O dr. Miguel Albuquerque anda desaparecido. O dr. Jardim andou ontem por aí, mas é como se já não andasse em lado nenhum. O dr. Cunha e Silva aparece quinzenalmente na revista do DN. A gente olha para os jornais, sintoniza a rádio, liga o televisor, e nada. Nem uma palavrinha sequer sobre as negociatas alegadamente feitas por membros ou ex-membros do executivo municipal do Funchal. O mais próximo que andámos disso foi uma curta e escassa declaração de Bruno Pereira. Declarou-se solidário com Rui Marote. E, pela enésima vez, foi ele que deu a cara em substituição de um executivo que só gosta de aparecer nas inaugurações e nas festanças. Não quero tentar interpretar o facto. Limito-me a registá-lo.
É claro que os munícipes merecem muito mais do que isso. Merecem que o presidente que lhes pediu os votos lhes venha agora dizer qualquer coisa. Merecem que o dr. Jardim deixe de se entreter com os seus odiozinhos de estimação de lá, e resolva centrar-se nos pequenos ou grandes escândalos de cá. E precisam de saber se o dr. Cunha e Silva já foi ou vai ser ouvido pelo Ministério Público na qualidade de testemunha privilegiada das tais famigeradas negociatas a que ele próprio aludiu.
Ou seja, os eleitores têm o direito de ser informados. E como aos direitos de uns correspondem deveres de outros, parece claro que alguém há-de ter a obrigação moral e política de abandonar por momentos a pomposa secretária que ocupa. Sob pena de ela se começar a parecer mais com um local de refúgio do que com um espaço de trabalho.
A palavra, pois, para o dr. Albuquerque, para o dr. Silva, para o dr. Jardim. Não necessariamente por esta ordem, entenda-se. Nestes casos ela, a ordem, é meramente arbitrária. O que é preciso é que alguém fale. O dr. Albuquerque porque é o presidente da Câmara. O dr. Silva porque foi o delator público das negociatas. E o dr. Jardim porque é o presidente do governo e do partido que governa, mas também, e esta é uma nota de mera subjectividade analítica, por ser o autor moral do fratricídio em que o presidente da Câmara e o vice do governo desde há muito se consomem.
Não obstante, o silêncio pesa. O dr. Albuquerque consome o tempo e as meninges em prosas estafadas sobre coisa nenhuma que religiosa e quase diariamente publica no JM. Ele escreve sobre os males da pátria, sobre as referências e valores políticos que diz ter, e sobre as maldades ocasionais de que ele e a família se dizem vítimas. É um exercício interessante, sem dúvida. Mas, sendo ele o presidente do executivo de uma cidade que faz quinhentos anos, permito-me pensar que deveria aproveitar a ligação directa com os munícipes para reflectir sobre os problemas do município. Não o faz, porém. Porque não quer. Se calhar, porque nem os conhece. Provavelmente porque tem mais que fazer.
O dr. Silva escreve também. Cita gente que conhece, a par de outra que nada lhe diz. Manda recados cujos destinatários só ele identifica. E quando toda a gente esperava que voltasse ao tema das negociatas de que diz ter conhecimento, sua excelência faz-nos a partida de partilhar connosco a elevada admiração que passou a nutrir pela obesa estatura de Gungunhana.
Para além de escrever, o dr. Jardim também fala. Sobre Sócrates. Sobre o centralismo. Sobre a Europa. Sobre o mundo. Só a Madeira lhe passa ao lado. O que quer dizer que é mais um a desconversar. E a oposição, onde é que ela anda?
Bernardino da Purificação
7 comentários:
Dentro em breve surgirá no horizonte um novo regime que vai substituír a Abrilada!
Será o Regime Regenerador!
Então sim, teremos gente boa ao leme!
Até lá há que aguentar esta gentinha...
O presidente da maior edilidade madeirense ainda não referiu-se às recentes notícias, quer da constituição de arguido de um seu ex-vice, quer de recentes diligências da PJ à autarquia, nem sobre a polémica obra do seu chefe de gabinete no Bom Jesus. Pode apenas querer, que a poeira assente, no entanto este enterrar da cabeça na areia, tem um pérfido efeito-boomerang. Está a incorrer no mesmo erro de palmatória aquando dos resultados conhecidos da inspecção administrativa levada a cabo pela vice-presidência do Governo Regional.
Deixar falar, até pode resultar entre quatro paredes de um ambiente doméstico. Às vezes é a estratégia acertada. Outra coisa é um titular de um cargo público eleito pelo povo, que tem de dar explicações; ou diz que isto tudo são falsidades e cabalas, ou então assume o seu dolo enquanto líder da instituição e acarreta com frontalidade com as consequências que daí advenham. Sejam elas políticas, ou até criminais mas sob a hégide de uma ética que é devida à população do Funchal que o mandatou.
Não é possivel pactuar com este silêncio ensurdecedor, de quem deve à partida, estar de boa-fé e com a consciência tranquila.
A solidariedade é um sentimento nobre e fica bem a qualquer um, sobretudo quando ninguém está condenado. Mas a reserva e bom-senso não é remeter-se ao silêncio como qualquer "betinho embirrado". É imperioso tranquilizar os munícipes e fundamentalmente informá-los.
A pouco tempo do términus deste mandato autárquico, tudo parece perspectivar um final descolorido, sobretudo quando falta revolver tanto calhau solto, sabendo-se lá o que ainda se esconde por debaixo.
Já não há guerra que o presidente do GR, e do partido do poder invente com o "rectângulo", que disfarce as "guerras intestinas" dentro do seu próprio partido.
Depois é estranho, que quem tanto gosta de falar, sobre tudo e nada, não fale sobre todas estas coisas importantes para todos nós.
O Presidente da CMF vai pensar em rosas e pianos e nada vai ser da sua responsabilidade!
E o PS da CMF quietinho... como quase sempre!
Não me digam que o pseudo existente Regime Regenerador, pretende neste incio do Sec. XXl, dominar o leme, através do guiador da charmosa "biciclete" do erudito e intelectual homem da 5ª divisão ?
Socorro...onde pára o Sr. Dr. Saturnino ?
o director do jornal Público fala de “pressões ilegítimas”. Refere-se mesmo o “tom violento” de um dos telefonemas de José Sócrates. José Manuel Fernandes relata, perante a ERC, a seguinte frase do primeiro-ministro: “Fiquei com uma boa relação com o seu accionista (Paulo Azevedo) e vamos ver se isso não se altera”.
Estas acusações, agora publicadas, não foram desmentidas. A confirmarem-se significam uma tentativa de chantagem do primeiro-ministro sobre um director de jornal. Não se compreende a omissão da ERC e o silêncio que se abateu sobre este tema, de enorme gravidade numa sociedade que se pretende de homens livres.
É pertinente e legitima a intervenção antecedente, isto no evidente suposto de que os factos alegados, conferem com a realidade.
Mas sem prejuizo dos fundados receios de tão inusitada intervenção, nós aqui, nesta magnificiente Região composta pelo denominado Povo Superior, não temos problemas desse tipo, bem mais preocupantes.
Pior, pagamos a peso de ouro, esse reconhecido "caciquismo", que diariamente o JM, desavergonhadamente nos "oferece"
Postar um comentário