sábado, 5 de julho de 2008

Rendas de uma noite de Verão

Indiferente à tormentosa polémica em que mais uma vez o meteram, o JM lá vai tentando cumprir a nobre missão de informar. É assim mesmo. Mulher séria não tem ouvidos, se me é permitido, sem ofensa, recuperar um dito de outros tempos.
Hoje fui surpreendido pela relevantíssima notícia de que o Penedo do Sono vai baixar as rendas. E, como calculam, foi-me impossível conter o ó de espanto que soltei em face do verdadeiro interesse público e do inegável alcance social da medida tão estrepitosamente anunciada. Numa altura em que tudo sobe, as rendas do Penedo vão baixar! Que bom. Quanta ousadia. Que visão. Que notícia refrescante. Que alegria para as dezenas de milhar de madeirenses que, como eu, têm andado em tormentos por causa das rendas inflacionadas do porto-santense e nada sonolento Penedo. E ainda há, vejam bem, gente capaz de recusar a gratidão que decisores deste calibre nunca poderiam deixar de merecer.
Mas há mais. Para além de diminuírem para menos de metade, as rendas vão passar a ser, também elas, sazonais. Acho bem. É com medidas assim que se combate a sazonalidade do Porto Santo. Bem hajam, pois.
Ofuscado pelo brilho tonitruante do título, confesso que mal li a notícia. Porém, pus-lhe os olhos em cima o tempo suficiente para perceber que a entidade benemérita, tanto da nova como da medida, era a Sociedade de Desenvolvimento do Porto Santo. Só podia ser. Penedo do Sono é igual a SDPS. Mas como a SDPS é igual a Carlos Cunha e Silva, ainda fui ver se havia qualquer alusão ao verdadeiro capo de todas as sociedades e de todos os seus capi. Não havia. A modéstia do boss falou certamente mais alto. E, quase sem perceber como, vi-me mergulhado em momentos apaziguadores de reflexão sobre as virtualidades do despojamento e da humildade. É nestas alturas que se vê a força da notícia!
Como o mundo é ingrato, já estou a ver os maldizentes da praxe a inventar argumentos capazes de diminuir o alcance de uma medida solenemente posta em título pelo JM. Dirão de certeza que esta é mais uma demonstração da megalomania voluntarista do dito Penedo. Acrescentarão por certo que, em virtude da redução das rendas para metade, lá teremos de pagar tão indispensável infraestrutura pelo dobro dos anos previstos, ou com o dobro do esforço do orçamento da RAM. E os mais azedos não hão-de deixar de observar que é nisto que dá construir espaços que alteram a martelo a geografia da farra nocturna, sem o cuidado de envolver previamente os empresários locais com tradição feita e historial sedimentado de impostos pagos. E tudo há-de ser dito, como é evidente, em nome da má língua, esse meritório exercício que se espera nunca deixe de zurzir a loucura evidente ou disfarçada de certas iluminárias.
O mais comovente da notícia é, no entanto, a explicação. As rendas vão baixar, diz a notícia, por causa da crise nacional que há-de afectar também todos os empresários presentes ou futuros da noite do Penedo. Não resisti à explicação. Pasmei mesmo. Nunca tinha pensado que a crise nacional fosse capaz de se repercutir desta forma nas noites cada vez mais desertas do Penedo do Sono. Eu pensava que as pessoas não iam para o Penedo por andarmos todos mais ou menos tesos. E, nessa ordem de ideias, julgava que a isso se chamava crise regional. Mas não. É nacional, meus senhores. Quem o garante é o JM, depois do patrão da SDPS lho ter garantido a ele. De maneira que lá dei por mim num outro momento de profunda e profícua reflexão. Alguém disse um dia, pensei, que o bater de asas de uma borboleta na Ásia pode provocar um ciclone no resto do mundo. Pois bem, fiquei agora a saber que um simples espirro algures no rectângulo é capaz de levar uma pneumonia ao Penedo do Sono (que uns cavalheiros fizeram questão de rebaptizar como Penedo do Soco, por razões nada dignificantes). É como se fosse assim uma espécie de teoria dos fractários à moda da RAM. O que certamente há-de abonar em favor da evidente bondade da explicação.
Que me seja permitida, a finalizar, uma nota de cariz pessoal. Quando eu era pequeno, gostava de ouvir as considerações impacientes da minha avó acerca das propriedades profiláticas e/ou terapêuticas da aplicação de um pano encharcado na tromba (peço desculpa pela deselegância da linguagem) da chico-espertice e das demais qualidades congéneres. Ora, não acham que anda por aí muita gente mesmo a jeito de experimentar a bondade da receita da minha severa avó?
Bernardino da Purificação

4 comentários:

Anônimo disse...

Somente por maldade o Sr. Bernardino, escreve o que acabou de escrever.
Será que já pensou no custo dos "brazões" emblematicamente colocados nos varões de defesa às viaturas e demais carroças existentaes ao logo da entrada no tal "ringue" do Penedo. Sim... para os mais distraidos, para não chamá-los de invisuais, existem mil trezentos e vinte tal "brazões" a apelarem ao bom sentido dos utilixadores deste notável recinto, que o dito Penedo, foi erigido pela egrégia figura do nosso inegável e venerável "John the Banana" que segundo próximos, muito proximos deste, nada tem de "banana", pelo contrário, tal a facilidade com os presenteia frequentemente com tais frutos oriundos do equador...!
Realmente o agradecimento deste "Povo Superior" é notavelmente confrangedor.
Por mim, as rendas somente deveriam baixar, àqueles que jamais esquecerão as mãos do mestre, o tal de "banana" que de forma voluntariosa e democratica, "bananeia" todos aqueles que despudorada e ignaramente, tentam ignorar as suas gladiadoras virtudes.
Por mim, o "banana" sabe que conta ilimitadamente com a minha venrável admiração.
"Banana", somos pouco mas bons !

Anônimo disse...

Consta que o Presidente Chavez é um verdadeiro campeão no exercico das diplomacias paralelas. Assim que teve conhecimento da presença de AJJ em Caracas, enviou-lhe de imediato um dos seus "sopeiros" de confiança ?
E ainda existem uns pobres de espirito, que ousam sindicar a auréola politica do nosso Grande Chefe...!

Anônimo disse...

A cegueira politica e fundamentalista de alguns cérebros, impede-os de poderem imaginar que AJJ, jamais pretendeu ser recebido pelo déspota do Chavez.
Que pensariam os nossos imigrantes instalados na Venezuela, os quais tanto têm sofrido no corpo as consequencias das loucuras desse Fidel do Sec. XXl, se vissem AJJ envolvido em cenas com esse tirano, identicas ou semelhantes às ocorridas hà um mês atrás com o lºde Portugal ?

Anônimo disse...

Adorei essa do pano encharcado.