sexta-feira, 12 de setembro de 2008

A insularidade e a inércia

O que se segue pode soar a coisa pueril. Admito que sim. Mas como entendo que a autonomia deve ser muito mais do que um mero instrumento de consumo interno ao serviço de meia dúzia de notáveis do regime, aceito fazer figura de simplório. As coisas a que a gente tem de sujeitar-se em nome do inconformismo!
Não percebo grande coisa do assunto, mas julgo ter informação suficiente para saber que a economia madeirense se encontra engasgada. Para manter níveis de ocupação interessantes, o sector hoteleiro deprecia preços e serviços. Porque não há industria não há exportação. Importamos praticamente tudo o que consumimos. Os preços estão pela hora da morte. Os salários encurtam a cada dia que passa. O consumo interno encolhe. Os orçamentos familiares, pobres deles, andam vergados ao peso de compromissos e mais compromissos, de juros e mais juros, de despesas e mais despesas. O quadro, enfim, é aquele que as estatísticas revelam, mas que os governantes se esforçam por iludir. Temos fama de ricos, mas não passamos de uns tesos. Ainda que a propaganda se dedique a criar alegremente a ilusão de que já temos um PIB muito próximo da média europeia.
Adoro conversas sobre PIBs e outras coisas macroeconómicas quejandas. Posso mesmo dizer que tenho uma admiração ilimitada pelos detentores desse sacrossanto saber que adivinha as crises, que percebe os ciclos, que lida com as variáveis como quem usa um talher, que se delicia com estatísticas, e que avia receitas com uma cientificidade só ao alcance dos sábios. A maçada é que a dita admiração não consegue sobrepor-se ao incómodo que me causam as queixas de praticamente toda a gente. Ou, dito de outro modo, o aborrecimento é perceber que entre a dimensão mais ou menos estratosférica das congeminações sobre a macroeconomia e a realidade pura e dura da micro economia vai muitas vezes a distância que separa a abstracção do terreno do concreto. Porque a primeira lida com teorias, fórmulas, grandes números e cérebros notáveis. E porque a segunda, que é a nossa, trata de pessoas concretas, de problemas reais, de empregos que diariamente se perdem, de trabalhadores e empresários sistematicamente à beira de um ataque de nervos, de carência, de dificuldades.
Por mais voltas que alguns pretendam dar, a realidade é esta. E não há parques, túneis, marinas, ou praças financeiras que sejam capazes de ocultá-la, independentemente dos méritos ou deméritos que se lhes conceda a título de crédito ou de débito. Não obstante, a gente olha à volta e nada: não só não há qualquer política económica que vá além do subsidiozito, como não se vislumbra a mais pequena vontade ou capacidade de lutar contra as dificuldades.
É claro que sei que o estado unitário que teimosamente somos não nos concede os instrumentos de que precisaríamos para a definição de políticas susceptíveis de mexer a sério na economia. Porém, sei também que a autonomia de que dispomos dá-nos margem bastante para irmos além da obra pública que já quase se esgota em si própria.
Um exemplo. Um pouco por todo o país é visível o esforço de internacionalização que fazem as empresas que já perceberam que a globalização é também uma oportunidade. Há gabinetes que abrem caminhos. Multiplicam-se as empresas de serviços vocacionadas para o desenho e montagem de projectos de investimento no exterior. Todos os dias se ouve falar de empresários interessados nas economias emergentes com as quais temos relações de proximidade e de afectos. Mas na Madeira anda tudo mais ou menos na mesma, porque a insularidade é um constrangimento que poucos ousam enfrentar, e porque quem governa está-se nas tintas para o papel que deve ter. E assim, apesar do sistema de auto-governo que temos, não se vê qualquer trabalho de prospecção e facilitação de mercados, de identificação de oportunidades, de procura de novos negócios. Como se a ilha aceitasse, sem sobressalto visível, o quadro de limitações decorrentes do seu circunstancialismo geográfico.
Há três ou quatro honrosas excepções a este panorama de inércia? Todos sabemos que há. O problema é a infeliz regra que as faz sobressair.
Bernardino da Purificação

10 comentários:

Anônimo disse...

genial, de novo.

A Associação Respública, que entretanto veio a chamar-se Primado do Direito, nem um ano durou.
Foi apresentada por João Carlos Gouveia, Carlos Pereira e Baltazar Aguiar, no dia 30 de Setembro do ano passado. Desentendimentos entre estes promotores levou a que, menos de um ano depois, João Carlos Gouveia tenha acabado com o projecto, que tinha como primeiro objectivo "estar ao serviço do Estado de Direito e do primado da Lei".

Anônimo disse...

Toda a gente sabe, embora ninguém queira dizer publicamente, em que moldes as AFAs, PESTANAs, SIRAMs, e afins, fincaram pé na Mauritânia e 'África Portuguesa'...

Metade das oportunidades proporcionadas pelas economias emergentes acontecem nesses moldes: muito dinheiro no bolso e pouca vergonha na cara, qualidades de apenas meia dúzia de grupos madeirenses.

Depois estes empresários do regime, indefectíveis do grande líder, regionalistas até morrer, saltaram do barco aos primeiros abanões, deixando para trás desemprego e algumas contas por saldar... os que ficaram, esses bandidos anti-autonomistas, andam a fazer 30 por uma linha, para saciar o Sr. Machado*, manter os empregos que geraram, e ainda esquecer a contas deixadas por esse virtuosos do regime...

Se sobreviverem, pode ser que aproveitem oportunidades em economias onde o mérito pesa mais que as luvas, mas no estado é que a ‘coisa’ está, essas empresas estão por poucos meses.


*O Sr. Machado, no desespero de recolher IVA para o grande líder, já anda a emitir multas e notificações de cobrança coerciva antes de terminar o prazo legal para o pagamento do respectivo imposto. Em algumas situações, o desespero é tão grande, que já congela contas antes de notificar os titulares sobre a cobrança coerciva... mas está tudo bem, diz o grande líder.

Anônimo disse...

É verdade que o dito Machado (o que segundo consta, além de dinheiro, ainda gosta de mulheres, absorveu a tecnologia do "banana" ?

Considerando que tal corresponde, não será de considerar esta "tecnologia", suficientemente catalizadora dos interesses do alto capital, desde que, obviamente. devidamente formalizada em códigos de procedimentos adequados à situação ?

já pensaram no sucesso financeiro deste encaixe, claro nos países em que estupidamente ainda respeitam o principio de que numa mulher, não se bate nem com uma flor ?

Anônimo disse...

Desenvolvimento ...? Então subscrever parte do capital de uma construtora nacional com nóvel delegação na Madeira,(muito embora através de uma entruda justificação) não é apostar forte no futuro do desenvolvimento desta Região ? E depois ainda têm a suficiente lata de chamar de "banana" ao homem ?

Anônimo disse...

Não me digam que a EDIFERRE é dominada por tão insuspeita personagem ?

E todos a pensar que o homem encontrava-se definitivamente virado para o "pugilismo caseiro"

Hà cada surpresa !

Anônimo disse...

Será a mesma empresa que fez boa parte das obras da VP, especialmente as do Norte, e fez o Jaime Ramos dizer que uns, os que ficam à espera o governo pague as contas, comem os ossos, e os outros, os que recebem dinheiro fresco da banca, com avale do governo regional, comem o filete?

Não me digam que é por isso que o Jaime Ramos não aguenta 2 minutos na mesma sala que o VP e disse que vai tirar todo o dinheiro da Madeira se o VP chegar a presidente?

Ahahaha, a laranja está a implodir....!!!

Anônimo disse...

Carga de invejosos, estes "anónimos" comentadores.
Então o nosso VP, não pode investir os seus "tostõesinhos" na EDIFERRE ?
À custa dessas inverosimeis invejas, o pobre do VP, teve que sacar da inteligencia(parca como sabeis) e conceder parte do referido investimento à sua pedra (o) de mão, que por sinal, não tem problemas de "entrudo".
Bem, o referido calhau (pedra(o) ?), também foi benefeciado na sua bela escola superior, mas sacrificio de amigo, é sempre sacrificio de amigo e dái, quem somos nós para aprová-lo ou criticá-lo ?

Anônimo disse...

Vão admitir a simplicidade, mas nunca fui, nem tampouco sou esperto, pelo que me assola uma grande dúvida. É mesmo verdade que o Sr. Dr. Banana Split, investe fortemente o remanescente do seu ordenadozinho, na tal de EDIFERRE ?
E os seus sócios, Figueiredo e Nespereira, também fazem parte do esquema ?
A ser assim , onde para o MP, a PJ, a PSP, ou agora não me venham dizer, que também têm parte do negócio ?
Socorro, é esta gente que fala sobre o futuro dos nossos filhos ?
Ai que saudades que eu tenho do Nosso Querido SALAZAR...!
Ao menos ainda nos resta o pintor.

Anônimo disse...

Mas afinal, estúpido sou eu, dado desconhecer por completo o que acima dizem.

O tal de "banana split" é governante, ou simplesmente governa-se ?

Não me digam que o invocado Figueiredo, trata-se de um individuo que depois de gerir as manteigas e os sumos da empresa de laticineos do "gamanço Regional", também ganha mais um ordenado na VP, como responsavel pelo transporte da 2ª dama ao hospital, para a mudança dos gessos e dos pensos ? E o tal de nespereira, refere-se a um reconhecido arquitecto, completamente destituido de massa cinzenta, a cujo gabinete o VP (que também consta ser sócio) concedeu alavará régio para todas obras da agricultura madeirense, mormente os parques empresariais, os quais têm albergado todo o gado regional sem abrigo ?
Haja Deus, para tanto desvario!
E o AJJ, já veio do casamento, ou ainda se encontra de ressaca ?

Anônimo disse...

pronto, parece que é a vez dos anónimos... não tarda vem aquelas histórias embaraçosas do figueiredo, figueireda & jovens do kool, assim como do nespereira, ediferro & mauritânea :)