segunda-feira, 28 de julho de 2008

Delírios e omissões do conselheiro Jardim

Foi frouxo, sim senhor. Jardim, afinal, prometeu e cumpriu. Aquilo não foi nada que não se tivesse já visto ou ouvido em qualquer parte. Mais os copos do costume. O dr. Marcelino do costume. O narcisismo de sempre. O Jaime Ramos habitual. O despudor useiro e vezeiro do chefe de cobranças dos nossos impostos. E, por junto, duas ou três frases mais picantes oferecidas aos media para lhes justificar a subida até à serra.
Por este andar, o Chão da Lagoa não passará qualquer dia de local de peregrinação. Devidamente vigiado pela tropa colonial. Provavelmente controlado pela PJ e pelo SIS. Acompanhado de perto pela PSP e pela Guarda Fiscal. Tudo, é claro, em forma de conspirativo aparato militar, para-militar e policial (uff!), organizado e dirigido pelo tenebroso cérebro oculto (os tribunais!) que comanda, em nome de Lisboa, todo este exército de ocupação colonial.
Haja paciência. É isto o que tem a dizer um conselheiro de Estado a quarenta mil dos seus mais fervorosos prosélitos. Se não desse directamente para o domínio do patológico, a coisa, convenhamos, até era capaz de ter graça. Mas como, apesar do delírio, faltaram as referências aos escuteiros, ao Sanas, às Guias de Portugal, aos corpos de bombeiros, às organizações do jogo do bicho, e a outros demais grupos congéneres, correlativos ou afins, prefiro não esboçar ainda qualquer sorriso, confiante de que um dia o dr. Jardim ainda nos surpreenderá com mais alguns degraus da escala do ridículo. O problema é que nessa altura o espectáculo também não há-de dar vontade de rir. Até porque, no mais das vezes, o patético dá pena.
Fizeram-me espécie, no entanto, duas outras referências e uma omissão. Primeiro esta. Ao falar do dispositivo de ocupação colonial que lhe povoa os sonhos e tolda o siso, o dr. Jardim não fez uma única referência ao representante da República. Será que há para aí qualquer aliança escondida entre o conselheiro Monteiro Diniz e o conselheiro de Estado Jardim? Querem ver que, afinal, é tudo farinha colonialista do mesmo colonial saco?!!! Mau. Arrepio-me só de pensar que a toupeira do centralismo possa ser o nosso folclórico líder. Mas como no discurso político as omissões falam e deixam ruído, aqui ficam a hipótese e o alerta. Em nome, já se vê, da Autonomia que prezamos.
Agora as duas referências. Primeira. Por uma qualquer razão que me escapa, o dr. Jardim não quer que a Guarda Fiscal fiscalize as operações portuárias. Eu presumo que ele há-de saber que, por definição, uma guarda fiscal é aquela que fiscaliza. Ora, não havendo outra, por que razão se incomoda tanto, o dr. Jardim, com a fiscalização da carga carregada e descarregada no porto do Funchal? Será que...? Será que...? Bom, o melhor é deixar assim a pergunta, que a sua simples formulação assusta tanto como algumas das respostas possíveis.
Adiante para a segunda. Nunca como ontem vi o dr. Jardim tão abespinhado com as ordens de Bruxelas. Ora, eu sou do tempo em que o líder madeirense fazia questão de mostrar à eurocracia bruxelense que os madeirenses eram quase mais europeus que portugueses. Aliás, semana sim, semana não, o dr. Jardim fecha o governo da Madeira e troca a ilha por uma escapadinha de vários dias ao centro político da Europa. Assim, ninguém há-de levar a mal que as suas comicieiras palavras me tenham provocado o espanto de que agora vos dou conta. O que é que a Europa passou a ter de mal? Ou não terá passado tudo de um afloramento nacionalista debitado de propósito para memória futura e para o que der e vier?!
Tem piada. Reparo agora que o Chão da Lagoa de ontem foi, afinal, mais interessante do que tinha inicialmente pensado. Ele há cada uma!!!!!
Bernardino da Purificação

Um comentário:

Anônimo disse...

Parafraseando Jaime Ramos, quando hà anos se referiu ao então Presidente da Assembleia da República, é mais do que real e verdadeiro que o Dr. Jardim, encontra-se velho e cafono (isto para não dizer, caduco e como tal empedernido). Alguém tem dúvidas ? Eu respondo, só mesmo o Dr. Jardim , porque no meio dos seus excentricos e reconhecidos devaneios, julga-se um JOVEM de setenta e tal anos, evidentemente...!
Daqui a vinte anos, se entretanto a Santissima Trindade e a justiça divina, não mantiverem em dia o seu sistema informático, o Dr. Jardim, para além de continuar a reconhecer-se como o politico mais jovem do mundo, irá negar a pés juntos que nunca colaborou com politicos que sovam e esmurram, diária e permantemente as suas leais e sérias mulheres.
Que mais nos irá acontecer ?