Vá lá, dr. Jardim. Atreva-se. Mostre a ousadia que tem. Afronte o situacionismo nacional que tanto tem denunciado. Decida-se. Mergulhe de cabeça na política a sério. Não quer fazê-lo? Compreendo. A maçonaria não deixa. A comunicação social também não. O eixo Lisboa-Cascais muito menos. E o bloco central dos interesses anda mesmo à espera de lhe dar uma boa coça. Sendo assim, faça-nos um favor. Acabe com as rábulas. Deixe-se de ameaçar muito e fazer muito pouco. E, já agora, perceba de uma vez por todas que o seu lugar é aqui. Nesta política pequenina onde só há lugar para quem manda. Nesta refrega de campanário mais ou menos acomodada ao polimento lustroso dos seus modos, à sereníssima expressão da sua vontade, à suavidade aveludada do seu estilo.
Note. Quem, como vosselência, tem a seu crédito a proeza de criar dependentes como quem faz o milagre da multiplicação dos servos não pode pura e simplesmente virar as costas e zarpar para outras paragens. Não só é preciso cuidar dos órfãos, como parece pouco cristão puxar o tapete aos comensais que, a seu convite, se sentam consigo à mesa do nosso orçamento. Pode ser que lhe doa. E acredito até que isso lhe possa trazer imensa infelicidade. Mas acredite, meu caro dr. Jardim: a política madeirense é um cálice que vai ter de tragar até à última gota. Porque o futebol profissional precisa de si. Porque a política de transportes marítimos não o dispensa. Porque as vias litorais e expresso, e as demais correlativas ou congéneres criaturas, exigem o aval da sua presença. Porque as sociedades de desenvolvimento não aguentam o amparo único do notável estadista que chamou para seu vice. Porque há mais meia dúzia de centros cívicos por fazer. Uma mancha de laurissilva por destruir. Um pedaço de frente-mar por descaracterizar. Uma ilha para continuar a esburacar.
Santa paciência, dr. Jardim. Conforme-se ou não com a tristeza da perspectiva, vossa mercê não tem outra saída. O seu lugar é junto dos seus. De maneira que lhe peço encarecidamente: deixe-se de fitas. Trabalhe. Comece a preocupar-se mais com as competências que tem e menos com as que diz que ainda lhe faltam. Dê atenção à crescente pobreza que já nem consegue esconder-se. Analise como deve os trágicos números da escola que nos envergonha e hipoteca o futuro. Repare que as desigualdades aumentam apesar das carradas de euros que nos caem em cima. Olhe com atenção para as dificuldades do nosso tecido empresarial. Observe o desemprego que sobe. As falências que aumentam. O turismo que soluça. Em suma, comece a governar com os meios que tem. Demonstre de forma positiva e em actos que é vantajoso para todos aprofundar e alargar a autonomia que temos. E deixe-se de subterfúgios. E acabe com as rábulas. E ponha termo aos números de mau circo em que incorre cada vez que deixa cair a sugestão de que é desta que vai atirar-se à política nacional.
Ou então, dr. Jardim, decida-se de uma vez e vá. Mande às urtigas os dependentes dos milhões da bola. Marimbe-se para os que têm feito consigo a Madeira Nova de realizações notáveis, obras discutíveis e exclusões evitáveis. E, ao menos uma vez na vida, tenha a coragem de assumir riscos. Como sou tão modesto a pedir como indigente a pensar, só lhe peço que resista à tentação de participar activamente na escolha do seu sucessor. Não é por nada. Mas suspeito que a paródia seria assim bastante maior.
Bernardino da Purificação
18 comentários:
A verdade é que o Dr. Jardim só poderá continuar a servir devidamente os seus comensais se se dedicar à política nacional. Que melhor posição para melhor servir os seus començais e provávelmente a Madeira que a posição de Primeiro Ministro!? Conquistanto essa posição fácilmente poderia resolver os problemas financeiros e orçamentais que criou à Madeira nos últomos anos. Para isso bastava-lhe um mandato, também não acredito que o conseguisse renovar!
É verdade que a coragem de S. Exª. esgota-se no verbo fácil e, às vezes, arruaceiro. Não vai além disso. Neste preciso momento creio que vive a situação da raposa com as uvas verdes. Dava-lhe, pessoalmente, muito jeito apanhar o avião e dizer aos "companheiros": Adeus até ao meu regresso. Não pode! Está prisioneiro da teia que criou.
Está na hora de surpreender-nos e tirar da cartola aquele "número" sugerido a Vírgilio Pereira: "o bom governante faz obra sem dinheiro".
Dava-lhe jeito até perder eleições. Os milhões para a bola e outras loucuras quando faltassem seriam da responsabilidade dos vencedores...
Amigos o Dr. Jardim de que falam, é aquele que eu conheço ?
Ou seja, mais concretamente, trata-se daquele que se pela de medo de processos judiciais ?
Daquele que depois de tentar expulsar o Sr. Silva, agora mendiga-lhe reuniões ?
Daquele que depois de ultrajar barbara e vilmente o 1º Ministro, colocou-se a sua total disposição para o defender nesta Região, a troco de uns miseros trinta dinheiros ?
Daquele que depois de ser reconhecido por Bokassa, agora reconhece o seu nóvel admirador, como um grande democrata ?
Daquele que já injuriou e difamou toda a classe politica nacional, mormente os seus companheiros de partido...e agora está outra vez de rabinho no ar, a ver se pela miolionéssima....vez, se lembram que o dito existe ?
Deixem-se de tretas, o Dr. Jardim sempre pretendeu protagonismo, mas sabe e muito bem, que fora da Madeira, vale zero abaixo de zero.
Senhor Bernardino da Purificação
Antes de mais permita-me que o felicite pela substância e pela qualidade literária da sua escrita.
Creio que, de há um tempo a esta parte,o sentimento que,de forma ainda imperceptível, se vai avolumando,relativamente ao perene chefe do governo,é o de PENA.
Cada vez mais, a sua postura política, se assemelha à velha "patroa", que, frente ao espelho,esborrata os lábios e polvilha a face enrrugada,em desesperada e frustrada recusa da decadência.
Há quem diga que o Respeito de um Homem Sério vale mais que as ovações de multidões acéfalas.
Destas, tem-nas muitas. Mas,o Respeito,daquele,jamais o terá.
É,ou não,de ter PENA?
Gostei desta afirmação que o respeito por um Homem sério, vale mais que as ovações de multidões acéfalas.
Será seguramente a peregrina tese resultante desta e de outras conclusões semelhantes, que impedem para mal de todos nós, que o Dr. Jardim algum dia seja minimamente reconhecido e respeitado, fora da Ilha.
Caro Sr. Benardino da Purificação
Com toda a honestidade, tenho a comunicar-lhe que fico mais que pasmado com a qualidade e acutilância dos seus escritos. E também com uma certa dor de cotovelo por não me sentir capaz de produzir textos, tão excelentes como consoladores. O consolo justifica-se por vermos que há ainda alguém que consiga ver claro perante este autêntico nevoeiro que paira, teimoso, por todo o lado.
Mas, não posso deixar de lamentar o facto de toda esta linha de opinião se afundar num elemento tão enganosamente aberto ao público. É que, na realidade, os blogues, pela sua exagerada proliferação, pelo descalabro de alguns "autores", acabaram por cair na categoria de um subproduto a que ninguém com responsabilidades dá a mínima atenção. Isto agravado pelo facto de vivermos num país em que a comunicação dita social está desacreditada, tanto pela falta de qualidade como pela subserviência aos poderes instalados.
Penso que vai sendo altura de o meu amigo (perdoe-me o atrevimento) sair da toca e de se arranjar uma maneira de divulgar "preto no branco" o seu pensamento político, em ordem a desmascarar e acabar de vez com esta triste ditadura do partido mais votado e dos seus acólitos.
BOA Fernando Vouga! Muita gente se revê nestes textos. "O Embuçado", sem qualquer sombra de dúvida, é pessoa, pelo que tem vindo a expressar como seu pensamento, digno de ser considerado amigo por todos aqueles que estão ficando fartos deste pântano que é a sociedade madeirense.
Assim vale a pena. Aqui debatem-se os verdadeiros problemas dos madeirenses e não estratégias mais ou menos viciadas de conquista do poder.
Caro S. Bernardino da Purificação
Perante esta corte de incondicionais diria que só necessita de ser director do JM e contar com a bênção do bispo para iniciar uma longa carreira política! LOL!
Carissimo Bernardino, já não é a primeira vez que aqui o digo, desvende a face e assuma de peito feito a notavel qualidade dos seus brilhantissimos comentários.
Aceite sem receio, esta legitima porque deveras merecida, onda de apoios que aqui lhe são postados.
Há, não se esqueça, que o povo sabiamente diz de hà longa data, que vozes de burro não chegam ao Céu (isto, obviamente a proposito do inepto e infeliz comentário, antecedentemente postado)
Senhor da Purificação
Ciente de tanta pouca-vergonha já tinha decidido não voltar a votar no pêpêdê. O pê ésse do mentiroso também não leva o meu voto(não é que, o descarado, quer a maioria absoluta outra vez!!!)
Mas,vendo bem,acho que não é justo ser a oposição dos mais pequenos a depenar a esquelética franga que o futuro nos oferece.
Ainda é cedo,mas,se não aparecer gente séria,como é que descalço esta bota?!
"Anônimo disse...
Há, não se esqueça, que o povo sabiamente diz de hà longa data, que vozes de burro não chegam ao Céu (isto, obviamente a proposito do inepto e infeliz comentário, antecedentemente postado)
6 de Janeiro de 2009 19:48"
Caro anónimo
A massa de pessoas a quem convencionamos chamar de povo nunca foi sábia, nem nunca o será!
Este burro não tem a pretensão de que a sua voz chegue ao céu porque não acredita na sua existência!
Quanto ao culto da personalidade a que se assiste, estou convicto de que os "grandes homens" só o são quando nos pomos de joelhos perante eles!
Que se diga que o nosso anfitrião, pela qualidade literária que revela, possa vir a ser um grande escritor vá lá, agora extrapolar para outras áreas sem que se conheça verdadeiramente a pessoa é um exagero! O nosso único Prémio Nobel da Literatura, Saramago, a Primeiro-Ministro, já!
Senhores Comentadores
Vou pedir-vos um grande favor:
Não se maltratem nem confundam quem lê este magnífico blog.
A única voz de Burro aqui é a minha e de mais ninguém.
Ah! Outra coisinha: Também teria muito gosto em conhecer o Autor dos escritos, mas, acho que é um "bocadinho" violento pressioná-lo para que revele a sua verdadeira identidade.
Quando e se o entender, transportará a sua clarividência para um outro domínio(o partidário ou movimento cívico) onde a sua acção possa, eventualmente, ser mais eficaz.
Mas essa é uma decisão que só àquele senhor dirá respeito, não acham?
Senhor Bernardino, como sabe nesta terra, a propaganda, as manobras de diversão, as cortinas de fumo e a contra-informação; ou seja, a "acção psicológica" do tempo da guerra colonial, ainda resultam muito bem. Um dia qualquer, porque tudo tem um fim: AJJ deixará não só a presidência do GR, mas efectivamente o poder. Aí, haverá mesmo "guerra", até aqui apenas muitos tiros de pólvora seca. O povo saberá de coisas que nem vai acreditar. Não vai acreditar nem vai querer; porque não quer aceitar que foi enganado e não percebeu.
O gabinete de propaganda, vai "distribuindo", que AJJ pode vir a ser líder nacional: se AJJ decidisse avançar acabava a farsa.
Caro Amigo AMSF, o Bernardino não precisa de explicar que se trata de um grande escritor...coisa diferente é se o dito, quer ser uma grande politico.
São realidades diferentes,quer na reconhecida qualidade, quer no destino a assumir...!
E normalmente incompativeis... no nosso triste quadro regional. Acrescentaria eu...!
Sr. da Purificação.
Duas letras, e que Nosso senhor o tenha em boa saúde.Deixe-se na escrita e não vá em tentações politiqueiras.Ser politico é ser antes de mais mentiroso, arteiro, traiçoeiro,sem-vergonha.O Purificação é um escriba.Um observador.Observe então, e escreva.Já verá o senhor, se assim Deus e a medicina o querer que os que venham atrás serão ainda piores.E necessitamos de um Purificação para descrever os estados de alma e assim suportarmos a canga .
Boa saúde, e cuide da esposa.Com tanto saco de letras ainda a perde por alguma esquina da Vida.
Bruder.
Mau, então agora os comentaristas viraram ameaçadores.
Caro Bruder, pelo que sei o nosso estimável Bernanrdino, tem capacidade suficiente para cuidar da Ex.mª Esposa, sem descurar as letras, em saco onde se encontrarem.
Mais, faz tudo isto com a mestria reconhecida por todos, sem necessidade de sovar a dita Esposa.
Agora embrulhe como bem entender...e passe bem, dado que po cá não faz nenhuma falta.
Tchau Bambino...!
Senhor Purificação
Está enganado!
O AJJ é uma velha raposa que aprendeu e conhece todos os truques da baixa política.
Deu um passo em frente(para lembrar que estava aí),e,lançada a "sebastiânica promessa",recuou,o bastante,para minar e aguardar o inevitável e previsível estoiro da Baronesa.
As desorientadas tropas(as tais,maioritárias,que lhe faltavam)anseiam pelo General que as conduza à vitória!
E,no seu seio, começa a consolidar-se a convicção que, a dita personagem, será a única capaz de reunificar a dispersa e esfrangalhada cacaria.
O tempo o dirá.
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