quarta-feira, 9 de julho de 2008

A incrível desculpa da guerrilha e da vingança

Ainda bem que o esclarecimento chegou. A bem dizer, o dr. Jardim nunca pretendeu ser recebido pelo presidente Chávez. Fez constar que sim, é verdade. Mas isso, como agora se percebe, teve tudo a ver com aquele módico de sonsice que é próprio da linguagem política de nível superior. Fiquei duplamente tranquilizado. Por um lado, fiquei a saber que, afinal, não há razão para se recear que o nosso mais alto representante político tenha sido ostensivamente desconsiderado. Por outro, reconfortou-me perceber que o nosso líder não é pessoa para se misturar com um dos alegados financiadores da comuna guerrilha colombiana.
Perguntarão: mas afinal onde é que este foi buscar estas até agora escondidas verdades? Homens e mulheres de pouca fé! Em primeiro lugar, à natureza imperativa e inequívoca das coisas: a história há-de ser sempre aquilo que o dr. Jardim quiser que seja. Em segundo lugar, aos documentos que conseguem o milagre de dar dos factos a aparência que mais conveniente for ao nosso chefe. Percebido?
Como o primeiro destes factores pertence ao domínio peremptório e indiscutível dos axiomas, passo de imediato ao segundo. Ora acontece que só hoje é que percebi a referência que o dr. Jardim fez às FARC no dia em que chegou. A minha não sei se atávica se congénita compreensão lenta despertou para a verdade cristalina dos factos quando se deparou com dois textos publicados no JM: um, de opinião, da responsabilidade de Luís Filipe Malheiro; e outro, escrito em forma de comunicado, com origem na Quinta Vigia.
Não pretendo, como é evidente, incorrer na injustiça de pensar que as duas peças possam ter sido articuladas. O livre pensador que todos sabemos que Filipe Malheiro é nunca aceitaria, julgo, combinações dessas. Mas o facto de em ambas se aludir à questão das FARC acabou por iluminar-me o espírito: o dr. Jardim nunca na vida quereria nada com gente assim. Nem directamente. Nem pela via indirecta de um contacto qualquer com um presidente de práticas democráticas nem sempre recomendáveis.
Temos assim, em suma, que o dr. Jardim fez de conta que queria encontrar-se com Chávez, mas no fundo o que queria era distância dele. Para desespero do PCP, amigo do peito das FARC e, logo, também do neo-bolivariano presidente da Venezuela. E, conforme assegura o comunicado da Quinta Vigia, para satisfação do Diário de Notícias, que tem assim mais um pretexto para, por vingança, dizer mal de Jardim.
Palavra que, com esforço, até sou capaz de compreender a substância de tão arrevesado argumentário político. Confesso, porém, que me escapa aquela da putativa vingança do DN. Como já é a segunda vez no curto espaço de oito dias que o dr. Jardim denuncia os vingativos propósitos do ex-diário da Rua da Alfândega, parece-me que já é tempo de uma explicação pública. Quer por parte da vítima presuntiva. Quer por parte do pressuposto autor. Até porque os sinais que nos chegam são contraditórios no que diz respeito às relações entre o DN e o dr. Jardim.
É claro que a malta sabe que com o DN e com o dr. Jardim acaba por ser tudo mais ou menos contraditório. A verdade de hoje há-de ser a mentira de amanhã. E a mentira do momento transforma-se depressa na verdade que interessa anunciar. Mas esta do DN pretender vingar-se do dr. Jardim, francamente, não lembra ao diabo. Até porque, não tarda nada, ainda acabaremos por vê-los de mãos dadas no projecto editorial que há-de um dia suceder ao já quase finado JM. Mas isto, claro, não hão-de passar de devaneios. Porém, podem crer que serão seguramente mais verosímeis do que todas as desculpas esfarrapadas com que o dr. Jardim e os seus prosélitos pretendem disfarçar a rotunda inutilidade política da sua deslocação à Venezuela.
Bernardino da Purificação

2 comentários:

Anônimo disse...

Amigo Bernardino, alguma vez teve dúvidas que o objectivo principal do AJJ, é viajar à custa do erário ?

Quanto tempo passa o dito na Madeira durante um ano civil ?

Quantas despedidas Já efectuou ?

Os Madeirenses, dos quais faço parte, são efectivamente um "povo Mediocramente Superior".

Quantos de vós conhecem Lisboa e outras cidades europeias ? Pois bem, o Nosso Presidente conhece-as como habitante das mesmas, a expensas nossas, através da sua hospedagem semanal em hoteis de cinco estrelas, (os hoteis de 6 e 7 estrelas, ainda não funcionam no seio da Europa.

Alguma vez, meu querido conterrâneo, teve acesso prévio e à posterior dos relatos e contas das viagens semanais do nosso DESPOTA ?

Anônimo disse...

Uma só questão, já que trata-se da primeira vêz, que visito este "Blog".

Com que então o nosso Querido Presidente Dr. Alberto João, tem de justificar as suas viagens em prol do desenvolvimento desta Região ?

Já não hà pachorra para tanta falta de vergonha e agradecimento !