segunda-feira, 4 de maio de 2009

Manobras de diversão

Não custa reconhecer que o homem é um verdadeiro ás. Dispara cortinas de fumo com a precisão dos atiradores de secretária. Inventa manobras de diversão com o rigor militar das casernas que nunca frequentou. E arremete contra os inimigos que imagina com a valentia desenvolta de um verdadeiro Quixote. Um cabo de guerra, em suma. Um general. Com pança. Rodeado de sanchos. E devidamente montado em cavalgaduras dóceis.
O último prodígio que lhe conhecemos ganhou a forma ondulante de meia dúzia de bandeiras da independência que ninguém quer. E Lisboa ficou a saber que a Madeira está por tudo. Até, veja-se a ousadia (!), para o atrevimento de fazer subir ao mastro cimeiro do resquício colonial o símbolo já extinto da libertação sonhada.
A avaliar pela controvérsia, é de presumir que o Terreiro do Paço tenha tremido. O Conselho de Estado deve ter-se reunido a toque de caixa, obviamente amputado da presença do comandante Jardim. Os ministros, sitiados em São Bento, deverão ter-se desmultiplicado em cenários de catástrofe e em planos de contingência. A tropa, GNR incluída, terá entrado em estado de alerta. A protecção civil, transida, mergulhou com certeza no bunker das situações de emergência. E, muito provavelmente, até o herdeiro da lusa coroa deve ter entrado em agonia perante o cenário doloroso de mais um braço da pátria indivisível e una ameaçando apartar-se.
Julgo saber que a população da ilha não deu um mínimo de importância ao caso. Não admira. Tivessem antes hasteado a bandeira da autonomia e mais amplificado e politicamente conseguido teria sido com certeza o efeito alcançado. De modos que os menos esclarecidos nem deram conta da acontecência. Os razoavelmente informados ouviram falar dela mas não lhe passaram cartão. E os que, apesar de tudo, ainda ligam alguma coisa à política tiveram mais que fazer do que perder tempo com tolices.
Há, no entanto, uma leitura política que vale a pena ser feita. A avaliar pelo episódio, a política madeirense travestiu-se de paródia. O desemprego dispara, mas quem manda gasta o tempo a agitar utopias que ninguém quer. A dívida galopa, mas o poder trata dela com a atitude desbragada de um carnaval trapalhão. E a crise global ameaça, mas o nosso governo próprio consome-se em disparatadas congeminações que nem sequer atenção merecem.
Julgo que não erro se disser que nos dava muito jeito um governo. Com um presidente residente. E com responsáveis sectoriais politicamente responsáveis. Só que em vez disso temos uma nada esforçada comissão administrativa. Formada por funcionários travestidos de políticos. Que pouco ou nada planeia. E que se limita ao expediente que vem da véspera. Porém, nota-se que se divertem. Inventam inimigos. Brincam à política e às guerras. Mandam hastear bandeiras. E dizem enormidades.
Aqui vai mais uma. Na esteira flamejante da onda abandeirada que o mais-importante-da-ilha para sua diversão decretou, vem agora a estrepitosa sentença: "se ficasse à espera da republica portuguesa, a Madeira nunca teria dado o salto que deu". Para sermos justos, não se pode dizer que a frase tenha um conteúdo cem por cento separatista. Percebe-se, no entanto, que a ideia está lá. O que Jardim quer dizer é que a Madeira se basta a si própria. Esquecendo, no entanto, que as carradas de milhões que vieram da Europa só cá chegaram por sermos uma região politicamente autónoma mas juridicamente integrada num país europeu. Ora, já que as suas motivações pátrias parecem ser puramente mercantis, faça o cavalheiro o favor de pôr os olhos, por exemplo, em Cabo Verde, e veja lá se é capaz de manter as provocações separatistas que tanto gozo lhe dão. A menos que o seu problema seja mesmo com a forma republicana de governo que o país adoptou. Se é isso, paciência, nada a fazer. Cada um cultiva as nostalgias que entende. Acho, porém, lamentável que pretenda passar uma esponja sobre o ponto em que nos deixou o estado novo da sua permanente saudade. É que se agora damos saltos, nesse tempo nem um passo conseguíamos dar. E muitos mais daríamos se a autonomia que temos nos providenciasse um governo de verdade.
Bernardino da Purificação

10 comentários:

Vilhão Burro disse...

Nem mais!
Qualquer psicólogo de meia tijela,desencartado,como eu,não perderia muito tempo a definir o perfil da aberração que tendo sido "filhinho único", foi tratado pela mãezinha como a menina, que desejava e não teve.
Nado e criado no seio do mulherio, onde sempre se sentiu como peixe na água,cedo aprendeu e refinou todas as técnicas da bilhardice, da intriga,da maledicência, do desaforo da mais velha das meretrizes.
Com tal técnica, criou e domina, todo um séquito, que, à porta da Nobre Política,se desnuda e faz pela vida. Essa, sim, bem mais fácil que outras vidas.

Anônimo disse...

Este Vilhão não anda a dormir!
De facto,a prostituição,desde sempre se revelou um negócio rentável,especialmente para os "rapazinhos" que,arvorando-se em providenciais protectores,vivem,à grande e à francesa,à custa das "superiores e esforçadas trabalhadoras".
Compreende-se!
A ambiência fétida e pesada do bordel, obriga-os a "arejar",com a frequência devida pela proporção.

Anônimo disse...

Pois é...para justificar a sua recusa ao prémio solicitado pelo Nacional, alegou a crise que atravessamos, mas hà dias, quando inquirido àcerca das suas faraónicas viagens, presporrantemente disse nada ter a justificar e pio, que a partir de agora ainda mais viajaria.

Grande despota parasita, pendurado, gigolo...

Quando é que prendem esta BESTA ?

Anônimo disse...

Consta que a D. Maria Abreu (Lita para os mais intimos), pretende restituir com juros de mora, o custo das viagens que lhe foram atribuidas pelo Dr. Jardim, dado que invoca, que o alegado trabalho de prospeção petrolifera não foi realizado com o minimo de decoro profissional e deontologico. Alguém poderá confirmar da veracidade desta afirmação ?

Anônimo disse...

É mesmo verdade que o Sr. Jardim, o qual sempre fêz gala da sua reconhecida poupança do dinheiro pertencente ao erário publico, viaja periodicamente com uma Senhora e que para tanto, além do pagamento das viagens e hotel para ambos, ainda recebe quinhentos e dezassete euros diários de ajudas de custo ?

Muito me custa a acreditar, que o dito, numa semana de ajudas de custo, ganha tanto quanto eu num mês, com uma diferença eu trabalho atrás de um balcão de manhã à noite e este Sr. Presidente, trabalha na diagonal, em camas de cinco estrelas, que eu também pago, mas que nunca vou ter hipoteses de experimentar.

Grande falta de respeito e de vergonha.

E a Primeira Dama o que diz deste cenário ?

Anônimo disse...

Caro comentador, não tenha pena da Primeira Dama, pelo que conheço da Senhora, muito terá benefeciado desta agora reconhecida infedilidade do seu excelso, porque senão, hà muito que tinha tomado posição diferente, ou não lhe reconhecessemos o tamanho da sua caustica linguinha.

Conforme é por demais consabido, quem se lixa sempre é o mexilhão.

Anônimo disse...

Se isto não é corrupção,alguém poderá fazer o favor de me explicar o que é?!
Desde já, muito agradecido!

Anônimo disse...

Será que eu não me enganei na leitura que acabei de efectuar aos dois ultimos artigos do Sr. Bernanrdino. Então é mesmo verdade ?

Essa tal de Lita, quando está na Madeira, fiscaliza os contribuintes ao serviço da DRAF e quando não está, vive à custa dos contribuintes no bem bom de Bruxelas e outras paragens, ajudando o seu sócio a empochar diariamente quinhentos e tal euros de ajudas de custo.

Permitam-me, esta história é demasiado sordida e ordinária para ser verdade...!

Eu gostria de continuar a acreditar que o Dr. Jardim, não obstante um energumeno de um déspota, geria com alguma seriedade as finanças públicas.

Anônimo disse...

Seriedade?!
Ora,ora...
A ganância já vem de longe!
O homem,antes do 25 de Abril abichava 7(sete)tachos...
Há vícios que não se perdem!

Anônimo disse...

Caros "Bloguistas", antes de mais informo-os que sou "cubano", mas escolhi a Madeira para viver.

Lamentavelmente reconheço, se um qualquer politico da extrema direita à extrema esquerda, sedidado no reconhecido "rectangulo", tratasse desta forma os eus eleitores, seguramente que a resposta seria diferente.

Então o Senhor Presidente, pavoneia-se com a sua "amante" pelo mundo fora, em viagens obviamente "secretas" e com total falta de vergonha e respeito, afirma de papada cheia, que não explica as ditas viagens e que em represália, ainda mais viajar.

Sinceramente, esta caso nem é de policia, dado que se insere precisamente num reconhecido assunto patologico sob a extricta vigilancia da psiquiatria.

E os Madeirenses, pagam e calam a boca ?

Qual a legitimidade deste governante, para falar de futuro no tal de "Garrote economico" ?

O Mundo seguramente deve estar louco, para permitir que este Governante continue despotamente a decidir da forma que decide.