terça-feira, 29 de julho de 2008

Um mistério político-mediático

Espero sinceramente estar enganado. Mas a "estória" do novo jornal que está para chegar parece-me um bocado mal contada.
Concedo. O dr. Jardim, que lhe anunciou a chegada, não avançou pormenores. Limitou-se a dar conta do facto, e remeteu mais explicações para o editor do dito cujo. Assim, a bem dizer, não há propriamente uma história contada. Houve apenas um anúncio. Mas o facto de ter sido mais ou menos fugidio, assim como quem não quer a coisa, levanta suspeitas, traz água no bico.
Vamos lá a ver. Alguém acredita mesmo que o PSD era capaz de lançar um jornal sem antes apresentar o projecto, em todos os seus detalhes, ao dr. Jardim? Tenho a certeza que não. E alguém acredita que o dr. Jardim permitiria que o seu partido estivesse a preparar o lançamento de um jornal quase à sua revelia e sem o seu envolvimento directo? Só quem for ingénuo.
Acreditem. O líder do PSD sabe tudo tintim por tintim. Não só sabe o nome da nova publicação, como lhe conhece certamente o corpo redactorial e os prováveis articulistas, para além, claro está, do grafismo que a coisa há-de ter. E só há-de pensar o contrário quem não conheça o dr. Jardim, quem ande na lua ou habite outro planeta, ou então quem acredite que o PSD é um partido de decisões descentralizadas. Ora, como eu ando cá por baixo e sei, ou penso que sei, que o denominado centralismo democrático não constitui de modo algum um exclusivo do PCP, ouvi com desconfiança o anuncio do dr. Jardim. Até porque que não pude deixar de pensar que o presidente da agremiação laranja estava a esconder jogo na manga.
É claro que um dia destes há-de saber-se mais qualquer coisa. E não será, podem crer, o secretário-geral Jaime Ramos o arauto das próximas novas. Muito provavelmente, as passeatas estivais do dr. Jardim pelo areal porto-santense acabarão por explicar o que falta ainda explicar. A menos, é claro, que o DN já tenha na mão a garantia negociada de um pseudo-furo jornalístico de Verão, como se percebe que muitas vezes acontece.
Como quer que seja, o facto de Jardim ter propositadamente guardado o jogo dá que pensar. Que esconde ele, afinal? Como é bom de ver, a resposta seria óbvia se estivéssemos a falar de um jornal elaborado com intuitos comerciais. Porém, tratando-se de um órgão assumidamente partidário, de natureza, em suma, politicamente confessional, presumo não haver nem necessidade nem interesse em manter na penumbra das caves da Rua dos Netos os restantes pormenores que ficaram a faltar à notícia dada pelo dr. Jardim. A menos que o segredo, que as omissões de Jardim acabaram por transformar em quase mistério, se justifiquem por motivos que ultrapassam o mero interesse exclusivo da publicação cujo lançamento se anunciou para Outubro.
Eu quero acreditar que o ex-secretário-geral adjunto do PSD, Filipe Malheiro, não faltou à verdade quando escreveu no seu blogue que este novo jornal não terá nada a ver com o futuro do JM. Ele compreenderá, no entanto, que a gente fique de pé atrás. Não em relação à sua sinceridade. Mas sim em relação ao pleno conhecimento que possa ter sobre o assunto. É claro que é injusto pensar que um jornal como o JM pode vir a ser substituído por um órgão de um partido político. Porém, o facto de o partido do poder ter planeado o lançamento da sua folha para uma altura em que parece estar em causa a sobrevivência do JM é algo a que ninguém consegue ficar indiferente. Nem mesmo fazendo de conta que desconhece o grau de governamentalização existente na condução editorial do antigo jornal da Diocese.
Insisto. Não é justo admitir que o vazio que o JM venha a deixar possa ser preenchido por um órgão partidário. Porém, reconheça-se. Quem tem culpa dessa espero que improvável relação é quem tem olhado para o JM como mero instrumento de propaganda, e quem, não contente com isso, faz agora "caixinhas" político-mediáticas despropositadas acerca de um futuro que é já daqui a dois meses.
Bernardino da Purificação

Um comentário:

Anônimo disse...

Novo Jornal Oficial ?

Pelo menos na Guiné Equatorial, existem regulamentos que proibem a publicação de orgãos da comunicação social escrita.

Nesta RAM do alegado Povo Superior, o que falta, para que sejamos legitimamente classificados de um simples rebanho, dirigido pelo Dr. Jardim (Herói da cacetada e falta de educação) e coadjuvado pelo "Batman Banana Split" ?

Por falar em "Split" Banana, existem novidades ?