quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

A arte da guerra

Esta gente perdeu completamente a cabeça. Ameaça. Insulta. Grita. Vitupera. Como se não houvesse amanhã. Ou como se a razão tivesse cedido definitivamente o passo à grosseria da intolerância e ao primarismo da irracionalidade. Oxalá me engane. Mas os níveis de agressividade do discurso político atingiram entre nós um ponto de tal modo elevado que isto um dia acaba mal.
É claro que não é novidade para ninguém que há na política madeirense uma assinalável sedução pelo calor desregrado do destempero. Seja devido à latitude que temos. Seja por causa do capacete que nos turva a vista e comprime as meninges. Ainda assim, convenhamos. As coisas têm descambado para um plano em que se torna urgente a profilática procura de um outro tipo de explicações. Sob pena de, um dia destes, nos vermos todos envolvidos num imenso arraial de tapona colectiva sem percebermos muito bem porquê.
O que hoje se viu no parlamento é mau de mais para poder ser aceite ou até mesmo descrito. Só faltou a agressão física. Só terão faltado os tiros. Mas lá tivemos o pior do ambiente de taberna. Lá tivemos a gritaria de quem acha que a política é a arte da guerra.
Eu suspeito que as coisas devem ter corrido mal ao dr. Jardim na sua mais recente excursão a Lisboa. Ouviu certamente das boas. Se não de Silva Pereira, pelo menos de Cavaco Silva. E, o que é pior, deve ter ouvido em silêncio. Como é próprio dos que sabem ser desmesuradamente fortes com os fracos e miseravelmente fracos com os fortes. Deverá ter trazido, em suma, demasiadas coisas entaladas na garganta. E como só é capaz de remir os desaforos em casa, vá de espernear em público, vá de arremeter contra quem não tem nem o tempo nem os meios para lhe responder à medida. Verdadeiramente heróico, senhor presidente. Como se sabe, aliás, que é seu timbre.
Não nos enganemos, porém. O dr. Jardim semeia a irracionalidade, mas fá-lo de forma planeada. Apela aos instintos, é certo. Porém, mede muito bem onde pretende chegar. O insulto, para ele, não passa de um instrumento. Do mesmo modo que a ameaça não passa de um meio. O que ele quis, com o seu execrável discurso de hoje, foi dizer aos berros a Lisboa que aqui quem manda é ele. Deixando, ao mesmo tempo, aos que vivem nesta terra, mais uma eloquente mensagem de que, enquanto por cá andar, a política não há-de passar da coisa insalubre e rasteira que todos televimos sem edição nem bola vermelha ao canto.
Bernardino da Purificação

6 comentários:

Anônimo disse...

AJJ, disse no parlamento que era, e iria continuar a ser mal-educado "para defender a Madeira": ele queria dizer "para ofender a Madeira".

AJJ, disse que só interviria na discussão do ORAM no parlamento se não houvesse baixo nível. AJJ, não suporta como todos sabemos, a concorrência. Porque todos sabemos que onde ele estiver o baixo nível está assegurado.

E a fanfarronada do dia: "Se eu fosse líder da oposição (Lisboa) já tinha derrubado o PM".

Anônimo disse...

"Quem nasce torto, tarde ou nunca se endireita."

Tanto o desaforado soba, como o eleitorado que sustenta a ignomínia.

Se a velada ameaça independentista, com que terminou a demagógica verborreia,se concretizasse, aí é que seria o bom e o bonito!

Donde viria o dinheiro, para os elefantes brancos e não só?!

Para quando o fim de tanta estupidez?!

Anônimo disse...

Quando a aguardente fala alto mais alto que a alma...!

É isto que temos, dado que efectivamente cada qual tem o que merece.

Unknown disse...

Sim senhor,bem dito.Este seu artigo retrata fielmente o que começa a afligir o AJJ. O homem começa a ver que por muito que grite,que berre,já ninguém no rectângulo lhe passa cartão. Afinal os miseráveis (que ele apelida da oposição)não passam dele próprio e do seu sistema.Qualquer dia a sua raiva será tanta que ainda ouvimos dizer que, para além do homem pirar,ainda lhe deu um ataque cardíaco.Cumprimentos

amsf disse...

Parece que afinal a crise não vai fazer mossa na Madeira, pelo contrário, segundo o Garcés, brevemente seremos contribuintes líquidos do orçamento de Estado. Só não sei se essa contribuição líquida terá a forma de água ou de vinho!

Anônimo disse...

Ai,ai,ai,ai,...
Água,águinha...
Deixe lá o vinhinho sossegado!