Se as notícias não mentem, a coisa é ainda mais grave do que eu supunha. Já não se trata apenas de um problema de incoerência. É mais sério. Começa a ser já um problema de preocupante desnorte.
Medite-se bem nesta assombrosa sequência.
Quando fez constar que poderia candidatar-se à liderança do PSD, o dr. Jardim preconizou a reconstituição de uma aliança entre os dois partidos da direita e do centro-direita. O argumento foi o de que só dessa forma se poderia combater essa erva daninha que mina a lusa pátria e que dá pelo nome de socialismo à moda do eng. Sócrates.
Pouco tempo passado, depois de ameaças várias, de recuos aparentes, e de uma saída pela direita literalmente baixa, o dr. Jardim assestou as baterias contra aqueles que, no PSD, gastam mais tempo guerreando-se a si próprios. A justificação foi a de que o combate que vale a pena deve ter como único alvo essa fonte de todos os males passados, presentes e vindouros que é o socialismo que se esconde por trás do sobredito eng. Sócrates.
Ainda nem tinham assentado os ecos de tão patriótico puxão de orelhas, e eis o dr. Jardim a declarar ao país em geral e ao PSD em particular que a dra. Manuela Ferreira Leite não será mais do que um ás de trunfo do situacionismo nacional. Com ela, lacrimejou o líder madeirense, o supracitado eng. Sócrates pode ficar descansado quanto ao póquer eleitoral do próximo ano. Obviamente para aumento da desgraçada tragédia nacional.
Mas como, pelos vistos, ninguém se comoveu com tamanhas provas de amor pátrio e de cuidado com o futuro, o dr. Jardim resolveu mudar de ideias e dar o dito por não dito. E onde antes via uma erva daninha passou a ver um sinal de esperança. E o que antes apontara como fonte de todos os males presentes e passados passou a ser uma razoável plataforma em direcção ao futuro: se ao eng. Sócrates faltarem deputados para uma nova maioria absoluta, anunciou com desvergonha o dr. Jardim, na Madeira haverá pelo menos três que lha poderão assegurar. Em nome, imagine-se, do interesse nacional.
É claro que o dr. Jardim não explicou como é que se consegue passar de encarnação da desgraça a solução política aceitável. Assim como também não nos disse que vantagem pode haver em votar no PSD se a ideia é garantir uma maioria absoluta ao PS. O dr. Jardim, aliás, já nada explica ou esclarece. Limita-se a dizer coisas. Sem escrutíneo nem contraditório. E eu começo a ter já muitas dúvidas de que ele ainda consiga pôr um pouco de ordem nas suas próprias ideias. O que lhe vale é que no país em geral e no PSD em particular vai havendo cada vez menos gente preocupada em escutá-lo. Se ao menos optasse por uma cura de silêncio...
Bernardino da Purificação
Um comentário:
É a versão madeirense do queijo Limiano...esperemos que o AJJ não tenha que fazer uma greve de fome para receber as contrapartidas dos votos dos seus deputados à Assemb. da República.
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