quinta-feira, 2 de outubro de 2008

A nova estratégia socialista

Parece que a política regional vai voltar a animar-se. Boas notícias. É do que a malta andava mesmo a precisar. Não há nada como uma boa cena de pancadaria política para espevitar os espíritos mais sossegados.
Então é assim. O PS acaba de anunciar que está finalmente disponível para fazer oposição ao partido do poder. Abençoada hora. Já era tempo de alguém no PS perceber que, por definição, missão democrática, e eventual proveito da colectividade, quem está na oposição deve fazer oposição. Que seja, pois, muito bem-vindo à função que deve ter, e que nunca deveria ter abandonado, no quadro da nossa vida política. E, já agora, votos de que as maçadas internas que têm vindo a dispersar-lhe as atenções lhe permitam deixá-lo totalmente liberto para uma acção centrada naquilo que verdadeiramente conta.
É claro que uma coisa são palavras e intenções, e que outra bem diferente são as acções. O crivo da prova dos factos há-de estabelecer as verdadeiras distâncias que separam umas das outras. E só ele vai demonstrar se o PS percebeu finalmente que o verdadeiro adversário está lá fora e não intramuros como tem estado até agora. É que, para mal dos pecados do PS, não basta que venha o deputado Vítor Freitas anunciar que o seu partido vai imprimir uma nova dinâmica à sua acção política, que pode passar pela possibilidade de pedir ao Presidente da República a dissolução da Assembleia Legislativa Regional. Como ele próprio certamente compreenderá, é preciso muito mais do que uma declaração sua para podermos ficar com a certeza de que o PS ganhou finalmente juízo e vai passar a fazer o que o seu estatuto lhe reclama que faça.
Ainda assim, vale a pena levar a sério o anúncio feito por Vítor Freitas em recente entrevista ao DN. O PS quer, pelos vistos, tomar a iniciativa e marcar a agenda política. Faz muito bem. E parece querer igualmente exercer alguma pressão sobre o Presidente da República, o que aparenta ser uma ideia inteligente. Mas como não há estratégia inatacável em todos os seus pressupostos lógicos, é bom que o PS-Madeira esteja preparado para responder à suspeita de que pode estar conluiado com o PS nacional numa manobra de ataque ao Presidente da República. No estado a que chegaram as relações entre Cavaco e o governo da República, essa hipótese faz sentido. E ganha uma verosimilhança adicional se considerarmos que o primeiro ponto de fricção entre o palácio de Belém e os socialistas do rectângulo assumiu a forma de uma intensa polémica sobre o estatuto autonómico dos Açores.
Embora não passe de um curioso destas coisas, suponho não errar se disser que quem planeia uma estratégia tem de ser capaz de integrar no seu plano todas as possíveis medidas de retaliação (as chamadas counter measures), sob pena de poder ser surpreendido por escusados e evitáveis imprevistos. E como não tenho a pretensão de ensinar o padre-nosso ao vigário, estou firmemente convencido de que o PS há-de saber o que dizer se um dia lhe atirarem à cara que um eventual aumento de pressão sobre o Presidente da República nada tem que ver com a política regional propriamente dita. Sinto-me por isso bastante curioso relativamente a todos os desenvolvimentos da anunciada manobra socialista. É que a avaliar pelo que disse Vítor Freitas, a política madeirense pode vir a ocupar brevemente um lugar central no debate político nacional. Ora, convenhamos que isso não é nada pouco para um partido que, pelos vistos, quer mostrar que tem um novo modo de fazer oposição.

Bernardino da Purificação

11 comentários:

Anônimo disse...

A Madeira no centro da politica nacional ?

O PS está apostado na ascenção politica do MP?

Realmente, dando de barato, que alguns "espiritualistas" "bruxos" e damais "advinhos",encontram-se no rumo certo, a Procuradoria parece que vai iniciar a leitura da cartilha regional aos burgessos dos nossos reconhecidos criminosos, isto mesmo depois da machista e hercúlea intervenção pública do Sr. Carlos Pereira, (grandes calças tem este verdadeiro macho ilhéu)

Realmente só através do MP, é que algum dia a Madeira poderá centrar as boas atenções do País e restante mundo civilizado.

Porque até lá, vamos ter de aturar os efeitos preversos que as ressacas originam na depauperada bilis do Grande Chefe, assim como os terriveis efeitos que a excassez de areia e outros compósitos semelhantes se fazem notoriamente sentir na abóboa que o Presidente do Glorioso, usa frequentemente em cima do pescoço.

E deixem andar o arraial !

Anônimo disse...

o pr ignorará o ps-m.
e depois...

Anônimo disse...

O PR jamais ousará beliscar o AJJ, muito menos agora em vésperas de eleições.

Pelo que será de grande sensatez, enveredarem por outras vias mais inteligentes.

Anônimo disse...

Por falar no MP, consta que o Ministério da Justiça, na sua recente visista à RAM, foi enrolado pelo "cantiguinhas" da Camara de Santa Cruz, tendo-se comprometido arrendar parte da nóvel Quinta Escuna.

Não entendo, a Quinta Escuna era propriedade da Fundação Social Democrata. Agora dizem pertencer a uma equipa de gente boa, comandada pelo conhecido Machado (da presidencia...mas existem outros...! ligados às Finanças e ao Banif)ao Garcês, ao Marques e claro ao inefável "Red Bull da Camacha", cujo amigo Fernando foi recentemente preso em Londres no meio de toneladas de droga.

Depois de sair do meio Social Democrata, a referida Quinta regressa indirectamente à casa paterna. Indirectamente, porque agora, se o Min. da Just. não ficar com parte desta, ela será totalmente arrendada à Camara de Santa Cruz.

Ou seja, uma jogadinha para fazer rodar dinheiro, para distribuir pela FAMIGLIA.

Consta que o negócio deveré ser condignamente festejado no Restaurante D. Pepe, recentemente adquirido por estes nóveis investidores. Ah, estão todos os interessados desde já convidados para o repasto que festejará condignamente este belo negócio, prevendo-se para o seu final, umas breves e singelas palavras do Grande Timoneiro e accionista do Grupo, Arqº Jaime Ramos.

Anônimo disse...

Para reflectir (e abrir bem os olhos):

De 1976 a 2000, a Região criou uma dívida, na ordem dos 550 milhões de euros, que foi assumida pelo governo socialista do engenheiro Guterres. Entre 2000 e 2008, num espaço de oito anos, a Região tem uma dívida que se aproxima dos 3.000 milhões de euros. Quase seis vezes mais...

Anônimo disse...
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Anônimo disse...

Pensei tratar-se de um "Blog" sério e honesto, afinal é o que é...!

Anônimo disse...

Sérios e honestos são seguramente os grandes responsaveis pelo total desacerto que se vive nas Sociedades de Desenvolvimento, conforme conclusões do Tribunal de Contas.

Quem vai pagar este enorme descalabro ?

Se as ditas fossem privadas, não tenho dúvidas que os seus Administradores seriam pessoalmente responsaveis, civil e criminalmente.

Como são públicas, o povo que se lixe...!

Anônimo disse...

Afinal há censura. Só por curiosidade, o lápis continua azul ou agora é "laranjinha" ?

Mesmo com censura, cimnhemos sem medos, como cantava o artista !

Anônimo disse...

Na Alemanha a Chnaceler avisou de viva voz, que o estado por esta presidido iria seguramente pedir responsabilidades aos maus gestores (maus para o Estado, optimos para eles próprio) pelas consequencias dos seus resultados.

Aqui na Madeira, será que o GR, solicitará responsabilidades pela crise actual, gerada pelo excesso de endividamento, o qual encontra-se aplicado em obras de deficiente retorno ?

Anônimo disse...

Os partidos, infelizmente, estão em plena autofagia. Os eleitores descrêem. Não os levam a sério. A Madeira é o exemplo acabado de como, para além dos combates viciados da ALM, o bloco central dos interesses se impõe nas decisões que interessam aos peixes graúdos do sistema.
Assim vai a vida da Alice no País das Maravilhas...