Confesso que não gostei do tom com que Miguel Albuquerque falou aos funchalenses. Diz quem o conhece que um dos méritos do presidente da Câmara é o de ser capaz de interagir de uma forma agradável com os munícipes. Não ponho isso em causa, apesar de entender que esse não é um mérito por aí além - é uma obrigação. Ontem, porém, o cavalheiro em questão surgiu aos nossos olhos, no jornal da TV, com uma arrogância que me impressionou. Como se, de repente, o verniz que gosta de exibir tivesse, ele também, ido com as várias enxurradas que atascaram nos últimos dias a vida da cidade. Ora, é preciso que alguém explique ao senhor presidente de uma Câmara, que corresponde, em termos populacionais, a cerca de metade da Região, que as capas de verniz devem servir para todas as ocasiões, e não apenas para as de bom tempo. Ser afável nas visitas e nas festas, mas pesporrente nos momentos adversos, é coisa que não fica bem. Muito menos a um presidente de Câmara, que é, como se sabe, a instância de poder mais próxima dos cidadãos. De maneira que não gostei da forma altaneira e peremptória com que sua excelência, em jeito de condenação, decretou ser ilegítimo e pouco sério qualquer balanço de culpas. Até porque, em manifesta contradição com o que antes dissera, não se coibiu logo a seguir de responsabilizar os munícipes. Como se fossem estes os culpados do cenário quase veneziano em que o Funchal mergulha cada vez que chove mais do que sua excelência, lá do alto do brasão que ostenta e da pianola que toca, acha que deve chover. Há munícipes imprudentes? Claro que há. Mas quem fiscaliza? Quem tem os meios de detecção e prevenção dos problemas? Também os munícipes? Acaso quer o senhor Presidente que os cidadãos "virem" bufos e controleiros das condutas imprudentes alheias para facilitar a vida à Câmara que dirige? Haja pachorra!
Bernardino da Purificação
2 comentários:
Bem vindo à blogosfera...
Estando aqui na Irlanda não vi a entrevista do presidente da CMF e ainda não tive oportunidade de ver no videos da RTP.
Por isso vou falar do sei. Ele é das pessoas mais próximas da municipes, como deve ser. É alguém sempre disponivel a ouvir os problemas dos municipes e pronto a resolve-los... Por isso não será por uma situação que tudo o que fez vai por aí abaixo, ou é?!
Parece que temos aqui um verdadeiro orador político!
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