sexta-feira, 8 de maio de 2009

Mistérios de campanha

Gosto do ambiente festivo das campanhas. Não há depressão que resista a umas quantas toneladas de cartazes. Não há crise que não ceda perante a força assertiva da frase criativa. É disso que gosto. Da imaginação à solta. Da cor berrante sem rédea. Do arraial apelativo do bacalhau a pataco.
É claro que a democracia era bem capaz de dispensar grande parte das pequenas fortunas que nestas alturas se gastam. Se houvesse imaginação e decoro, creio bem que partidos e candidatos seriam capazes de estabelecer um contacto com os cidadãos não necessariamente mediado por um sem número de frases dispendiosas com escasso ou nenhum sentido. Porém, compreenda-se. Há uma pequena indústria que não vive sem o lado cénico da política. De modos que o mais certo é que ninguém pretenda agravar os males importados ou endémicos desta perpétua crise nossa de cada dia.
Permitam-me no entanto o atrevimento de um desabafo. Ando maçado com a falta de qualidade daquilo que vejo. Já que as campanhas nos custam os olhos da cara, acho ter o direito de exigir que os partidos façam mais do que cumprir calendário. Dizendo coisas que a malta entenda. E tendo a decência de não se apartarem da realidade. Ora, em geral, o que se vê é o contrário disso.
O PS, por exemplo, exibe o dr. Vital acompanhado de uma frase enigmaticamente inacabada. "Nós, europeus" é tão só o que diz a curiosa sentença. Sem o favor explicativo de um verbo. Sem a graça qualificativa de um complemento. Um problema sintagmático, em suma. Que me deixa perplexo. Que quase me exaspera de dúvidas. Que me faz abrir a boca de espanto perante a densidade esotérica do marketing político.
Já o PSD é mais palavroso. A frase que acompanha o cavalheiro-que-está-no-lugar-que-era-para-ser-do-dr.-Sérgio (desculpem, mas não lhe fixei ainda o nome) sentencia que somos cada vez mais europeus. Mais do que exaltar a clareza da mensagem, rendo-me à sua evidente oportunidade. Porque, pelos vistos, a percepção da nossa identidade tem andado um tanto à deriva. Se calhar, do mesmo modo que temos tido o futuro ao sabor do vento. Mas pronto. As nossas dúvidas existenciais estão agora esclarecidas. É verdade que o cartaz laranja (o tal que era para ter o dr. Sérgio, mas que transporta, ao invés, um substituto que os eleitores um dia destes hão-de ter o privilégio de conhecer) nada nos diz sobre as razões de tão súbito reforço dessa nossa magnífica condição. Aposto, no entanto, que neste caso o mistério é filho da modéstia. Acreditem. A verdade-verdadinha é que nós passámos a ser mais europeus no preciso dia em que o dr. Jardim tomou a decisão de passar metade do seu tempo em Bruxelas, ou em outras cidades afins, fazendo sabe-se lá o quê.
É dos livros que um povo há-de ser aquilo que for o seu líder. Humilde, no entanto, o dr. Jardim finge que não é nada com ele. E assim dribla a maçada de explicar-nos aquela coisa indecorosa do PIB empolado e pantomineiro que ele usa em seu proveito na Europa, mas que na realidade nos vai penalizando o desenvolvimento, a economia e os bolsos.
Bernardino da Purificação

20 comentários:

Anônimo disse...

Caro Bernardino não se esforce ingloriamente em tentar perceber aquilo que é manifestamente imperceptivel.

Mais concretamente,nós ou os outros, mais ou menos europeus, trata-se obviamente de discutir o virtual dentro dos limites do exoterismo, dado que hoje, verdade verdadinha, venha o Dr. Sergio ou este novo desconhecido, a realidade é que à custa da justificação europa, o sr. Dr. Jardim e o seu séquito (já sei, trata-se de uma simples senhora) continuarão a viajar injustificadamente pelas sumptuosas salas dos reais cinco estrelas, e descansar o esqueleto (porque não são de ferro) nas finas sedas dos lencois dos seus finérrimos quartos de dormir.

Mais que isto, para quê ?

É por isso que a campanha poderia e deveria ser mais modesta...a não ser que por detrás daquelas poderosissimas maquinas, se encontre o famoso Abreu...nem mais, advinharam, aquele do "dá cá o meu"

Anônimo disse...

Faz-me pensar que todos os nossos secretários têm por trás um Abreu (ou uma). Um sponsor que na altura certa lá aparece a dizer, como disse o nosso grande líder há uns anos "ajudei, ajude-me!. Já a gaja (o séquito) é mais do tipo "da-me que eu dou-te". O facto de chamar-se Abreu é pura coincidência.

Anônimo disse...

Caro Comentador, será só coincidencia ?

Eu explico melhor, o(a) reconhecido(a) "Abreu", só recebe, não dá nada a ninguém. Ora na altura do campeonato em que se encontram estes dois intervenientes, o que é que o "Abreu" poderia dar ao outra, de forma que ele apreciasse e se satisfizesse.

Graganta...como dizem aqueles que não são burros, nem...

Anônimo disse...

Caro Bernardino.

Considere-me, se tiver por bem, um admirador dos seus textos tão magnificamente escritos e ponderados. Dá gosto lê-los e pensar sobre eles.
Estou, todavia, muito preocupado com o seu blog. Não pelo teor dos seus "posts", mas sim pelo baixo nível a que vêm descendo alguns dos comentários e comentadores. Parece que, alguns deles, estão mais preocupados em falar da vida alheia, num verdadeiro exercício de má-língua, bilhadice, raiva insana, reveladora de má formação pessoal, ressabiamento, quiça, de inveja ou vingança, que não faz bem nem aos próprios mentores.
Para não continuar a degradar o nível a que o seu magnifico blog nos habituou durante estes longos meses,porque não experimenta, pelo menos durante um certo tempo, dipensar os comentários e os comentaristas, quaiquer que eles sejam, incluíndo eu próprio que pela primeira vez me intrometi nestas liças?
Irei perder a leitura de comentários sérios como os que Fernando Vouga fazia mas que (porque será?), últimamente se vão tornando mais raros. Aceito, porém, de bom gosto, esse sacrifício, para ter o previlégio de continuar a acompanhar as suas deambulações pelo estado da vida pública regional.

João do Cerrado.

José António Silva disse...

É realmente mau e uma maçada ter que vir falar para junto da populaça. Textos doutos e que revelam superior meditação e ponderação não são certamente destinados aos da minha laia, pelo que peço desculpa se sentirem que estou e poderão eventualmente estar, outros da minha laia, a usurpar um local destinado a mentes mais superiormente iluminadas e esclarecidas. Com este último post sinto-me o porco da expressão "pérolas para porcos".
Sinto-me a peúga branca do fraque.
Devem então escrever na entrada "Entrada reservada a ´socios e amigos do dono".
Meus senhores, convençam-se de uma coisa. A Internet, com todas as suas qualidades e defeitos, é o único sítio em que existe democracia neste planeta. Pelo menos ainda.

Anônimo disse...

Caro Jose Antonio Silva,parabens, estou consigo, até porque a minha limitada cultura, jamais fez parte do "cerrado"

Anônimo disse...

Este "cerrado" anónimo ou anonimo "cerrado", apresenta-se da mesma forma, que uma tal D. Bruder, também anonima, se apresentou hà poucos dias atrás.

Disse uns imperceptiveis disparates e depois desapareceu, para mais tarde surigir a D. Bruder em pessoa, despida do anonimato.

Será que o identificado Cerrado, também vai despir o seu anonimato e surgir identificado por Cerrado ?

Anônimo disse...

Mas afinal, que é o "Cerrado" que descobre "insanidades" nos comentários deste magnificiente "Blog" ?

Será que este tal do "Cerrado", encontra-se mandatado por um tal das "cerejas" e outros dos "anzois", em tempos representado por AJJ ?

Coitados, o que saberão eles de viagens...!

Realmente tem razão, quem se julgam estes comentaristas, para comentarem a mais valia da volupia adquirida nessas faraonicas viagens.

Para já não têm qualquer experiencia e tecnica para o efeito, e depois se tivessem, também não poderiam comentar por uma questã de ética, como disse algures, o tal de "Cerrado"

José António Silva disse...

Na minha opinião, a Madeira, a política e até mesmo o PSD, precisam de mais Sérgios Marques. O que o homem fez, a atitude, é de louvar. E não voltou atrás, o que nesta terra é mais estranho. Mas isto, vamos perceber mais tarde. Vai agora o Nuno Teixeira (porque vai mesmo, não é?) com a quele olhar inteligente de quem mira o infinito, o além-horizonte. Enfim, uma asneira das grandes da única pessoa importante daquele partido (outra para juntar às tantas, de resto). O homem brinca com uma terra e com as pessoas que nela vivem e trabalham para as suas famílias. A seu bel-prazer. Conforme lhe apetece. E manda e desmanda, sem sequer se perguntar se é aquilo que as pessoas querem e precisam. O homem já nem vê ninguém. Passa a vida a olhar-se ao espelho. Como se tudo fosse ele e por causa dele. A vaidade, a vaidade. A soberba. E que mau que lhe fica. E que mal nos fica a nós madeirenses, nos continuarmos a deixar que esse porco glutão nos represente.

Anônimo disse...

Consta que o "Magalhães" hoje oferecido pelo Primeiro ao Dr. Jardim, foi dotado de maior capacidade, de forma a poder organizar os programas das viagens secretas do ora obsequiado.

Será mesmo verdade ou trata-se de mais um boato da opisição ?

Fernando Letra disse...

Desculpe a intromissão.

É 'pantomimeiro' e não 'pantomineiro', que se diz e escreve.

É que a asneira tantas vezes repetida acaba por se tornar 'lei', e isso eu não aceito.

Cumprimentos

Bernardino da Purificação disse...

Agradeço a atenção que o levou à intromissão. Mas se tivesse tido o cuidado de consultar um dicionário da língua portuguesa teria certamente evitado o atrevimento de uma "correcção" disparatada e, portanto, indevida. De qualquer modo, grato por ter aparecido. Divirta-se.
B. da Purificação

Anônimo disse...

Não se dispersem com minudencias estéreis...logo agora que o Grande Bokassa, depois da "unica pessoa importante", nesta coisa, autoproclamou-se ontem, Imperador do Aeroporto de Santa Cruz.

Certamente cargo assumido por inerencia de Imperador da Mamadeira.

Albertus Litas Bokassa, Imperador da Mamadeira do Aeroporto e além Céus (como antigamente na monarquia)

Anônimo disse...

O comportamento do nosso ilustre Fuhrer João Jardim no aeroporto da Madeira revela o tipo de autonomia que temos. Tudo lhe pertence e cuidado de quem ousar discordar. Já agora, onde estava a restante "AfriKa Korps"?

José António Silva disse...

Ninguém pode saber porque foram em viagem secreta.

Anônimo disse...

O Patético e grosseiro Presidente da RAM, uma vez mais, mostrou à saciedade o seu verdadeiro caracter.

Primeiro, declarou que iria receber de braços aberto o Eng. Sócrates.

Durante a sua estada, comportou-se dentro dos limites das capacidades e competencias, mais concretamente, policiou a gare do aeroporto e absteve-se de dizer palavrões.

No dia seguinte, após a partida do Primeiro, o Senhor, certamente enfrascado de poncha, abriu a "cloaca" e disse o que lhe faltou de coragem para dizer de frente e ao proprio.

Este exemplar de criatura politica, trata-se efectivamente da vergonha das vergonhas.

Sempre votei até à data no PSD, mas desta feita ganhei definitivamente juizo.

Anônimo disse...

rademedrQue pena...foram os eruditos e ficaram os sofredores...aqueles que fazem diariamente conta ao andamento do seu ordenado.

Pensavam esses intelectuais ao serviço férreo e controlador do inimputavel do AJJ, que aqui discutiam-se os assuntos, entre uma chávena de chá e uma torrada...desenganem-se, aqui falaremos da forma mais adequada aos ouvidos dos ainda defensores desse exemplo préhistórico do sobredito AJJ.

Falinhas mansas, não é connosco.

Anônimo disse...

Este "pantomineiro" do Sr. Letra, não quererá "pantominar" fora do "pantominete" ?

José Leite disse...

Você parace aquelas pessoas que entram no supermercado e compram tudo: vítimas do despesismo galopante!

Fernando Vouga disse...

Caro João do Cerrado

Concordo consigo e agradeço-lhe a sua observação.
Por vezes perco a vontade de comentar, pelas razões que refere.
Porém, este silêncio deve-se apenas ao facto de, durante duas semanas, estar ausente e não ter tido acesso à Net.
Voltarei a comentar logo que ponha o meu sono em dia...