quarta-feira, 30 de julho de 2008

A cidade derrotada na arena

O ponto de vista, garanto-vos, não tem nada a ver com as minhas preferências clubísticas. Até porque o adepto nacionalista que sempre fui é incapaz de faltar ao respeito aos restantes clubes da terra. Sejam o Andorinha ou o Canicense. Sejam o Marítimo ou União.
Apetece-me falar, como se percebe, da ideia de entregar o estádio dos Barreiros ao Marítimo. Para dizer que não concordo com a medida. Por entender que a cidade é mais importante do que um clube de futebol, por muito respeitável que ele possa ser. E por achar que o Funchal nada ganha com a manutenção de um estádio de futebol numa das suas zonas mais nobres.
Dada a idade que tenho, recordo-me da forma como a cidade tem vindo a expandir-se nos últimos trinta ou quarenta anos. Lembro-me, em consequência, de como tem vindo a incorporar no seu seio terrenos outrora quase rurais que lhe ficavam na periferia. E não sou indiferente ao facto de se ter deslocado para oeste o seu eixo de crescimento urbano.
Não quero discutir aqui nenhuma das soluções encontradas no quadro do plano ordenador dessa expansão. Até porque ele, se calhar, andou muito mais a reboque dos acontecimentos do que lhes serviu de guia orientador. Limito-me, pois, a dar conta de factos. Que estão à vista de todos. E que, por isso mesmo, não deviam ser ignorados.
Devo dizer portanto que foi com atenta e interessada expectativa que li as primeiras notícias dando conta da possibilidade de o Marítimo ir jogar para outra freguesia. A ignorância da minha condição de leigo em questões de desenvolvimento urbanístico pensou ingenuamente que a cidade iria ter, enfim, a possibilidade de requalificar uma das suas áreas mais importantes. Dotando-se eventualmente de mais um espaço verde capaz de arejar a excessiva densidade habitacional do seu poente. Ou permitindo o desenvolvimento de qualquer outro projecto que pudesse casar, com harmonia indiscutível, a construção e o ambiente.
Pois bem, hoje esfumou-se a esperança. O DN divulga na sua primeira página o mais que discutível projecto da denominada Arena do Marítimo. Para começar, só o nome dá arrepios. Uma arena numa terra e num país onde os campos de bola não passam de modestos estádios de futebol! Depois são a aparente volumetria da coisa e os elevados custos do objecto. Finalmente, é a perpetuação, sem ganho aparente para a cidade e para os seus moradores, do quadro de constrangimentos habitualmente associado à existência, em terreno de grande malha e densidade urbana, de um campo onde se assiste e joga à bola.
Já sei que a discussão que há-de vir por aí acabará infelizmente por descentrar-se do essencial. Em vez de se discutir a cidade, há-de argumentar-se que a solução hoje apresentada há-de ser mais barata do que construir um estádio de raiz na periferia da cidade. E para dourar a pílula há-de acrescentar-se (o que, aliás, o DN já hoje começa a fazer) que a tal dita arena que se projecta há-de ser assim uma espécie de objecto multi-funções e multiusos. Falácias, pois então. Porque o Marítimo já recebeu do erário mais do que o suficiente para poder construir um estádio seu sem se sobrepor aos interesses da cidade. E porque os auditórios e coisas quejandas com que pretende alindar o pacote poderiam à mesma ser feitos num outro sítio qualquer.
Insisto, o problema para mim não é o Marítimo. É a cidade. E é também, como é evidente, a boa utilização do espaço e dos dinheiros públicos. Ora acontece que o CSM anda há décadas a esbanjar muito do dinheiro dos nossos impostos com a meritória e certamente lucrativa actividade de importar e exportar (muito mais aquela do que esta) profissionais sul-americanos do jogo da bola. E agora, se calhar como prémio de bom comportamento, vai ter a possibilidade de abocanhar um dos nacos mais suculentos de uma cidade cada vez mais comprimida, cada vez mais espremida. Para certa gente, planear é isto. O que é que se há-de fazer?!!
Bernardino da Purificação

2 comentários:

Anônimo disse...

A "Arena do Maritimo" causa comichão ?
Queriam se calhar, que o Estadio se chamasse o 600 Football (600, somente para ultrapassar a antiga e reconhecida unidade de conta) ?

Vocês não passam todos de uns pobres de espirito, aqueles obviamente que pretendem ver no GLORIOSO, o mau da fita.

Simplesmente já pensaram que a "Arena do Maritimo", não passa de um simples e maldoso "lapsus escrita" do DN ?

A verdade é este e só esta - A Areia do Maritimo.

Bem hajas, Carlos Pereira, Dr. Rui Nóbrega e as vossas "Off-Shores".

É ou não verdade que o Dr. Paz Ferreira, Esposos da Drª FRancisca, recentemente nomeada para fiscalizar o MP da RAM, recebe desde há longa data, uma grossa e volumosa avença do GR da RAM ?

É ou não verdade que todos os Madeirenses acreditam que a nossa justiça funciona em pleno ?

Alguem tem dúvidas ? Para o caso de existirem incrédulos, contactem a Fundação Social Democrata, para os simples problemas politicos, Para os caso juridicos, questionem aquele que saíu da RAM, sem constituir o DIAP, e com alguns dossiers clubisticos debaixo ou por dentro do braço ?

Anônimo disse...

Caro anonimo, vai-me desculpar mas não pretendo onde quer chegar.
Não gosta do Nacional, ou não gosta da Justiça ?
Olhe se por ventura a Drª Francisca ainda nada descobriu quanto às sociedades "Off-Shore" tituladas pelo Maritimo, acha que a responsabilidade é do Nacional ?
Peço-lhe um pouco mais de contenção nas suas conclusões.