Tem que se tirar o chapéu ao homem. Apesar de toda a gente estar farta de saber que ainda não seria desta que se atreveria a tentar uma incursão pela política a sério, o dr. Jardim conseguiu esta tarde um longo tempo de antena televisivo. Está de parabéns. Em nome de uma certa concepção de serviço público, a RTP-Madeira ofereceu-lhe um directo em bandeja de prata, que é como quem diz, cedeu-lhe um espaço não editado, muito menos comentado e totalmente destituído de qualquer tratamento jornalístico.
Sem pretender parecer impertinente, espero sinceramente que se tenha tratado de uma vez sem exemplo. Porque já imaginaram o que seria se a nossa televisão regional resolvesse andar a distribuir directos de cada vez que João Carlos Gouveia decidisse não ser candidato à liderança nacional do PS; de cada vez que José Manuel Rodrigues quisesse anunciar que não tem a mais pequena intenção de disputar a liderança a Paulo Portas; ou de cada vez que o camarada Almada lhe apetecesse tranquilizar o não menos camarada Louçã de que pode ficar descansado que não é pelo seu lado que a corda um dia parte! Sinceramente, prefiro nem pensar. Até porque não posso deixar de notar que a televisão que tão bem tratou esta tarde o dr. Jardim é a mesma cujo director anda com estados de alma por ter um dia decidido terminar um programa de debate político só porque o PSD resolveu fazer a desfeita de nele ter deixado de participar. E ainda dizem que não há critérios... Uns ingratos, é o que são todos aqueles que não percebem que até nas democracias há precedências.
Devem ter reparado com certeza que desta vez o dr. Jardim se comunicou com o seu povo a partir da sede do partido de que é presidente. No início desta novela (lembram-se?), o dr. Jardim não foi de modas: usou os meios e as vestes de presidente do Governo e falou para o interior do seu partido. Mas agora não. Alguém lhe deve ter recordado que mesmo em política há uma coisa chamada pudor que convém demonstrar na dose certa. E assim, lá tivemos de vê-lo despojado das vestes governamentais e envergando o traje exclusivamente partidário. Porém, mesmo assim um directo de quinze ou vinte minutos! É obra. Por isso, e como disse, o senhor presidente está de parabéns. O do partido, como é evidente, que o do Governo desta vez não teve nada a ver com isto. Não é verdade, senhor director da TV?
Bernardino da Purificação
Um comentário:
Se o AJJ e a RTP/M tivessem feito um directo de cada vez que aquele prometeu não se recandidatar à Presidência do GR nesta altura talvez ele já tivesse cumprido a palavra pois teria tido vergonha na cara...ou talvez não!
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