quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

O mistério dos ares da terra

Aselhice, meus senhores. Pura e simples. Mesmo que a trama tenha sido bem urdida. E mesmo que só se tenha dito a verdade e nada mais do que a verdade.
Foi assim. Alguém, certamente animado dos mais nobres propósitos, resolveu introduzir no debate interno social-democrata a relevantíssima questão das relações pessoais entre Cunha e Silva e Miguel Albuquerque. A aparência das coisas terá deixado a ideia de que tão pertinente iniciativa visou simplesmente desdramatizar um problema maçador. Compreende-se. Quando um balão enche de mais, pica-se e resolve-se o problema. Só que em política é preciso desconfiar. Se não dos propósitos do que se diz, pelo menos dos efeitos prováveis daquilo que for dito. Sob pena de uma simples palavrinha atirada singelamente ao vento poder transformar-se numa curva perigosa onde pode derrapar um destino (ou até dois, vá lá a gente saber...).
Vejamos. Estamos todos fartos de saber que Miguel Albuquerque e Cunha e Silva não se enxergam nem pintados. O tema não é novo. Os afloramentos mais azedos da acrimónia pessoal que os traz desavindos estão bem presentes na memória de todos. E, a bem dizer, ninguém ignora o que é que está por detrás da querida inimizade que ambos nutrem afectuosamente um pelo outro. De facto, por uma qualquer razão que só o espírito do tempo e os ares da ilha podem explicar, suas excelências entendem que têm condições para um dia presidirem ao governo da Região. E o resultado é aquele que se conhece: em virtude desse estranho milagre que nem a razão nem o senso são capazes de alcançar, os cavalheiros consideram que a sucessão de Jardim é assunto exclusivamente seu. Que têm o direito de tratar como muito bem quiserem e entenderem. E que, sabemo-lo já, resolveram tratar pela simpática via da aniquilação pública recíproca. Uns aprendizes de feiticeiro, é o que são. Com mais olhos que barriga. E com muito mais atrevimento do que tino.
Entre vários outros, os dois cometeram um erro estratégico elementar. Não perceberam que no maximalismo das guerras de eliminação não há lugar para empates. Ou ganha-se tudo, ou perde-se tudo. É tão simples quanto isso. De modos que se os dois continuam a andar por aí alegres da vida é porque estão ambos derrotados sem o terem ainda percebido. O que não deixa de nos dizer alguma coisa sobre a agudeza de vistas dos dois cavalheiros em questão.
Mas, há mais. A somar ao erro estratégico, os dois simpáticos beligerantes têm-se fartado de cometer uma boa meia dúzia de erros tácticos. Disparam a torto e a direito sem cuidarem de saber se acertam ou não no alvo. E permitem-se até, como mais uma vez aconteceu, dar pública nota do azedume que lhes vem do fígado e alimenta o espírito. Resultado: as coisas chegaram a um tal ponto que Albuquerque e Cunha e Silva não passam já de apelidos de facção ou de sinónimos de divisão.
Jardim está assim nas suas sete quintas. Pode manipular as coisas à vontade. Dá força a um. Finge que, no fim de contas, até é capaz de apoiar o outro. E o mais certo é que vá preparando na sombra a bissectriz de uma terceira via qualquer. E nem Cunha e Silva nem Albuquerque perceberam que quanto mais assumirem em público o conflito que travam, seja por iniciativa própria, seja por tramóia alheia, mais ajudam a desenhar uma alternativa unificadora do partido que obviamente os exclui. Que tansos que eles são!
Bernardino da Purificação

6 comentários:

Anônimo disse...

Essa dos "tansos", é de mestre!

Anônimo disse...

Nem mais!
Quem estará deliciado, para além do "Duce", deverá ser o Chefe do Gang, que não abrirá mão da oportunidade de colocar o filhote no trono do Reino Independente da Pérola da Macaronésia.

Anônimo disse...

Concretamente, além de filhos de Papá (ou Mamã ou Titio, como queiram) e de politicos com as (des)qualidades que todos lhe conhecemos, o que é ques estes dois cavalheiros sabem fazer ?

Há...um apaparica uma virgem (?) donzela e outro, ACARICIA valentemente de há longa data a sua fiel esposa...é a diferença...será que este critério pode servir para o desempate, amigo Bernardino ?

Anônimo disse...

Bem dizia no comentário anterior que isto ainda iria acabar nas alcovas, pois é bem sabido que por detrás " de um aldrabão,leia-se , escrivão, está um sardão " ( acabo de inventar...).Ora, se a Exª Esposa do Bernardino se contenta com regurgitos letradícicos ( creio que isto não existe como vocábulo, mas gosto da sonoridade ), e não levo pancadaria (sic). Já o comentador anónimo anterior conclui que as personagens visadas limitam as suas diferenças nas " caricias " da " legitima" ou na " paparicagem" de uma virgem..Não sei quem, e desculpem não mencionar as fontes , para abalizar tal frustre afirmação, dizem que os comportamentos sexo-sociais, ou a sociabilidade influenciada pelos estímulos sexuais, têm origem em duas componentes na natureza; uma é água que bebemos e cozinhamos, outra, os adubos e pesticidas que que infestam os campos.Como isto é uma Ilha, vai dar-se ao caso que somos, para além de primos, no final todos iguais.Unas mais que outros.Cantam os de poleiro, e esgravatam os dos poios.Afinal, todos somos uns galináceos.Alguns cantam de galo,mas é só na aurora dos acontecimentos.
Bruder

Anônimo disse...

Caro anónimo de Bruder...fala quem sabe...e quem sabe, tratam-se de criaturas normalmente experimentadas...experiencia que nem todos se podem gabar...não é meu Caro Bruder Anónimo.

Agora, encarecidamente em nome do bom nível deste grupo, porque não se vai estimular sexualmente para outras bandas...?

Deixem-nos a sós com o nosso Bernardino...Por favor, quem não gosta, jamais tem o direito de estragar.

Anônimo disse...

Eu cá acho que o sr. Bruder tem dieito a dizer o que quiser ou o que lhe encarregam de dizer.
Faz-me lembrar o "comissário político" que,sob a capa de jornalista,se farta de "trabalhar",no Dossier de Imprensa,para justificar o injustificável.
O derrube da ditadura não impediu a proliferação de quem nasce com alma de escravo.
A Liberdade é-lhes estranha;é-lhes incómoda.
Deixai-os conviver com democratas, pois pode ser que,com o decorrer do tempo,vislumbrem a sua grandeza.
É certo que trinta anos de tropelia institucional dificultam a aprendizagem,mas,espaços como este,podem constituir os antídotos e necessários contrapontos.
Entretanto,embora com alguma pena,divirtamo-nos com as suas tristes figuras...