O dr. Jardim reduziu a uma trica de comadres o público desaguisado ocorrido no interior do grupo parlamentar do seu partido. Era de esperar. De um modo geral, o líder do PSD costuma classificar dessa forma todas as tensões que, num dado momento, parecem ameaçar a coesão interna do partido do poder. De um modo particular, o dr. Jardim classifica dessa maneira os conflitos que pode controlar. E, com o cuidado que lhe merecem as situações verdadeiramente especiais, é a isso que reduz todas as pequenas ou grandes querelas que fazem o favor de eclodir por determinação da sua presidencial vontade.
Nada de novo, portanto. Nem quanto aos termos utilizados, manifestamente já mais do que gastos. Nem quanto ao ar patriarcal com que se pretende colocar acima da turbulência plebeia em que por vezes se envolvem os que no partido lhe estão abaixo.
Não nos iludamos, porém. Um simples exercício de memória mostra-nos bem o que acontece à dissensão pública destituída de aval presidencial. E nem será necessário recuar assim tanto para recuperarmos do passado as cobras e lagartos que se disseram de Virgílio Pereira a propósito de uma sua discordância ocasional. Ora, é evidente que o mesmo não vai acontecer a Coito Pita. Não porque tenha um peso político específico superior ao que tinha Virgílio Pereira. Muito menos porque o PSD possa precisar mais dele do que então precisava do ex-presidente da Câmara. Nada disso. Nada vai acontecer a Coito Pita por uma cristalina, simples e nada extraordinária ou especial razão: o súbito e quase improvável opositor de Jaime Ramos é, na actualidade, um dos homens de mão do presidente do partido. A sua voz é, na maioria das vezes, a voz de Jardim. Os seus alvos internos são, praticamente sempre, os alvos dilectos do chefe de todos os pequenos chefes que por aí andam.
Insisto no que escrevi há dias atrás. Só a Jardim interessa ter Jaime Ramos debaixo de fogo. É uma forma de lhe minar as forças. O problema é que o facto de isso ser cada vez mais notório tem o efeito perverso de elevar internamente o estatuto de Ramos. Compreenda-se. Um líder só perde tempo com alguém da sua igualha, mesmo que recorra ao mal disfarçado expediente das interpostas pessoas.
Temos assim os primeiros passos de uma novidade na política madeirense. Pelos vistos, o PSD prepara-se para iniciar um período interessante e novo da sua já longa história. De definição de uma nova estrutura de poder. De redefinição dos seus alinhamentos internos. Porém, ainda é cedo para muitas conjecturas. Porque se é verdade que, nesta espécie de cara ou coroa, parece de mais aviso continuar a apostar na coroa, não deixa de ser igualmente verdadeiro que as moedas lançadas ao ar têm por vezes caprichos inesperados. Para não falar, já se vê, da união umbilical a que o destino e a força das coisas as condenou. Ou será que alguém pensa que Ramos é homem para se deixar descartar ou ir sozinho ao fundo?
Bernardino da Purificação
5 comentários:
Lá diz a sabedoria popular:
" Quem se mete com meninos ou com "madamas", sai borrado ou arranhado".
O espectáculo ainda nem começou...
Para quem não estiver dentro dos meandros da política madeirense, pode parecer estranho que um Presidente do GR que insulta tudo e todos sem olhar para a sua posição no aparelho de Estado, seja tão meiguinho para tão estranha e parola figura.
Mas tudo parece indicar que é essa pessoa que detém o verdadeiro poder e mexe os cordelinhos.
Sendo assim...
Senhor Coronel
Lá chegará o dia em que será voz corrente:
"Coitado! Ele era bom. Estava, e era, mal acompanhado."
Com mil raios!!! Onde é que já ouvi isto?!!!
Um abraço e bom fim de semana.
JR foi um elemento útil durante anos. Os tempos mudaram. Não tem já a utilidade doutrora. Pode o Grande Chefe tencionar "fazer-lhe a folha". Isso não será fácil pois as ligações tentaculares que JR cultivou minaram o poder do lider que, embora possa pensar o contrário, está prisioneiro de JR. Basta ver-se o modo cobarde como foi Miguel Mendonça abandonado pelo lider parlamentar do seu partido. A solidariedade de JR foi nula na desmontagem da "baraca" que aramara, até prova em contrário, com o beneplácito de AJJ.
Ai o PS!
Com Manuel Maria Carrilho devidamente encaminhado para a prateleira dourada da UNESCO, em Paris, as fidelidades socialistas acharam por bem arranjar um lugarzito para a sua esposa, D. Bárbara Guimarães. A apresentadora de televisão é o novo rosto do Millennium BCP, com contrato até 2010, anunciou hoje Armando Vara, ex-colega de Carrilho nos governos de Guterres e administrador do maior banco privado português. Segundo Vara, Bárbara Guimarães foi convidada para entrar na «família BCP» porque incorpora os valores do banco, entre os quais a «confiança». «Os portugueses confiam na Bárbara», disse o antigo funcionário do balcão da CGD de Mogadouro. Além de campanhas publicitárias, Bárbara Guimarães vai participar em acções de comunicação instituicional do BCP, a par de eventos de natureza social organizados pela instituição.
Moral da História: com a família Carrilho com uma boa vidinha, é menos um critico a falar mal do Governo. E não parece que vá ser o pequeno Dinis Maria, ainda sem «tacho», a chatear o Sócrates.
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