Conheço, como todos os leitores de jornais conhecem, alguns dos aspectos da proposta de revisão constitucional que o dr. Jardim elaborou no Porto Santo nos intervalos vespertinos das animadas sessões etílico-políticas do bar do Henrique. Ou seja, sei apenas o que foi divulgado. Não sei se haverá mais qualquer coisa de natureza substantiva que tenha escapado ao crivo jornalístico. Do mesmo modo que ignoro se o dr. Jardim mantém ainda em aberto o documento que tão laboriosamente elaborou. Ainda assim, permitam-me o atrevimento de escrever qualquer coisa sobre o assunto. Mesmo que um dia venha a revelar-se insuficiente a informação de que disponho.
Primeira nota. Insisto no que não há muito tempo escrevi no Terreiro da Luta. Pretender transformar umas eleições legislativas num plebiscito constitucional é coisa com sabor a passado. A um passado com mais de trinta anos de vida democrática em cima, mas cujos tiques e truques não foram, pelos vistos, ainda esquecidos. A memória é assim. No fundo, somos aquilo de que nos recordamos. E o dr. Jardim não é mais do que aquilo que aprendeu. Ora, como ninguém o ensinou a fazer uma coisa tão simples e útil como um programa de governo, o cavalheiro limita-se a replicar em democracia o que viu fazer nos seus verdes anos. Sejamos indulgentes. Façamos um esforço por compreender o fenómeno. Ainda que a Região, atentas as dificuldades por que passa, precise muito mais de um bom governo dos nossos cinzentos dias do que do folclore de uma discussão sobre constituições, estatutos e outras estimáveis e importantes coisas afins.
Segunda nota. Quem se tenha dado à maçada de frequentar este blogue perceberá que só posso estar de acordo com a generalidade das propostas políticas apresentadas pelo dr. Jardim. Concordo com a extinção do cargo de representante da República. Agrada-me que possa acabar a proibição constitucional de criação de partidos regionais. E subscrevo o entendimento de que a representação política não pode ficar na disponibilidade exclusiva dos partidos políticos. Só não percebo por que razão o dr. Jardim não quis ir um pouco mais longe. Pelos vistos, esqueceu-se do direito que a Madeira não tem mas deveria ter, enquanto região dotada de capacidade legislativa própria, de eleger directamente os seus representantes ao Parlamento Europeu. Terá sido isto um mero lapso ou estaremos perante uma opção política consciente? Em todo o caso, aqui fica uma brecha que os autonomistas dos outros partidos podem eventualmente explorar.
Terceira nota. Como sempre acontece a pretexto de tudo e de nada, a oposição política madeirense não faz mais do que comentar. Anda sempre a reboque, é o que é. E ainda não percebeu que em política a iniciativa conta. Como não quiseram nem souberam antecipar-se, agora vão ter pela frente um ano inteirinho dominado pela agenda política do dr. Jardim. A despeito, insisto, de precisarmos com urgência de um programa a sério para a governação que nos falta.
Bernardino da Purificação
4 comentários:
Viva os partidos regionais e a consequente proliferação dos queijos limianos!
E é suposto o Parlamento Europeu aceitar representações regionais?! Suponho que não é a constituição portuguesa que o determina.
Se o dr. AJJ tem essa capacidade sistemática de marcar a agenda política é porque a nossa comunicação social é incapaz de por em causa certos agendamentos demagógicos e ridículos!
Aos críticos literários direi apenas que as minhas "contribuições" não têm qualquer pretensão literária! Já lá vai o tempo em que só certa "nobreza" de sangue que não de ideias tinha o monopólio da opinião!
Não creio que a Europa possa ter opinião sobre os círculos eleitorais em que Portugal se queira organizar. Os deputados da Madeira e dos Açores ao PE deveriam poder ser eleitos em círculos próprios e não à boleia da vontade das direcções nacionais dos partidos existentes.
Quanto ao resto, subscrevo inteiramente o que diz AMSF.
Bernardino da Purificação
Tomás Fernandes
As férias dos nossos políticos
Data: 12-09-2008
Como sempre, alguma Comunicação Social à falta de notícias nesta época mais conhecida pela "silly season" adora falar e comentar as férias dos nossos políticos.
Face às notícias publicadas a maioria opta por férias pela zona das praias do Algarve, uns com férias mais calmas, outros aparecendo nas revistas cor de rosa, outros em parte incerta e ainda outros a gritar desde o Porto Santo. Um dado curioso : parece que depois de Durão Barroso ter ido em férias com um conhecido empresário para o Brasil, todos os políticos vão a suas expensas passar férias. Excepção para confirmar a regra : Região Autónoma da Madeira! Nem mais. Aqui neste jardim à beira-mar plantado os nossos governantes têm residências (suportadas pelo erário, logo por nós todos) à beira da praia no Porto Santo para si, para os seus filhos, genros, noras , netos, etc.
O que não seria dito na tasca do Henrique se porventura o Engº Sócrates fosse passar férias para uma "datsha" destas no Algarve? E isto dura há 30 anos, o que significa que há políticos que de facto não sabem o quanto custa umas férias a uma família. A justificação que só poderá ser levada no mesmo tom da Tasca do Henrique é que fazem promoção do Porto Santo… por favor !! Publicidade negativa só se for, dando uma imagem dos Madeirenses que dispensávamos.
As nossa férias não são à volta de uma mesa bebendo cerveja e comendo mariscos à conta das empresas do regime. Resumindo e concluindo temos aquilo que merecemos mas alguns (incluindo família!) também têm aquilo que não merecem . Viva a Democracia!.
Pois é caro Tomás Fernandes, realmente este povo admite tudo. Cala-se perante a situação que ora apresenta, como também se cala, perante o vergonhosos e miseravel acordo efectuado com a TAP, cujos preços actuais dos bilhetes de ida e volta a Lisboa, chegam a atingir os € 550,00, quando anteriormente custavam € 200,00. E a Senhora Secretária, considerou histórico o miserável e reles acordo.
Quem ganhou com o dito ?
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