domingo, 4 de outubro de 2009

Os quatro cavaleiros do apocalipse

Apesar da chuva que nos entope as sarjetas e inunda de passeantes os centros comerciais, tenho andado a cismar na coragem física e política dos senhores doutores Albuquerque e Jardim. E já não tenho dúvidas: somos um povo com mais sorte que juízo. Porque temos ao leme um timoneiro que não vacila. E porque atrás dele há-de vir alguém da mesma igualha.
Conservo na retina as gratas imagens que me ofereceu o jornal televisivo de sexta-feira. Recordo, por exemplo, que uma simpática e solícita menina nos informou que a população havia rechaçado as manobras provocadoras de uma horda apostada em maçar a paciência dos senhores doutores atrás citados. Retenho igualmente a imagem impressiva do edil funchalense, qual Guevara da nossa celebrada modernidade, jurando intrepidamente que nunca se deixaria intimidar. Mas visualizo, sobretudo, o garbo do nosso presidente quando, num píncaro de galhardia, e depois de temerariamente dispensar a protecção policial, resolveu fazer frente à terrível provação que o ameaçava. Senti orgulho, podem crer. E não pude deixar de pensar que, com líderes assim, o futuro só pode ser bom.
Imagino que os maldizentes do costume começaram já a fazer pouco. E como lhes conheço a propensão para a maldade, até lhes consigo adivinhar os argumentos. Vale uma aposta? Então tomem nota. Em primeiro lugar, hão-de dizer que o nosso senhor presidente estava muito bem acompanhado por uma turba ululante de mais de uma centena de pessoas previamente arregimentada. Depois, vão jurar que, apesar da ordem dada, a polícia não arredou pé, não fosse o desvario colectivo descambar em guerra civil. E hão-de garantir finalmente, com óbvios requintes de contradita, que não houve ameaça nenhuma. Como se quatro cavalheiros empunhando uma tarja com uns dizeres oportunos pudesse algum dia ser coisa pouca. Ou como se a câmara de vídeo que um deles agitava não devesse ser considerada uma arma perigosa, estratégica, letal.
Receio bem que a nossa política de trazer por casa tenha resvalado de vez para o plano inclinado da confrontação física. Quando um exército de quatro (sublinho, quatro!) agentes subversivos decide perturbar a paz morna em que vivemos, acompanhando um acto público em espaço igualmente público, só podemos recear o pior. E se esse formidável exército de quatro belicosos samurais resolve juntar à expressão numérica que tem a utilização de tarjas e câmaras de vídeo (meu Deus, que refinada exibição de malvadez!), só podemos esperar que o terror se instale.
Felizmente, é com genuíno alívio que o digo, não foi isso que aconteceu. A pronta, democrática e tolerante acção popular (como quase nos disse a solícita menina do telejornal) conseguiu conter as primeiras arremetidas dos meliantes. Os senhores doutores no início referidos acabaram por fazer o resto. E se uns deram expressão física à ira legítima que os possuiu, os outros recorreram à contundência da coragem, da expressão e do verbo. O que vale, porém, é que todos se irmanaram na mesma histérica reacção. Unidos em fraterno abraço de preservação da ordem estabelecida. Abraçados no mesmo inflamado espírito de tolerância democrática. E os intrusos ficaram assim a saber que podem vir com quatro, com três, com dois ou com um. Nada conseguirá derrotar o ânimo desta singular aliança entre uma centena de dependentes arregimentados e o autocrático poder que temos. Nem tarjas. Nem câmaras de vídeo. Nem presenças impertinentes em actos públicos.
Bernardino da Purificação

14 comentários:

Andesman disse...

Jardim num acto de desconhecida "coragem" dispensou a sua segurança pessoal? Pudera, não era a sua segurança que corria risco; mas sim a segurança do "bando dos 4". Ora se a policia se fosse embora as coisas ficavam mais fáceis! Estatégia meus senhores! Estratégia!!!

Anônimo disse...

Nada mais certo. A polícia estava apenas para atrapalhar, pois como vimos e ouvimos(na internet como é óbvio), o resto da escumalha tinha carta branca para avançar com agressões físicas.Deprimente.

Anônimo disse...

Essa solícita menina deve ser a mesma que informou neste último sábado que Machico era agora "um concelho que tinha atingido a maturidade política, pois já tinha sido um concelho socialista e agora era laranja, pese embora alguns focos de resistência..." ah, rica jornalista!

Anônimo disse...

Uma vez mais a democracia ficou de luto, diria mais, está moribunda. O poder absoluto, despótico e ditatorial do presidente de todos os madeirenses foi mais uma vez confirmado.O presidente ao incentivar os actos violentos, recorrendo a populares deixou esta terra conhecida por ter um presidente com manias de poder vitalício, ameaçador e castrador. Até quando? Resta-me solidarizar-me com o Baltazar Aguiar. Força PND.

Anônimo disse...

Lamento ter que escrever algo, aqui, a propósito do Dr. Alberto João.
Lamento por ser negativo, ou seja, esta atitude de se dirigir a um agente da autoridade de forma indigna - como em tempos fez Mário Soares, de dentro de um autocarro, no Continente. Revela uma arrogância intolerável. Porque é do Presidente do Governo Regional que se espera exactamente o contrário - respeito, educação,..., princípios, afinal.
Não gostei. E o seu bom nome, Dr. Alberto João, fica desnecessariamente atingido, quando devia - sempre - estar ligado ao admirável trabalho que tem feito pela Madeira.
Não gostei!

Anônimo disse...

A Felgueiras perdeu. Valha-nos isso. Um pequeno raio de esperança. Tornado mais ténue pela eleição de Isaltino e do nosso sempre querido Alberto.
Cada vez me convenço mais da pauperidade do nosso grandioso Portugal.

Anônimo disse...

E este Bernardino, perdeu-se no apocalipse dos quatro, ou purificou-se mediante D. Quixote ?

Anônimo disse...

Mas que pergunta, caro anónimo!
Tão difícil ela é desde a raiz, que, pensando por exemplo em termos "futebolescos", eu diria ser coisa para uma resposta de 1X2.
For' os ameaços!

Anônimo disse...

Caros comentaristas, desenganem-se e lembrem-se da maxima, ajoelhou beijou, pois é o nosso peitudo Bernardino, efectivamente ajoelhou no vasto jardim da sua gulosa e envergonhada visão e nessa inusitada e evangélica posição, solicitou o seu arrepiado e sentido perdãoo a São João Evangelista,aquele que ele sempre reconheceu como o Purificador Jardinista.

Mais palavres para quê ?

Anônimo disse...

Afinal...esta coisa nunca mais anda?!!!!!

Francisco da Bica

Anônimo disse...

E não é que se finou mesmo!?!!!!!!!

Francisco da Bica

Anônimo disse...

outros interesses se alevantaram para o bernardino...

Anônimo disse...

Não acredito que o dito se tenha "finado", até por que o seu " gargal" manda algo de respeito, pelo menos para os mais açanhados "bananistas".

O Dr. Rui Fino, trata-se de um grande cidadão, e como tal, certamente fará para em sede propria, impor a sua reconhecida e legitimada "cidadania".

Anônimo disse...

Realmente o pior cego, trata-se daquele que não quer ver.

O gargal da criatura que heroicamente esconde-se atrás do bernardino, funciona como o gargal da jarra, serve só para lhe enfiarem flores.

Perguntem ao individou, como é que uma reles desempregado, faz a vida que faz.

Seguramente não dança no ferro...!

Diz quem sabe, que os grandes maçons, sempre repudiaram publicamente a sua organização...será que no laranjal, também existem individuos que praticam este tipo de filosofia ?