Li ontem no pravda (o ilhéu, não o local) um pequeno texto que pretende fazer uma espécie de apelo à memória com uma finalidade de certa forma justiceira.
O dito cujo relaciona os acontecimentos que culminaram com o trágico desaparecimento de um antigo presidente do conselho de administração da EEM com um esquisito processo em que, segundo diz, se terão cruzado o jornalismo e o ajuste de contas.
O pravda saberá certamente do que fala. Quanto mais não seja, para fazer jus ao nome que ostenta. Não obstante, não resisto à tentação de dizer que me parece um bocado simplista a tese que deu à estampa. Vai daí, lembrei-me de uma história que em tempos prometi divulgar. Não com o propósito de corrigir as putativas verdades do pravda. Mas apenas e só porque vem a talhe de foice.
Então é assim. Por um milagre do destino, de um bruxedo qualquer, ou por obra e graça de um qualquer capricho do acaso, o dr. Cunha e Silva foi investido em 2000 nas funções de vice-presidente do governo. Diz quem sabe que o processo que antecedeu a posse foi atribulado. Jardim ponderou a possibilidade de ter duas vice-presidências. Mas a ideia acabaria por ser imediatamente descartada para que nada pudesse ensombrar a unção do dr. Cunha. Este último propósito, aliás, levou o dr. Jardim a ceder aos desinteressados conselhos do seu futuro vice. E de tal maneira cedeu que chegou mesmo a convidar o actual presidente da EEM, Rui Rebelo, para o cargo de secretário regional de Finanças.
Pasmados com a novidade? Acredito que sim. O dr. Rui Rebelo nada tinha no currículo que especialmente o recomendasse para o lugar, a não ser, como já se percebeu, a posse desse magnífico atributo que consiste em ser amigo fiel do dr. João Cunha e Silva. O problema de ambos é que as canelas do indivíduo tremelicaram mal Jardim formalizou o convite. E assim, o dr. Cunha viu-se de repente a braços com a maçada de ter de procurar outro nome para as Finanças, ao mesmo tempo que o dr. Rebelo lá teve de voltar lugubremente para o seu lugarzito subordinado de director financeiro da EEM.
Como gente secretariável é o que mais abunda nesta terra, o convidado seguinte foi o dr. Garcês. Embora não pertencesse ao restrito mas selecto clube de amigos do dr. Cunha, o dr. Garcês tinha a seu favor o facto de valer politicamente zero, e de possuir uma personalidade, digamos, acomodatícia, se é que me faço entender sem necessidade de ofender o homem. De maneira que o dr. Garcês lá se alcandorou ao lugar de secretário de Finanças, no que passou a constituir a mais evidente prova provada (a seguir, é claro, da ascensão do dr. Cunha à vice-presidência do governo) de que tudo é possível nesta vida e, em particular, nesta terra.
Só que um processo assim acaba sempre por deixar problemas mal resolvidos. Um exemplo: tendo o dr. Rebelo estado à escassa distância de um sim de ser membro do governo da RAM, não se afigurava razoável que pudesse permanecer na subalternidade de uma direcção financeira. Ainda por cima, de uma empresa directamente tutelada pelo amicíssimo Cunha. O problema é que a sua nova condição de personalidade secretariável esbarrava num impedimento de monta: o lugar que ambicionava de presidente da EEM estava ocupado. Nada, é claro, que o dr. Cunha e o destino não pudessem resolver, como os factos posteriores vieram revelar. Até porque o então presidente da EEM não pertencia nem à clique do dr. Cunha nem ao selecto clube dos seus apaniguados.
É sabido que só há duas maneiras de desalojar alguém de um cargo. Seja na política, seja na vida empresarial. Uma é a bem. A outra é a mal. Ora, desgraçadamente para o malogrado ex-presidente da EEM, entretanto substituído pelo ex-secretariável dr. Rebelo, a elegância desta gente ordinária que vemos instalada nos vários níveis do poder social e político desta terra escolheu a segunda (a pior) das duas hipóteses. E o resto da história é de todos conhecida.
Estarei com isto a insinuar responsabilidades diversas das que o pravda se permite apontar? Podem crer que não. Até porque sei que entre nós, e no mais das vezes, a responsabilidade ou morre solteira ou faz-se noiva do acaso.
Bernardino da Purificação
7 comentários:
Ora, ou o emplastro está a dormir (e emplastros nunca verdadeiramente dormem) ou o amfs ainda está abananado com esta estória...
Para já, um grande abraço ao Bernardino pela transparente objectividade da sua corajosa critica. Efectivamente este meu novo amigo (permita-me o trato)tem nível, manifestamente diferente do burgesso Cunha, o tal que pensa que o nosso querido Luis de Camões, é como o Natal, nasce e vive nas épocas que nos dão mais geito, assim como do tal de Garcês, que todos pensam que fala em inglês. Um Grande Bem Haja a este meu novo amigo da Madeira Nova, a qual não abrange efectivamente os velhos e antigos analfabrutos,os quais "travestidos" de cultos e arautos das novas politicas sociais e economicas, mais não representam do que os reconhecidos vilões de m..da da velha Madeira.
Este ultimo anónimo, refere-se a quem, aos reconhecidos "boques" ?
Se acertei, os meus parabens pela finura da critica.
"Boque" o Cunha, mas então ele não é da ediferre ?
Desculpem meus caros anónimos, o Dr. Garcês poderá falar menos bem a lingua do tal de Shakespeare, pero abla bien venezolano, con sus tios, primas e IMOPROS. Haja respeito e conhecimento pela obra imobiliária pessoal que o mesmo se encontra desarrollando em S. Martinho, Porto Santo, e Santa Escuna da Mamadeira...pelo menos.
É interessante acompanhar estes monólogos travestidos de diálogos! Não fosse o facto dos comentários serem datados e ainda enganariam os mais ensonados. Porque nem toda a gente anda abananada ou a dormir terá que ser mais esperto caro auto-intitulado "amigo" do nosso anfitrião!
Monologos ou dialogos, que diferença, pelo menos variamos um pouco do monotono aborrecido e enfadonho das suas criticas.
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