justiça que raramente pune os poderosos e um povo decadente que aplaude o populismo mais aviltante. Não é apenas o Dr. Jardim e o seus acólitos que saiem sempre bem das negociatas. São os Valentins, as Felgueiras, os Isaltinos etc, todos aqueles que por via deste centrão tomaram conta deste País.
Talvez sirva de consolo o facto de em Itália ser assim,como na Grécia e na vizinha Espanha.
Será que estamos condenados a isto?

Anônimo disse...

Diz o Senhor Coronel(frontal e perfeitamente identificado)que "as vozes dos céus não chegam aos burros."
Ah!Chegam,chegam!
Chegam a mim e chegam ao sr.Barda,que,picado pela mosca da inveja e da incoerência,escoiceia a torto e a direito.
Deixá-lo...até tem a sua graça!

Bruder disse...

As masturbações ditas intelectuais, as meias verdades, a procura quimérica do politico honesto, o ressentimento, podem entreter , mas nunca foram nem serão apanágio de homens honestos e de recta intenção.Desconheço pessoalmente as personagens da lenga -lenga costumeira flagelados pelo Bernardino purificador, mas posso bem imaginar que se por um acaso qualquer uma destas " vítimas da maledicência" ler o que aqui se escreve,teria todo o direito, deste e do " outro mundo",a pedir explicações pontuais à Sumidade do canto.Afinal o nosso Bernardino é igual a tantos outros ; critica aquilo que ele mesmo, e num plano menor, faz.Abusa da escrita.Afoga a Palavra .Para entreter os neurónios.Poderia o Purificador ser crítico literário, contador de historietas para crianças incapacitadas, ou escrevinhar diariamente para o Diário da Região.Mas não; tem o " seu blogue" e aí vomita o que lhe vai nas entranhas.Agora , de honesto cidadão, ética e moralmente constituído como Inquisidor dos demais concidadãos, nem com a horda de acólitos convencerá uma pessoa de sentido-comum.Mas entreter, entretêm.E diverte.Afinal, o espaço é de utilização gratuita.

Bernardino da Purificação disse...

Afinal, este bruder não tem emenda. Ao ler o seu primeiro comentário ainda pensei que os sais de fruto lhe tinham feito bem. Apesar de rude, o tom pareceu-me mais civilizado. Porém,a avaliar por este último percebi que o dito cujo sofre de uma padecencia qualquer que não se resolve com sais. Azar dele.
O desatino é tanto que até assassina o que pretende defender. Então as vozes eventualmente incómodas calam-se com tachos? É assim que funciona o regime e o poder que temos? Pelos vistos...
Adiante. Este germanófilo irmão não sei de quem anda preocupado com o Bernardino. Ao ponto a que isto chega. O Bernardino olha para a Ilha; o bruder olha para o Bernardino. É obra.
Cada um maça-se com aquilo que quer. Mas Sua Fraternidade podia, ao menos, ser honesta. Onde é que leu ofensas assinadas por mim? Desafio-a a apontar uma que seja. Desde quando comentar criticamente as acções (nunca as pessoas) dos detentores do poder é incorrer na ofensa? Mais. Desde quando caracterizar um regime político é pecado?
Lamento por ele, mas acho sinceramente que este mano tedesco anda de cabeça perdida. Em vez de se atirar tão furiosamente ao Bernardino, por que é que não experimenta criticar ou contestar a validade daquilo que ele escreve neste blogue. Não consegue?
Pois. Tá percebido.
Bernardino da Purificação

Anônimo disse...

Este Bruder é, evidentemente, um heterónimo do João Banana. E, claro, quem se pica, ratos trinca, lá diz o povão.

Anônimo disse...

Caro Vilhão Burro

Como se pode ver, há pessoas que, por mais que leiam, não percebem nada. Em vez de meditarem no que se lhes é dito, de quem os avisa, e daí tirarem as suas próprias conclusões, refugiam-se na sua condição de povo superior. De habituadas que estão a engolir as cassetes do regime, não percebem que quem verdadeiramente os defende são os que têm a coragem de fazer frente aos tiranetes.
Não estou, por isso, de acordo consigo. Claro que há sempre excepções, um ou outro consegue receber a mensagem. Mas a regra mantém-se: os escritos do autor deste blogue são demasiado "celestiais" para entrarem nas orelhas de quem as tem desmesuradamente grandes.

Anônimo disse...

Um pequeno reparo aos dois ultimos comentários. Primeiro, heteronimo significa alguém que utiliza outro nome e nunca alguém, que atendendo à sua reconhecidissima iletracia (leia-se a titulo de exemplos, aqueles verdadeiros nacos de prosa de cordel, com que o dito presenteia os leitores menos atentos do DN local)ORDENA a outrém para bolsar, aquilo que acabou de bolsar.

Segundo, o tal de Bruder que MANDA escrever, não tem orelhas grandes...não senhor. Afirmar tal facto, é efectivamente subverter a verdade, dado que o dito, tem só uma, uma somente orelha grande, que é a esquerda e que para não despencar, o dito tem sempre um dedito a segurá-la. Já repararam, que a criaturinha só admite fotografias do lado orelha pequena ?

Anônimo disse...

Engraçado, faz hoje dois séculos que nasceu para o mundo o Sr. Darwin. Será que de acordo com a sua teoria, ele saberia justificar a origem e o porquê da regressão da espécia a que pertence o "João Banana" ?

Anônimo disse...

Pois é, ele é que é o "Banana" ! Nós, os demais somos muito espertos e consequentemente inteligentes !
Só que o "Banana" e os "engravatados bananinhas", estão tomando de assalto tudo o que mexe.
Segundo consta, o complexo "Columbus" do insolvente e ex-deputado, Silvio Siram, trata-se do proximo alvo do "Bananal Regional"...isto é, após o Coronel Henriques Estela Dourado, ter recebido até ao ultimo cento, o produto da sua maravilhosa quinta/armazem, sita em São Martinho.
Socorro!...chamem a MIZÉ, claro, Mizé para os amigos e Drª Maria José Morgados para os corruptos dos canalhas...Bruder, lindo, ainda estás acordado...?

Anônimo disse...

Leia-se "o produto da venda da sua maravilhosa Quinta/Armazém..."

Anônimo disse...

Nem com um estágio em Bruxelas, o Dr.º Banana escreveria como o Bruder, distinto sociólogo desempregado.

Anônimo disse...

Conforme já alguém aqui disse, o Dr. Banana, não faz, até porque não sabe fazer, dado que só sabe mandar...e sabe mandar aquilo que lamentavelmente até agora mandou e que se encontra à vista de todos, para vergonha de todos, menos dele, que nem capacidade tem para assumir e se envergonhar das suas graves calinadas.

Um verdadeiro "case studY" para os estudiosos das doenças psiquiatricas terminais.

Anônimo disse...

Desconheço a identidade de Bernardino da Purificação bem como de autodenominado Bruder. Duas conclusões, porém, retiro das suas personalidades. Bernardino sob a capa do pseudónimo fala-nos dos problemas do colectivo madeirense que, podem crer, vai ter muito que penar nos próximos tempos. O Bruder é "dejà vu". Irrita-se, perde a cabeça, não consegue ter um único argumento válido para contrapor a um racíocinio urbano, inteligente e demolidor daquele que ele considera seu adversário.
Oh Sr. Bruder mostre-nos os erros do pensamento do Sr. Bernardino! Asim talvez o apoie. O caminho do insulto, por que enveredou, lá no fim da caminhada levá-lo-á a Hugo que quer ficar no poder até 2049!

Anônimo disse...

«Oh Sr. Bruder mostre-nos os erros do pensamento do Sr. Bernardino!»

Caro Jorge Figueira

Penso que está a pedir demasiado ao nosso interlocutor... É muita areia para a camioneta. E corremos o risco de ele deixar de aparecer.
É que ss suas intervenções fazem falta. Quanto mais não seja, por esclarecerem de que massa é feito o "Povo Superior".