terça-feira, 1 de julho de 2008

O significado de uma omissão

Se calhar é excesso meu. Se for, peço compreensão. Quem observa a política pode levar a perspicácia e a sedução analítica ao ponto do exagero. Mesmo que o não queira, como é, manifestamente o meu caso.
Ora acontece que me anda a fazer espécie que as várias notícias já publicadas sobre a visita de Jardim à Venezuela não façam qualquer menção à possibilidade, ou à ausência dela, de o chefe do nosso Governo ser recebido pelo presidente Chávez.
Uma vez que sobre o assunto nada se diz, é de presumir que o presidente da República Bolivariana da Venezuela não vai receber o líder madeirense. E como ninguém acredita que o dr. Jardim não se tenha esforçado por conseguir, ao menos, um aperto de mão para a posteridade e para as capas dos jornais, a omissão referida não pode deixar de ter algum significado.
Acredito que o dr. Jardim esteja ainda a desenvolver esforços diplomáticos, ou outros, no sentido de regressar de Caracas sem o embaraço de não ter conseguido qualquer encontro político ao mais alto nível. E até pode ser que um milagre qualquer ainda lhe permita a sorte de conseguir dar-se ares mais uma vez de grande estadista.
Não por ele, mas pelo que pudesse significar para a comunidade madeirense radicada na Venezuela, gostava sinceramente que se pudessem reunir as condições políticas e diplomáticas para que o dr. Jardim pudesse cair nos braços do presidente Chávez. Porém, insisto: o silêncio sobre o assunto, que só pode ser intencional, não augura nada de positivo para as bandas do líder madeirense. Pelo que o mais certo é que, na viagem de regresso, tenha que pensar um pouco para arranjar uma boa desculpa para o fracasso. Nada que seja particularmente grave, como é evidente. Até porque todos sabemos que imaginação e lata são coisas que o nosso líder tem em doses muitas vezes superiores ao quanto baste.
Com a prudência de quem não sabe o que a este respeito se tenha passado, atrevo-me a avançar algumas conjecturas. No fundo, para exprimir a convicção de que o clima de azedume que envolve as relações pessoais e políticas entre o Funchal e Lisboa pode estar na origem da mais que provável indisponibilidade de Chávez em receber Jardim. Acredito mesmo que só pode residir aí a explicação para um facto que, a confirmar-se, é de todo atípico e absolutamente contrastante com a agenda de outras deslocações efectuadas por Jardim a países de acolhimento de comunidades de madeirenses.
Repare-se. É conhecida a cordialidade pessoal e política existente entre José Sócrates e Hugo Chávez. Para além disso, ainda recentemente, o primeiro-ministro esteve em Caracas com uma apreciável comitiva política e uma vasta delegação empresarial. A comitiva de Sócrates não incluiu nenhum representante político madeirense, o que deixou absolutamente furibundas as hostes parlamentares laranjas. E, nesta sequência, Jardim está agora em Caracas arriscando-se a vir de lá de mãos a abanar no que diz respeito a encontros ao mais alto nível. Por falta de interesse do próprio Jardim? Não acredito. Por falta de disponibilidade de agenda de Chávez ou de outra qualquer figura de peso do estado venezuelano? Sinceramente, não me parece.
O que verdadeiramente creio é que se Jardim não tivesse azedado as suas relações com Sócrates, os madeirenses que vivem na Venezuela poderiam, muito provavelmente, estar agora a viver o conforto de saber que o presidente do país que os acolhe estava na disposição de distinguir o presidente da Região de onde um dia partiram. E quem não acredita em tal coisa fique à espera das explicações. Elas estarão aí não tarda nada.
Termino como comecei. Se calhar estou a levar longe de mais a procura de alguma originalidade analítica. Pedirei desculpa se os factos me desmentirem. Até lá manterei a opinião. Mesmo sabendo que o dr. Jardim tem junto dele um ponta-de-lança de peso (de seu nome Horácio Roque) que pode a todo o momento consertar o que o líder madeirense tanto faz por estragar. É que, acreditem, o comendador move-se com uma habilidade digna de nota em vários tabuleiros. Até no da diplomacia.
Bernardino da Purificação

6 comentários:

Anônimo disse...

Para já uma nota digna de relevo, o tal de "amsf" perdeu o pio...quiçá por encontrar-se em Santana, aplaudindo uns "apaniguados tarecos" que democratica e unilateralmente, decidiram de forma expressa e aberta, pagar a "dizima" ao "Robert João", desculpem-ma ao tal de João.
Quanto ao demais, obviamente que "as maduras já se comeram" como diria a matreira "raposa Jardim", desculpem-me, Alberto João, dado que Chavez, depois da sabática lição proferida no Parlamento Madeirense, jamais quer alguma coisa com o xenófobo e ariano, que despreza todos aqueles, que por designios de Deus, ainda pensam pela sua propria inteligencia.
Pobres dos nossos conterrâneos, que uma vez mais se vêm sózinhos e desamparados...tudo pela vaidade de um déspota que desprezou significativa ajuda solidária na matéria que ora se discute.
Por ironia, o seu Vice hoje pela manhã, apelou à unidade dos "Madeirenses", alegando para o efeito que aquilo que os dividia era sobejament mais fraco daquilo que a todos nos deve unir. Haja vergonha para tanta falta de vergonha...!

Anônimo disse...

O emplastro do "amsf" pediu asilo "psiquiatrico" ao tal do Mugabe, aquele que suplanta as "perfomances" do nosso "Bokassa"...regional...obviamente !

Unknown disse...

Se o "amsf" fosse um emplastro certamente que este anónimo seria o seu mais fiel seguidor!

O AJJ no dia anterior à partida assegurou que ainda não tinha hora marcada para o encontro com o Hugo Chavez até porque nunca se sabia quando é que este estaria no país! Arrematou que lá era assim pois o Chavez passava o tempo em viagem, só se esqueceu que ultimamente o mesmo se passa com ele!

Anônimo disse...

Distinta D. Lidio, fala assim porque seguramente não conhece o "emplastro"

Anônimo disse...

Afinal onde se encontra o cerne deste "blog" ? Aqui ou no conteúdo do seu opinativo artigo ?

Anônimo disse...

Só conversa da treta...! Afinal e as gajas...nuas evidentemente, onde se encontram ?
No "colega" GARAJAU é só fruta, aqui é o que se vê.
Bernanrdino amigo, não tenhas medos, publica a tua fruta, até porque a partir de agora fruta é sempre a avançar, depois da absolvição do "carago do Pinto da Cuosta...!