quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Uma questão de estado

É extraordinário como nem as crises são capazes de gerar novidades que se vejam na política madeirense. Uma pessoa sai por uns dias desta santa terrinha. Regressa quatro ou cinco dias mais tarde. E constata com aliviado desalento que, mais coisa menos coisa, está tudo mais ou menos na mesma. Jardim vocifera nos intervalos das suas cada vez mais frequentes deslocações a Bruxelas. Cunha e Silva lacrimeja e protesta por tocarem nas suas queridíssimas SD's. Ventura Garcês, participante acidental deste filme, promete nem ele sabe bem o quê. O director das nossas regionalizadas Finanças selecciona os seus alvos segundo critérios que só ele e os senhores que serve conhecem. A oposição esgadanha-se toda nessa estimável competição que consiste em ver quem consegue dar o tiro mais certeiro num porta-aviões que já parece um queijo suíço, tal a quantidade de rombos que tem. A têvê que temos mantém-se imperturbável na sua mui meritória função de nos entreter com programas assumidamente ridículos e cómicos, embora pretensamente informativos. O "nosso" Marítimo, por obra e graça do dr. Jardim, e o meu Nacional, por afecto imperativo de vários anos, não desistem desse magnífico propósito de se aniquilarem um ao outro. E, no meio disto tudo, a malta que observa vai tocando a vida para a frente. Como pode. Como deixam. Como consegue. Entretanto, lá de fora chegam continuamente notícias de uma crise que passa notoriamente ao lado dos nossos governantes. De todos os lados chovem apreensões várias que nos apertam os bolsos perante a bonomia impávida dos que, em proveito próprio, ostentam o mandato de representação que colectivamente lhes outorgámos. E, cá em baixo, a malta continua à espera das boas notícias que nunca chegam, bem como das medidas que já nem os crédulos acreditam que algum dia possam chegar.
O CDS tem razão: apesar da legitimidade reforçada nas últimas legislativas, este governo não foi, não é, nem nunca há-de ser capaz de anunciar uma medida de ataque aos efeitos da crise.
Carlos Pereira tem razão: com alguma capacidade técnica, com interesse pela coisa pública, com vontade de produzir ideias e governar de facto, é possível engendrar uma boa meia dúzia de medidas práticas susceptíveis de darem alguma respiração à nossa economia.
O PS tem razão: Cunha e Jardim só têm de queixar-se de si próprios por terem conduzido a Madeira por atalhos pouco recomendáveis.
Todos, afinal, temos razão: esta coisa já se tornou demasiado cansativa para ser minimamente suportável.
No entretanto, porém, o dr. Jardim vai despachando as maçadas em que nos meteu com a notável afirmação que está cada vez mais farto do estado. O dr. Cunha confessa que ocultou dos contribuintes e dos eleitores, durante quatro meses, o relatório demolidor do Tribunal de Contas sobre as meninas dos seus olhos já certamente cansados, as famigeradas Sociedades de Desenvolvimento. E se não é o sol que ainda nos deixa ir à praia, estávamos mesmo bem arranjados: isto não teria mesmo ponta por onde se pegasse.
Já agora, e a propósito: o dr. Jardim ainda continua por cá? Se sim, porque não aproveita para visitar o estado dessa coisa notável que é o legado material do seu já desacreditado vice? Já que tanto gosta de falar do estado, porque não experimenta falar desse?
Bernardino da Purificação

9 comentários:

amsf disse...

Efectivamente ele anda por cá (excepcionalmente) a recalendarizar as obras junta das compreensíveis autoridades autárquicas. Já não chama deslizar as obras mas recalendarizar...

Unknown disse...

O Robertinho do Porto Santo diz que as transferências do orçamento de estado para as autarquias é uma medida eleitoralista do governo de JOSÉ SÓCRATES, por causa das eleições do ano que vem.E as visitas paroquiais do seu grande chefe AJJ pelas câmaras da região,para "RECANDARALIZAR" as sua "benditas" obras,o que é? O vice já admite rever as suas célebres sociedades de desenvolvimento?,afinal "a porca" já vai parindo qualquer coisa...

Anônimo disse...
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Anônimo disse...

Afinal o tal de Bernardino, não passa dum possivel amanuense do "Estalinista Regime Jardinista".

A dúvida, é se o lapinhos do por certo mandatado "capador", será mesmo laranjinha , ou ainda segue as regras azulinhas do nosso querido Antonio de Salazar.

É que sendo laranjinha, fácil será identificá-lo. Ou é PSD ou então é tecnico da laranjada a copo da ECM, não confundam com cerveja à pressão.

E viva o Laranjal...sempre sem medos e que adoeça o proximo traidor...!

Pão, paz e bilhardade...! Só para os do SUPERIOR

José Leite disse...

Enfim! O «Estado a que chegámos!»

Unknown disse...

Diálogo lido algures entre dois ignorantes, em que o segundo não sabe escrever a palavra incentivo, mas acusa o primeiro de não saber escrever:

Aproveita o descanço para te didicares a Agricultura. Ja vimos que para a politica nao tens jeito.

16 de Outubro de 2008 05:35

E tu vê se aproveitas para também estudar um pouco mais de português!

E na mesma obrigado pelo insentivo. Comentários como estes são os que mais motivação me dão para continuar na política!!!...

RR

Anônimo disse...

SOU ASSIDUO LEITOR DESTE BLOG. ACHO-O BEM FEITO. O TEMA HOJE TRATADO É DE UMA ACTUALIDADE INQUESTIONÁVEL. AS AVESTRUZES DO PARTIDO MAIORITÁRIO CADA VEZ ENTERRAM MAIS A CABEÇA NA AREIA. FOGEM, COMO O DIABO DA CRUZ, DAS BORRADAS QUE INVENTARAM PARA NÓS PAGARMOS. O CHEIRO A POLVÓRA (TÃO AO GOSTO DO SOLISTA NA DEFINIÇÃO DE RAIMUNDO QUINTAL) JÁ NÃO O ESTIMULA PARA AS TAIS IDEIAS QUE DIZ POSSUIR MAS SE NÃO VÊEM. ALGUÉM SABE ONDE FICA A ILHA QUE HÁ ANOS IA FAZENDO FALIR A CEF SE NÃO FOSSEM "OS CUBANOS" VIREM REPOR O DINHEIRO DOS DEPOSITANTES QUE ALGUÉM USOU E NÃO TINHA MEIOS DE PAGAR? NÃO, NÃO FOI A ISLÂNDIA ESSA É RECENTE. O (A)VENTURA GARCÊS VAI USAR O MESMO ESTRATAGEMA PARA PAGAR OS CALOTES DAS SD'S? ELE VAI TER A CAIXA AGRÍCOLA...

Anônimo disse...

vamos analisar a abstenção nas eleições dos açores

amsf disse...

A conclusão que tiro destas eleições açoreanas é que os cadernos eleitorais estão a necessitar de uma limpeza! Dos 50% de abstenção mais de 20% estão emigrados. Lá como aqui ninguém está interessado em fazer essa limpeza pois as transferências do OE dependem do nº de eleitores de cada autarquia! Devia ser o Estado a promover essa limpeza pois não se pode esperar que os beneficiados com este estado de coisas o façam!