sexta-feira, 6 de março de 2009

O planeamento sem plano

Tropecei hoje ao pequeno-almoço num pensamento complexo. E pasmei. Tanto pelo facto de dar por mim enredado em pensamentos. Como pela natureza intrínseca dos ditos. A nossa mente, acreditem, é um instrumento surpreendente. E eu, deslumbrado, não posso deixar de exaltá-lo.
Note-se. Não foi propriamente este o produto matinal da insólita excitação dos meus fatigados neurónios. Nada disso. O conteúdo do intróito não é mais do que um efeito colateral desse meu irreprimível estado de pasmo perante a verificação de como duas pequenas notícias aparentemente desligadas conseguem explicar-nos que o método preferido de quem nos governa é governar quase sempre com ausência de um método. Percebe-se a ideia. Só a irracionalidade é capaz de suprir o uso da razão.
Passemos então aos factos. Em virtude de uma notável conjugação astral, a que é com certeza alheia tanto a vice-presidência como o nosso sagaz vice, a edição de sexta do DN trouxe-nos à memória duas das expressões mais notáveis do nosso tenaz planeamento sem plano. Em notícia de página inteira, voltamos a ter contacto com a marina do Lugar de Baixo. Mais adiante, mas em forma de notícia curta, lá voltámos a ter novas desses equipamentos notáveis que a modéstia de quem manda singelamente apelida de parques empresariais.
Quanto à marina, e a avaliar pelo que se lê, as perspectivas não podem ser mais promissoras. A zona balnear adjacente é capaz de voltar a abrir quando chegar a estação dos banhos. A escarpa lateral que a encima vai a caminho da consolidação. E a malha de aço que rezamos que a segure está a dias de enfrentar o teste pesado dos pedregulhos que ocasionalmente dela despencam. Sinceramente gostei do que li. Nada como as boas notícias para nos fazer esquecer o negrume das más. E nada como a antevisão fabricada de um futuro aparentemente radioso para nos levar a encerrar no saco dos esquecidos o desperdício dos milhões atirados ao lixo.
Não sendo tão imediatamente promissora, a notícia sobre os parques do nosso vice-presidencial contentamento não deixa de acenar também para o brilho dos dias que estão para vir. É certo que nada nos diz sobre a erva que cresce ou sobre as cabrinhas que pastam. Mas, ao anunciar-nos uma linha de ajuda directa à edificação de armazéns, leva-nos ao vislumbre de um futuro laborioso de parques pejados de empresas a mexer. Gosto da sugestão. Já chega de parques empresariais deserto de empresas.
A maçada, num caso e noutro, é que não consigo travar as perguntas que me acodem. Custa-me perceber, por exemplo, que urgência ditou a construção frenética de parques sem o prévio envolvimento das associações empresariais. Do mesmo modo que me faz espécie que se tenha desatado a expropriar terrenos, a edificar infra-estruturas e a fazer inaugurações sem que ao menos uma alma caridosa se tivesse lembrado da necessidade simultânea e óbvia de se desenhar um programa de ajudas atractivo para as empresas. Pelo vistos, só meia dúzia de anos depois de concluídas as obras de construção, e nalguns casos já de manutenção, é que alguém percebeu que é preciso muito mais do que o simples toque de caixa da vontade de um voluntarista qualquer para que um empresário aceite alterar drasticamente as rotinas e a vida da sua empresa.
Mas o que me custa mesmo aceitar é que se tenha construído uma marina e um complexo balnear numa zona duplamente crítica sem a prudência de um estudo prévio. De dinâmica costeira nem se falou. E, conforme reconheceu um especialista da UMa, da instabilidade da falésia também não. Porém, gastou-se dinheiro. Uma verdadeira fortuna. Em obras e em obras de reparação das obras. Tudo isto porque um indivíduo qualquer se apanhou com o poder de gerir como lhe dá jeito o dinheiro dos contribuintes. E porque ninguém lhe ensinou que nada de durável se constrói no meio natural sem o estudo prévio das circunstâncias envolventes. Mas não há problemas. A gente depois paga.
Bernardino da Purificação

8 comentários:

Anônimo disse...

Meu Caro Bernardino, com toda a bondade da excelencia da sua escrita, continuamos efectivamente a chover no molhado.

Então a "Marina Guiness" (Guiness, obviamente pelos desmesurados custos alavancados até à data...e ainda aqui vamos...!)não foi vendida ao Grupo Pestana ?

Mas afinal, em quem acreditamos ?

No Vice-Rei ?

No Presidente da Sociedade responsavel ?

No Presidente do GR ?

Estão todos mentindo, tentanto branquear o dinheiros dos pobres contribuintes desta miserável Região do Povo Superior, a qual, segundo o DN - Madeira, trata-se da Região mais pobre deste já pobre País...!

Quem se julga o o nosso Vice-Rei, dono da verdade e da reles e execravel mentira ?

Quem julga o dito Vice-Rei, quando engana da forma mais vil e desprezivel os Nobres e Sérios Madeirenses?

Qual a Justiça atendivel à presente situação, mais concretamente, qual a sentença dirigivel a um mandatado do Povo, que faz, desfaz, imagina e mente da forma deliberada que o faz ?

Pois é, a culpa é sempre do mexilhão, o qual analfabetamente tratado, analfabetamente vota nestas criaturas.

Até quando ?

Anônimo disse...

...."os Nobres e Sérios madeirenses"....
O povo desta terreola, no seu conjunto, não é portador dessas virtudes. Se o fôsse, há muito que já não haveria o "Vice" e tão pouco o Principal...
Tenha paciência.

Anônimo disse...

Um dia,quando me der a reina,vão andar à minha frente, a correr pela rua abaixo,tanto o Vice como o Principal.
Não perdem pela demora...

Anônimo disse...

Este Vilhão Burro não tem nada !...Pena é que a sua vontade seja tão só virtual, como a de tantos outros...!

Anônimo disse...

Perdoe-me, quis dizer "de Burro não tem nada"

Anônimo disse...

Não posso concordar com o Anónimo que acha que o Vilhão "de burro nada tem".
Trata-se de uma figura controversa que,por um lado, reclama, mas,por outro, se confessa incapaz de romper com a fidelidade canina ao poder estabelecido.
Ao fim e ao cabo,representa, na perfeição, o exemplar típico do Povo Superior.
E,ao desempenhar esse papel,que melhor imagem de "burrice" poderia oferecer?!

Anônimo disse...

Pois é, descansem que está tudo previsto.O Estado Português já perdoou dívidas. já acertou o que havia para acertar mas podem, porém, estar seguros que esta teia que nos governa, quando for embora, vai deixar grssoas dívidas para pagarmos.Ola! se vai.

mugabe disse...

O VIlhão Burro,...é um tretas e um anormal, que tem a mania que é bom !! ahahahah um pedante em súmula !!