quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

O catecismo da Madeira Nova

Não sei se por má consciência, se em obediência a um insondável impulso de outra ordem, a generalidade dos políticos passa a vida a intoxicar a opinião pública com a ideia de que as suas opções têm uma espécie de aval superior. Todos dizem que agem em nome do povo. Mas como o dito povo nem sempre (em alguns casos quase nunca) se dá conta da bondade intrínseca das mezinhas que lhe dão, os políticos procuram alindá-las com a unção da autoridade. Atribuindo-lhes uma inspiração divina, nos casos de patologia política evidente. Emprestando-lhes a bênção furtada de um pensador notável, quando é razoavelmente laica a perversão democrática.
Como na Madeira, e apesar de tudo, a patologia é moderada, os governantes que temos prestam culto a Keynes. Não há marina do Lugar de Baixo que lhe tenha passado ao lado. Não há heliporto sem helis que não tenha beneficiado da sua divina inspiração. Não há Penedo do Sono às moscas e em quase ruína que não lhe tenha obedecido à cartilha. Não há parques empresariais sem empresas que não lhe tenham pedido o aval. Não há, enfim, iniciativa privada que não tenha de ceder o passo à voracidade do sector público que não leve, para cúmulo, com a sebenta do John Maynard em cima.
Estou em crer que o dito Keynes se há-de contorcer na tumba em desassossegos lancinantes sempre que o seu nome é evocado em vão. E tenho a firme convicção de que nunca lhe passou pela cabeça, em vida, que o labor do seu pensamento viesse um dia a ser alvo de tantos e tão flagrantes abusos. Mas isto, claro, sou eu a pensar. Como sei tanto de economia como os senhores drs. Cunha e Jardim parecem perceber de governação, faz-me impressão que se chame keynesianismo à irresponsabilidade política pura e simples. E como de teoria económica nem o nome percebo, não consigo deixar de pensar quão notável é a erudição atrevida de certa gente que por aí anda a consumir-nos os recursos, a testar-nos a paciência e arruinar-nos o futuro.
É certamente tolice minha. Mas aposto que o supracitado John Maynard nunca defendeu que o Estado devesse asfixiar a economia em nome do lançamento ou relançamento da dita. Do mesmo modo que me atrevo a afirmar a leiga e por certo tola convicção de que o sobredito Keynes jamais defendeu que o Estado devesse chamar a si a quase totalidade dos meios financeiros disponíveis. Mas isto, insisto, só podem ser coisas minhas. Se o dr. Jardim se afirma keynesiano, quem sou eu para dizer que ele anda enganado no catecismo. E se o dr. Cunha assegura que a sua pulsão obrista delirante e louca se encontra abençoada por um vulto notável do pensamento económico, quem sou eu para dizer o contrário. Permito-me, ainda assim, lembrar-lhes que o plano de investimentos públicos com que a economia norte-americana saiu da crise de 29 (esse, sim, inspirado em Keynes) só foi eficaz porque o dinamismo gerado ficou praticamente todo dentro de portas. Ao nível do emprego. Ao nível do consumo e da revitalização do mercado interno. Ao nível do estímulo ao sector produtivo. Rigorosamente nada parecido com o que acontece cá. Porque nos limitamos a consumir o que vem de fora. E porque praticamente pouco mais produzimos do que dívida pública e meia dúzia de turbo-milionários. Só que, pelos vistos, em nome de Keynes. Abençoado catecismo!
Bernardino da Purificação

9 comentários:

amsf disse...

No tempo das vacas gordas, contrariando a teoria, Keynes tudo justificou, agora, em tempo das vacas magras, o sr. Keynes foi apanhado de bolsos vazios!

Anônimo disse...

O Dr. Jardim e "El coño" Keynesianos ?

O que sabemos efectivamente é que o primeiro gosta de "jaquét" e o segundo de espanacar a esposa.

É isso que significa ser "Keynesiano" ?

Cuitado do Keynes que tanto se esforçou a ensinar as soluções para crises dilemáticas da economia, mais concretamente quando a depressão se unia à deflacção.

Pois é, "quem te manda a ti sapateiro, tocar rabecão"

Anônimo disse...

O Senhor da Purificação tem uma queda para os floreados.Para as torceduras.Confessa-se um enjoado da politica, mas aspira os seus vapores que lhe são afrodisiacos. Cada regime tem os seus Pessoas, e as suas cartas intimas.Este é Ilheu, e como todos os ilheus não gosta de o ser, mas finge não passar sem a Ilha.Zombe ia, troce-se, imagina , bilharda .Não treina a equipa , mas é treinador de esplanada. Aquilo lixivia-lhe a alma, purifica-o.Estes seres seráficos engendram sempre os seus Demonios , razão última das suas existências anónimas.Pouco importam quem o sejam.Constroem os seus casulos em qualquer suporte, desde que no final se revejam borboletas.São seres da virtualidade.Quando a realidade os sacude, desfazem-se.Mas entretanto, e até esvoaçarem no nada,contemplam-se na Perfeição de si mesmos." Espelho meu, espelho, quem é..." ?
Bruder

Anônimo disse...

Oh! Como é lindo!
OH! Como é enternecedor!
Gosto mesmo deste Burda..., perdão,Burder...,raios, Bruder.

Se a Inveja fosse uma partitura,e, a Subserviência,ao Bock,uma orquestra, estaríamos perante uma das melhores perfomances sinfónicas de todos os tempos!

E não é que este Burda... Anónimo se atreve a falar na "razão última das suas existências anónimas"?!

Mas, numa coisa, tem toda a razão:
O espelho é mesmo seu.
E reflete a "superioridade" em todo o seu esplendor!

Anônimo disse...

Para Bruder

Minha senhora

O autor deste blogue colocou aqui, para debate, as suas ideias e
todos nós temos o direito de concordar ou discordar.
Porém, há que distinguir entre discordar e fazer ataques pessoais.
Discordar é útil porque dá ao leitor uma visão mais alargada do tema em questão. Fazer ataques pessoais é deselegante e dá uma imagem tristíssima de quem os faz.
É pena que tivesse enveredado pela segunda modalidade. Porque todos nós gostaríamos de saber quais são as suas ideias sobre o assunto.
Ou será que as não tem?

Anônimo disse...

Senhor Purificação
Começo a ficar assustado!
Pelo que me é dado entender, parece-me que os meus netos e bisnetos(que ainda hão de nascer)já estão com uma dívida em cima das costas!
E não há Abono de Família que os valha!
O que me aborrece solenemente é que me rogarão todas as pragas do mundo por não ter tido a coragem de correr à vassourada os vampiros que... ajudei a eleger para nos desgovernar!
À distância de gerações, só me resta pedir-lhes perdão.

Unknown disse...

Aqui afiança-se que a geração vindoura tem de ser solidária e pagar os calotes que lhes vamos deixando,pois têm obra feita,(estradas,túneis,pontes,mamarrachos,etc,)e não podem se queixar.Será que os nossos filhos e netos não terão outras ideias e objectivos a atingir durante a sua vida?Será que poderão viver a sua vida normalmente,quando já nascem hipotecados?Infelizmente é a pura e dura realidade que vão encontrar,como prenda deste "povo superior" e desta social-democracia à AJJ.

Anônimo disse...

Este tal de Bruder, é mesmo bruto.

Melhor, trata-se do verdadeiro estereotipo do esquecido "Boque", o tal que de "banheira" alugada, exibia ciencia financeira aos pobres dos nativos que tinham que periodicamente "alombar" com as suas "Boquices".

Bruder, vai mas é pregar para os teus,dado que já só faltam poucas semanas conforme o DN, e deixa-nos em PAZ, ao menos aqui neste "pequeno reino".

Tchau Bambino !

Anônimo disse...

Será que o tal de Bruder poderá convencer "El coño" a preparar uma nova esposa, isto na senda das conclusões do seu naco de prosa, ontem vertido no DN desta terra, o qual fazia gala à sua futurista visão. Sim...já que o dito é futurista, hà muito que deveria ter advinhado, que a sua esposa, mais dia menos dia, terá de ser substituida, dado que se não for por ela, será seguramente pela massagista, a qual já não consegue esconder tanta mazela...!