segunda-feira, 16 de março de 2009

Tudo como dantes

Gente amiga e obviamente crédula assegura-me que foi praga. Uma semana inteirinha impedido de escrever, explicaram, só pode ser coisa ou do mau olhado ou das artes clandestinas de vão de escada. A menos que me tenha vacilado a vontade, o que não foi (ainda) manifestamente o caso. Coisa impressionante. A vida da gente nas mãos electrónicas de sistemas high tech. Mas há, não obstante, quem prefira a irracionalidade das explicações do oculto.
Diga-se, no entanto, que nada se perdeu. A prosa que agrada a uns quantos é a mesma que uma imensidão de outros detesta. E, para além disso, a vida política madeirense anda cada vez mais parecida com uma telenovela brasileira - os episódios acontecem todos os dias, mas ninguém perde rigorosamente nada quando se salta uma semana.
É verdade que circularam por aí notícias sobre as (más) contas do PSD. Ao que parece, há uma relação não documentada de transferência de verbas entre o partido institucional da Madeira e a Fundação Social Democrata. So what? O fenómeno é novo? Alguém vai investigá-lo? Podem as autoridades judiciárias da Região pegar a sério no fio que a entidade fiscalizadora das contas dos partidos conseguiu agora inconsequentemente levantar? Sinceramente não creio. As prioridades são outras. E, a bem dizer, ninguém está para grandes maçadas.
É verdade também que o grupo parlamentar do PSD resolveu puxar o tapete a dois dos seus deputados. Um dia qualquer de um futuro que não se antevê próximo, vão ambos prestar contas à Justiça por actos praticados nas actividades que antecederam as actuais funções parlamentares que desempenham. Mas isto, convenhamos, nem merece ser notícia. Numa democracia normal não se perderia tempo a discutir o assunto. As contas que um deputado deve aos costumes por actos não relacionados com a vida parlamentar são exactamente iguais às de outro cidadão qualquer. Nem mais, nem menos. E não há regime de imunidades sério que as possa diferenciar.
Concedo, no entanto, que o episódio pode ter ingredientes suculentos. Com promessas interessantes no que diz respeito aos seus desenvolvimentos futuros. Mas com sugestões, também elas curiosas, sobre as putativas razões que lhe terão estado na origem. Como a malta da política adora matar o ócio consumindo as meninges em teorias da conspiração, há já quem jure, sabe-se lá com que intenções, que a singular acontecência deve ser tida à conta do alegre fratricídio em que andam esgadanhados alguns dos suspeitos do costume. Será?
Quanto ao mais, meus amigos e prezados inimigos, isto não ata nem desata. A crise resvala na couraça erguida pelo trabalho de casa do nosso dr. Cunha. O dr. Jardim continua a fazer mistério sobre os candidatos às autárquicas na esperança de que ao dr. Albuquerque se lhe estale o verniz. O líder transitório do PS anda por aí a fazer não se sabe bem o quê. O dr. Vieira prossegue a nobre e casamenteira cruzada que consiste em amancebar as volumetrias do dinheiro com os interesses dos munícipes. E o Marítimo continua a levar-nos o dinheirito nesta época de verbas curtas, salários em atraso e concorrência desleal. Ora, perante a incandescência parda de tão previsível quadro bordado e pintado em tons de pastel não é a ausência de uma semana que faz perder o fio à meada. Maçadora, isso sim, é por vezes a dependência do high tech. Ou das artes ocultas em esconsos vãos de escada, vá lá a gente saber...
Bernardino da Purificação

3 comentários:

Anônimo disse...

A falta de novo texto fazia já semtir-se. Vivemos,é certo,em terra onde se aplica o aforismo: tudo como dantes, quartel em Abrantes.
Temos, porém, de reconhecer que alguém fez calar o (a) nosso(a) "Bruder" de estimação elemento de transcental importância para percebermos certas posições. O desespero do(a)nosso(a) interlocutor(a)em encontrar resposta para algumas das questões ora levantadas, dado que o recurso ao insulto já não colhe, determina o silêncio.
As coisas encaminham-se para que mais cedo que tarde surjam respostas, sob as mais diversas formas, contra a vontade do guardião do templo .

Anônimo disse...

Caro Jorge Figueira

E diz muito bem! A Dona Bruder faz falta. Ou não estamos no "Terreiro da luta"?
Bem sei que as suas mensagens não tinham substância, mas mostravam à evidência quão amargas eram para o Laranjal as verdades do nosso Bernardino da Purificação.
Quanto às "respostas" de que fala, parece-me que já estão a aparecer... sob a forma de calhoadas nos carros da comunicação social não afecta ao Regime.

Anônimo disse...

Os jornalistas escrevem "caca" a dita Donzela, auto apodada de Bruther, consta que anda entretidissima em casa a maciar o pelo da sua pobre mulher...e são efectivamente estas as grandes novidades que correm...hà é verdade, o Municipio de Camra de Lobos, entrou em total solvencia tecnica, porque, pasmem óh gentes, executaram uma estrada de milhões ao arrepio das instruções da UE. Maldade, imaginem que a moda pega, e lá teremos o pobre do banana a pedir ingresso no proximo foguetão para o espaço.