Tropecei hoje ao pequeno-almoço num pensamento complexo. E pasmei. Tanto pelo facto de dar por mim enredado em pensamentos. Como pela natureza intrínseca dos ditos. A nossa mente, acreditem, é um instrumento surpreendente. E eu, deslumbrado, não posso deixar de exaltá-lo.
Note-se. Não foi propriamente este o produto matinal da insólita excitação dos meus fatigados neurónios. Nada disso. O conteúdo do intróito não é mais do que um efeito colateral desse meu irreprimível estado de pasmo perante a verificação de como duas pequenas notícias aparentemente desligadas conseguem explicar-nos que o método preferido de quem nos governa é governar quase sempre com ausência de um método. Percebe-se a ideia. Só a irracionalidade é capaz de suprir o uso da razão.
Passemos então aos factos. Em virtude de uma notável conjugação astral, a que é com certeza alheia tanto a vice-presidência como o nosso sagaz vice, a edição de sexta do DN trouxe-nos à memória duas das expressões mais notáveis do nosso tenaz planeamento sem plano. Em notícia de página inteira, voltamos a ter contacto com a marina do Lugar de Baixo. Mais adiante, mas em forma de notícia curta, lá voltámos a ter novas desses equipamentos notáveis que a modéstia de quem manda singelamente apelida de parques empresariais.
Quanto à marina, e a avaliar pelo que se lê, as perspectivas não podem ser mais promissoras. A zona balnear adjacente é capaz de voltar a abrir quando chegar a estação dos banhos. A escarpa lateral que a encima vai a caminho da consolidação. E a malha de aço que rezamos que a segure está a dias de enfrentar o teste pesado dos pedregulhos que ocasionalmente dela despencam. Sinceramente gostei do que li. Nada como as boas notícias para nos fazer esquecer o negrume das más. E nada como a antevisão fabricada de um futuro aparentemente radioso para nos levar a encerrar no saco dos esquecidos o desperdício dos milhões atirados ao lixo.
Não sendo tão imediatamente promissora, a notícia sobre os parques do nosso vice-presidencial contentamento não deixa de acenar também para o brilho dos dias que estão para vir. É certo que nada nos diz sobre a erva que cresce ou sobre as cabrinhas que pastam. Mas, ao anunciar-nos uma linha de ajuda directa à edificação de armazéns, leva-nos ao vislumbre de um futuro laborioso de parques pejados de empresas a mexer. Gosto da sugestão. Já chega de parques empresariais deserto de empresas.
A maçada, num caso e noutro, é que não consigo travar as perguntas que me acodem. Custa-me perceber, por exemplo, que urgência ditou a construção frenética de parques sem o prévio envolvimento das associações empresariais. Do mesmo modo que me faz espécie que se tenha desatado a expropriar terrenos, a edificar infra-estruturas e a fazer inaugurações sem que ao menos uma alma caridosa se tivesse lembrado da necessidade simultânea e óbvia de se desenhar um programa de ajudas atractivo para as empresas. Pelo vistos, só meia dúzia de anos depois de concluídas as obras de construção, e nalguns casos já de manutenção, é que alguém percebeu que é preciso muito mais do que o simples toque de caixa da vontade de um voluntarista qualquer para que um empresário aceite alterar drasticamente as rotinas e a vida da sua empresa.
Mas o que me custa mesmo aceitar é que se tenha construído uma marina e um complexo balnear numa zona duplamente crítica sem a prudência de um estudo prévio. De dinâmica costeira nem se falou. E, conforme reconheceu um especialista da UMa, da instabilidade da falésia também não. Porém, gastou-se dinheiro. Uma verdadeira fortuna. Em obras e em obras de reparação das obras. Tudo isto porque um indivíduo qualquer se apanhou com o poder de gerir como lhe dá jeito o dinheiro dos contribuintes. E porque ninguém lhe ensinou que nada de durável se constrói no meio natural sem o estudo prévio das circunstâncias envolventes. Mas não há problemas. A gente depois paga.
Bernardino da Purificação
8 comentários:
Meu Caro Bernardino, com toda a bondade da excelencia da sua escrita, continuamos efectivamente a chover no molhado.
Então a "Marina Guiness" (Guiness, obviamente pelos desmesurados custos alavancados até à data...e ainda aqui vamos...!)não foi vendida ao Grupo Pestana ?
Mas afinal, em quem acreditamos ?
No Vice-Rei ?
No Presidente da Sociedade responsavel ?
No Presidente do GR ?
Estão todos mentindo, tentanto branquear o dinheiros dos pobres contribuintes desta miserável Região do Povo Superior, a qual, segundo o DN - Madeira, trata-se da Região mais pobre deste já pobre País...!
Quem se julga o o nosso Vice-Rei, dono da verdade e da reles e execravel mentira ?
Quem julga o dito Vice-Rei, quando engana da forma mais vil e desprezivel os Nobres e Sérios Madeirenses?
Qual a Justiça atendivel à presente situação, mais concretamente, qual a sentença dirigivel a um mandatado do Povo, que faz, desfaz, imagina e mente da forma deliberada que o faz ?
Pois é, a culpa é sempre do mexilhão, o qual analfabetamente tratado, analfabetamente vota nestas criaturas.
Até quando ?
...."os Nobres e Sérios madeirenses"....
O povo desta terreola, no seu conjunto, não é portador dessas virtudes. Se o fôsse, há muito que já não haveria o "Vice" e tão pouco o Principal...
Tenha paciência.
Um dia,quando me der a reina,vão andar à minha frente, a correr pela rua abaixo,tanto o Vice como o Principal.
Não perdem pela demora...
Este Vilhão Burro não tem nada !...Pena é que a sua vontade seja tão só virtual, como a de tantos outros...!
Perdoe-me, quis dizer "de Burro não tem nada"
Não posso concordar com o Anónimo que acha que o Vilhão "de burro nada tem".
Trata-se de uma figura controversa que,por um lado, reclama, mas,por outro, se confessa incapaz de romper com a fidelidade canina ao poder estabelecido.
Ao fim e ao cabo,representa, na perfeição, o exemplar típico do Povo Superior.
E,ao desempenhar esse papel,que melhor imagem de "burrice" poderia oferecer?!
Pois é, descansem que está tudo previsto.O Estado Português já perdoou dívidas. já acertou o que havia para acertar mas podem, porém, estar seguros que esta teia que nos governa, quando for embora, vai deixar grssoas dívidas para pagarmos.Ola! se vai.
O VIlhão Burro,...é um tretas e um anormal, que tem a mania que é bom !! ahahahah um pedante em súmula !!
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