O insuspeitíssimo JM deu ontem um larguíssimo espaço ao discurso directo do conselheiro Monteiro Diniz. Nada a dizer quanto a este facto. Até os autonomistas mais empedernidos têm o direito de dar voz ao ex-senhor ministro. Sobretudo se o objecto da entrevista for a Autonomia.
Ora, foi isso que aconteceu. O JM estendeu a passadeira vermelha ao senhor representante. E este não se fez rogado. Sentou-se na majestática e habitual condição de catedrático da matéria e vá de debitar doutrina autonómica a torto e a direito. O controlo das leis assim. A Assembleia regional assado. O estado unitário para aqui. Os poderes do representante para acolá. Uma lição, em suma. Tanto para os autonomistas, como para os não-autonomistas. Sobre a Autonomia? Claro que não. Isso já seria pedir de mais. Apenas e só sobre aquilo que a erudição do ex-senhor ministro entende que sabe sobre a matéria. E as coisas que ela sabe...!
É tão vasto e magnífico o conhecimento do senhor conselheiro que ele até concede que no futuro pode perfeitamente desaparecer, sem sobrevir qualquer mal ao mundo, o cargo que ocupa. Mas eu, que estou sempre no contra, dei por mim a apontar-lhe uma lacuna no pensamento. Em toda a entrevista foi incapaz de explicar o que é que a Autonomia ganha com a manutenção presente do elevadíssimo e por certo patriótico cargo que faz o favor de desempenhar. Mas isso, é claro, não há-de passar de um mero pormenor. Aliás, tão pequeno que o solícito e educadíssimo entrevistadeiro nem sequer se deu conta dele. Só isso, presumo, pode explicar a total ausência de perguntas jornalística e politicamente interessantes. Isso, claro, mais a posição de cócoras em que o dito jornaleiro se pôs perante tão magno entrevistado. Ele foi vossa excelência para aqui, sua excelência o senhor Representante para acolá, numa demonstração de subserviência que a palavra chocante nem é capaz de traduzir com suficiência bastante. Uma lástima.
Curiosamente, a mesmíssima edição do autonomista JM inclui um artigo do dr. Jardim. Não foi para contrabalançar, posto que o nosso líder não precisa de contrabalançar o que quer que seja: ele tem literalmente ocupadas as páginas de opinião do jornal, sem remorsos ou meias-tintas. Mas não deixa de ser quase irónico que o artigo doutrinário do dr. Jardim contivesse uma exortação à resistência autonómica! Querem ver que, afinal, ao contrário do que para aí com maldade se diz, não é o dr. Jardim quem define a orientação política do jornal que há-de continuar a pagar até ao dia em que o mandar encerrar! Se calhar, e pelos vistos, andamos todos enganados. Ou então anda tudo às avessas e sem rei nem roque, que há outros aspectos da nossa vida colectiva bastante mais importantes. Como a segunda derrota consecutiva da direcção regional futebolística que dá pelo nome de Marítimo. Ou, quem sabe, como a preparação da acção judicial anunciada e prometida contra o juiz abelhudo Baltazar Garzón. Alguma coisa há-de ter sido. Mas que isto já começa a entender-se mal, lá isso...
Bernardino da Purificação
Um comentário:
AJJ vai perder em 2009 e 2011.
A aliança agora assumida publicamente entre PS-M e PND-M (através do deputado pintor de construção civil Coelho) vai dar uma vitória ao PS...
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